Eu vou te pedir pra você parar um minuto e olhar pra você e eu também quero olhar pra mim. Mas, eu me comprometo a me olhar de verdade. Fundo. Me arrisco até a tentar me entender (tarefa difícil!). Porque na vida a gente passa tanto tempo apontando pra os outros. Falando dos defeitos e qualidades alheios e pondo em terceiros uma série de culpas. Tudo isso, porque se olhar às vezes pode ser tão chocante, que é melhor desviar atenção pra qualquer outra coisa, ao invés de encarar nós mesmos. Hoje eu quero me ver e quero que você se veja também. Não é pra ficar na frente do espelho pensando na forma, no físico. Tem gente foge o tempo todo da pessoa que é, se mascara, se engana. Agora você precisa ser você mesmo, não aquilo que acha que é, muito menos o que tenta ser. Tem que ser você de verdade. Quero que você se veja por dentro, tenha uma conversa franca, entenda o que tem feito por si mesmo, se culpe, se questione, se perdoe., essas coisas. Parece fácil? Então vamos tentar! Acho que é assim, olhando pra dentro, que a gente começa a entender o que se passa aqui fora.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
O buraco é mais em cima
Desde que começou a exaustiva repetição das cinematográficas imagens de dezenas de homens fortemente armados migrando de uma comunidade para a outra em carros, motos ou a pé, dando mais uma amostra do quanto é realmente organizado o crime nas favelas cariocas, não faltaram coletivas de comandantes cheios de estrelas e frases de efeito, além de comentários de antropólogos, sociólogos e outros acadêmicos em bancadas de telejornais. As Forças Armadas fizeram questão de exibir seus blindados, tanques de guerra, óculos para visão noturna e atiradores de elite que seriam usados na grande operação para exterminar os homens que, reza a lenda, não deixam a Cidade Maravilhosa em paz. Tudo bem faraônico, bem surreal, bem com cara de roteiro de cinema.
Porém, ainda que todo mundo tenha uma opinião sobre o que está acontecendo no RJ, ainda mais em tempos de Tropa de Elite 2, e muita gente esteja batendo palmas para as ações das não sei quantas polícias envolvidas nessa história, não é possível que as pessoas queiram ser inocentes a ponto de achar que isso tudo acabará bem, como em um filme Hollywood. Ou que existem mocinhos e bandidos numa situação que pode ser caracterizada por tudo, menos pelo maniqueísmo. Ou alguém aí acha que a polícia e os políticos não tem nada a ver tráfico?
Dizem que as ações foram comandadas da cadeia pelos grandes personagens do narcotráfico no Brasil, mas ninguém se pergunta qual estrutura assegura que eles consigam de dentro de presídios de segurança máxima, comandar essas ações. Nenhuma fonte oficial sabe explicar como aqueles homens conseguem ter armas que só mesmo o exército poderia ter. Ou como suas mulheres estavam morando em mansões e dirigindo carrões. Onde estava o serviço de inteligência da polícia enquanto todos esses homens construíam seus impérios? E não é muita coincidência que tudo isso esteja acontecendo logo após a reeleição do governador do Rio? Ao assistir as notícias alguém se pergunta o que significaria os 30 mil dólares encontrados ontem, na mochila de uma criança? Pois é, parece que, contrariando o ditado, o buraco é bem mais em cima.
Mas tudo bem, o presidente em fim de gestão, disse de lá da Guiana que apóia qualquer coisa. Que ótimo, né? Assim fica bem mais fácil. Enquanto isso o tal comandante geral da PM carioca disse essa manhã, em mais um de seus momentos de glória no estilo Capitão Nascimento, que vai levar a liberdade (?) ao Complexo do Alemão e que a operação até agora está sendo um sucesso. Porém, qualquer pessoa sensata, mesmo sem ter sido treinada ou sem ter estudado para desvendar ou desenvolver estratégias relacionadas à associações criminosas, sabe que essa história de fazer busca minuciosa em um lugar que abrange oito favelas e tem cerca de 420 mil moradores, não vai dar certo. E que, no fim das contas, a polícia está só sendo autorizada a fazer o que já faz todos os dias: invadir as casas das pessoas e matar indiscriminadamente num país onde, ainda que existisse pena de morte, as pessoas precisariam ser julgadas antes de executadas.
A verdade é que lá no fundo o problema não é a fuga, o tráfico ou as armas. O caldeirão que é hoje o Rio e outras cidades do Brasil é fruto de um problema que não se resolve com metralhadora, carro blindado ou pronunciamento em coletiva de imprensa e que, também não começa na favela, nem no comércio da cocaína ou da maconha. Mas, como sabemos, contado assim fica muito menos trabalhoso.
Porém, ainda que todo mundo tenha uma opinião sobre o que está acontecendo no RJ, ainda mais em tempos de Tropa de Elite 2, e muita gente esteja batendo palmas para as ações das não sei quantas polícias envolvidas nessa história, não é possível que as pessoas queiram ser inocentes a ponto de achar que isso tudo acabará bem, como em um filme Hollywood. Ou que existem mocinhos e bandidos numa situação que pode ser caracterizada por tudo, menos pelo maniqueísmo. Ou alguém aí acha que a polícia e os políticos não tem nada a ver tráfico?
Dizem que as ações foram comandadas da cadeia pelos grandes personagens do narcotráfico no Brasil, mas ninguém se pergunta qual estrutura assegura que eles consigam de dentro de presídios de segurança máxima, comandar essas ações. Nenhuma fonte oficial sabe explicar como aqueles homens conseguem ter armas que só mesmo o exército poderia ter. Ou como suas mulheres estavam morando em mansões e dirigindo carrões. Onde estava o serviço de inteligência da polícia enquanto todos esses homens construíam seus impérios? E não é muita coincidência que tudo isso esteja acontecendo logo após a reeleição do governador do Rio? Ao assistir as notícias alguém se pergunta o que significaria os 30 mil dólares encontrados ontem, na mochila de uma criança? Pois é, parece que, contrariando o ditado, o buraco é bem mais em cima.
Mas tudo bem, o presidente em fim de gestão, disse de lá da Guiana que apóia qualquer coisa. Que ótimo, né? Assim fica bem mais fácil. Enquanto isso o tal comandante geral da PM carioca disse essa manhã, em mais um de seus momentos de glória no estilo Capitão Nascimento, que vai levar a liberdade (?) ao Complexo do Alemão e que a operação até agora está sendo um sucesso. Porém, qualquer pessoa sensata, mesmo sem ter sido treinada ou sem ter estudado para desvendar ou desenvolver estratégias relacionadas à associações criminosas, sabe que essa história de fazer busca minuciosa em um lugar que abrange oito favelas e tem cerca de 420 mil moradores, não vai dar certo. E que, no fim das contas, a polícia está só sendo autorizada a fazer o que já faz todos os dias: invadir as casas das pessoas e matar indiscriminadamente num país onde, ainda que existisse pena de morte, as pessoas precisariam ser julgadas antes de executadas.
A verdade é que lá no fundo o problema não é a fuga, o tráfico ou as armas. O caldeirão que é hoje o Rio e outras cidades do Brasil é fruto de um problema que não se resolve com metralhadora, carro blindado ou pronunciamento em coletiva de imprensa e que, também não começa na favela, nem no comércio da cocaína ou da maconha. Mas, como sabemos, contado assim fica muito menos trabalhoso.
domingo, 21 de novembro de 2010
Cheia de tempo
Você precisa ter tempo pra acordar e poder ler uns três sites de notícia e saber como está o tempo antes de sair sem esquecer que tem que dar tempo de chegar à academia e pegar aquela aula que você não fez na semana passada quando perdeu seu tempo recolhendo as contas de água, luz e telefone a fatura do cartão que precisavam ser pagas a tempo de você chegar ao trabalho e não receber uma bronca do chefe que precisa ter um tempo para conversar com você antes do almoço e aí pela correria que é seu tempo só vai dar pra comer um lanche enquanto perde um bom tempo ouvindo sua amiga contar que o namorado resolveu pedir um tempo e você promete que conversarão quando você tiver mais tempo porque naquele momento você vai correr pra dar tempo de chegar em casa e ainda ter tempo de terminar de ler aquele livro que você começou há muito tempo mas que precisa dividir o tempo dele com o daquela série que há pouco tempo você passou a acompanhar pois fala de um tempo muito parecido com o que você está vivendo há tempos isso até que sua mãe ligue e vocês fiquem conversando por um bom tempo no qual você não vai fazer nada além de falar que vive sem tempo porque tem o namorado, a depilação, o ginecologista, o relatório, o supermercado, o curso de inglês enquanto sua mãe que vem de um outro tempo apenas vai te dizer que tempo você tem o que você não tem é vida nesse meio tempo.
sábado, 20 de novembro de 2010
Boa noite, Cinderela!
Ao ler alguns sites de notícia essa semana, me senti no século XIX. Isto porque, tenho uma enorme dificuldade de entender a necessidade da manutenção dessa coisa de rei, rainha, príncipe, princesa, conde, duque, nos dias de hoje. Nada mais ultrapassado do que uma família se achar designada por Deus, a comandar seja lá o que for, em pleno ano de 2010. Tudo soa totalmente fora realidade. E, como disse o ator Ricardo Blat ontem no programa de Astrid, parece que tudo isso está acontecendo em Marte ou Júpiter.
Ela é filha de uma ex-aeromoça que graças a muito trabalho tornou-se dona – junto com o marido- de uma companhia aérea. Ele tem um pai que nunca precisou trabalhar de verdade porque nasceu no berço da nobreza britânica e, uma mãe que era considerada desajustada para ser integrante da família real e morreu em um estranho e mal explicado acidente de carro há alguns anos. Eles são Kate e William, dois jovens que preencheram os noticiários ao anunciarem seu noivado essa semana. Algumas manchetes apresentavam como título pra notícia: O Príncipe e a Plebeia. Pra virar a história da Cinderela, só faltou a madrasta, né? Dá pra acreditar?
A futura princesa, muito bem educada nos melhores colégios e frequentadora do alto círculo social britânico, cede sua discrição como garantia para entrar e não atrapalhar a calmaria da vida palaciana. Os tablóides não perderam tempo e foram resgatar colegas dos tempos de colégio de Kate para dar entrevistas jurando que a menina nunca foi vista bêbada, era capitã do time de hóquei e não aprontava nenhuma daquelas coisas que qualquer adolescente normal faz. Ou seja, ela está apta e agora podemos ter certeza que depois da meia-noite, Kate não vai virar abóbora.
Entretanto, como a noiva real não tinha fada madrinha e nem ratinhos para confeccionarem seu vestido ela usou, no anúncio oficial do seu noivado, um modelito de seda azul feito por uma estilista brasileira, o que já causou ciúme nos costureiros ingleses. Pra completar, ganhou de seu noivo um anelzinho básico de ouro branco com uma safira e rodeado de diamantes, que pertenceu a Lady Di (que também estava de azul quando ganhou o anel em seu noivado há quase 30 anos). Mas, caso Kate não esqueça algum sapatinho de cristal em um lugar qualquer que desagrade Sua Majestade Elizabeth II, ela não terá o mesmo fim trágico da última proprietária do anel.
Como, embora pareça, não estamos em um conto de fadas da Disney e em nenhuma parte do mundo, nem mesmo num país onde há súditos e reis, alguém quer perder uma oportunidade de ganhar dinheiro, o enlace já está aquecendo a economia da terra da rainha. Analistas dizem que apenas a venda de suvenires do tipo canequinhas com a cara do casal (sim, as pessoas querem tomar o chá olhando pra cara daquele menino insosso), pode gerar 20 milhões de dólares e o setor de turismo deve estar tão feliz e ansioso como a mãe da noiva, já que espera faturar 80 milhões com esse evento.
Nessa história toda, grupos anti-monarquia - a galera “do contra”- estão fazendo campanha pra que a família real pague a conta do casamento, até porque os nobres têm mania de fazer com que os cidadãos banquem através de impostos as festinhas privadas que rolam nos palácios do reino. Enquanto isso, não é difícil encontrar na internet previsões de metres e sábios orientais alertando que o casamento só será duradouro se a futura princesa tomar um “Boa noite Cinderela” e fechar os olhos, porque o herdeiro do trono não será nada fiel, como vive acontecendo por aí em famílias reais da realidade e não da realeza.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Uma porta
Quando não dá para simplesmente meter o pé na porta e convidar as pessoas à conhecerem sua história, você tem que ficar esperando que alguém abra essa porta pra você. Eu estou batendo, querendo esmurrar essa porta, pra dizer: tô aqui. Porque eu não quero nada pronto. Eu sempre quis apenas a oportunidade de poder aprontar as minhas coisas. Só quero uma porta aberta pra esse mundo.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O olho da rua: tão real que até parece ficção
Seja ao narrar o percurso de índias sexagenárias que navegam a qualquer hora do dia ou da noite por rios infestados de jacarés para trazer ao mundo uma, duas ou até três gerações ou ao transcrever o sofrimento de mães que começam a pagar os caixões de seus filhos cinco anos antes deles serem assassinatos pela certeza de que eles não resistirão à mira certeira do tráfico de drogas, a premiadíssima jornalista Eliane Brum expõe com sua admirável prosa, histórias que parecem realismo fantástico, mas que não passam da mais pura realidade vivida no Brasil.
Li em dois dias, mas com dois anos de atraso,O olho da rua (Editora Globo, 2008), uma verdadeira aula de jornalismo da repórter especial de Época, escritora e cineasta, Eliane Brum, de quem eu particularmente já gostava desde que fui apresentada a seu trabalho no meu terceiro semestre da graduação. Ainda que o livro de Eliane não seja direcionado só a jornalistas, até porque ele é fruto da reunião de dez grandes reportagens publicadas na Revista Época, eu o indico principalmente para todos que pretendem se tornar bons profissionais da área. Porque ao invés de apresentar técnicas ou nos falar em tom didático como muitas obras que eu li ao longo do curso, esse livro nos mostra através dos resultados, as qualidade necessárias para ser um jornalista do tipo que ouve e escreve muito bem.
O breve e rico prefácio escrito por ninguém menos do que Caco Barcelos, já nos mostra um pouco da qualidade do trabalho presente nas 420 páginas, nas quais Eliane mostra também, após as matérias, um pouco dos bastidores de cada reportagem e também aquilo que cada personagem, lugar ou entrevista causou em sua vida como um todo, para além dos limites da profissão de repórter.
A autora vai, linha a linha nos inebriando com o seu exímio dom de saber utilizar as palavras. É um texto tão vivo quanto à realidade por ele apresentada, contendo frases e citações hermeticamente bem arranjadas, precisas e absolutas, que conseguem transpor o leitor a um mundo familiar ou extremamente desconhecido. Eu, por exemplo, que tenho tido uma vida plenamente urbana me sinto dentro da floresta ao ler: “A parteira da Amazônia dá adeus enquanto nossa canoa some no rio. A arara observa de um galho, um bando de papagaios corta o céu aos gritos, uma menina banha-se na água do igarapé preparando-se para a escola.” É exato. São paisagens, cheiros, sabores e sensações muito plenos e bem apresentados.
Eliane descortina o país e narra a todos que gostam da palavra bem escrita, o que se passa desde os confins na Selva Amazônica até o Planalto Central. Ela traz ao leitor as coisas que teve o privilégio de ouvir em um asilo carioca, numa rodoviária roraimense, numa fila de desempregados ou numa enfermaria em São Paulo, com uma precisão invejável, para aqueles (que assim como eu) um dia se lançaram à seara de tentar escrever literatura da vida real, ou que apenas se interessam por leituras do gênero. Eu consegui sentir cada passagem descrita pela autora, angustiei-me, ri, em alguns momentos senti um indescritível nó na garganta e na maioria das entrevistas invejei a jornalista por ainda não ter tido as oportunidades ímpares de viver algumas experiências que ela teve ao longo das apurações.
As imagens capturadas pelos fotógrafos da Época durante as reportagens também merecem elogios à parte. Apresentadas no livro em preto e branco, as fotografias mostram através de planos ótimos (muitas vezes inusitados para o fotojornalismo) um pouco do que era visto naquelas peregrinações jornalísticas.
Na medida em que o livro ia chegando ao fim eu ia me sentindo meio órfã, meio abandonada, como costuma ser quando leio obras com as quais me identifico. Nesse momento eu já não consegui diminuir o ritmo da leitura, para que ela durasse mais tempo e sentia as palavras escorrendo das páginas para minha vida. Ao terminar, volto e releio a apresentação escrita pela autora (tenho essa mania), concordo com sua descrição sobre o que é seu livro. Por isso, escrevo aqui para recomendá-lo a todos que se sentem carentes de um bom texto pra ler – sinto-me assim entre um livro e outro- desses que nos mexem por dentro e nos direcionam a uma lenta digestão de todas as sensações que nos proporcionaram. Leiam!
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Quem está perto de deus?
O que será estar perto de deus? É ficar longe dos seus iguais e de todos os seus defeitos e podridões? É depois de roubar, estuprar e matar se achar mais puro porque se converteu a essa ou aquela denominação e recomeçou sua vida? É na clausura de um convento, mosteiro, retiro ou vigília, orar pelos pecadores que não chamam deus pelo mesmo nome que você? É não perdoar quem aborta, mas abafar um sem número de casos de pedofilia? É pregar o desapego aos bens materiais e enriquecer as custas das mensalidades pagas pelas pessoas que acreditam estar diante de um mensageiro das palavras sagradas? Será que aquele que em silêncio, agradece pela vida, respeita as outras pessoas e os princípios e forças da natureza e apenas acredita que existe algo maior, não está mais perto de deus que qualquer outro? Por quanto tempo as pessoas deslocarão parte de seus salários acreditando que o dinheiro, coisa criada pelos homens, é capaz de comprar um lote em algum condomínio divino? Por que é preciso condenar todas as outras formas de culto para a volta de alguém que vá salvar a humanidade das desgraças que ela mesma provocou? E até quando as pessoas tomarão como indiscutíveis as palavras de livros escritos por outras pessoas de carne e osso como nós? Explodir mesquitas, sinagogas, templos, terreiros, não é agir como aqueles que queimavam pessoas em praça pública lá na Idade Média? Religião tem mesmo a ver com entregar panfletos no meio da rua e falar pra quem não quer te ouvir em ônibus lotados? Deus precisa ver pegar fogo uma montanha de papéis cheios de pedidos, para atendê-los? Qual deus vai dar ouvidos a quem acende velas e faz não sei quantas coisas para destruir a vida de outra pessoa? Deus deseja mesmo que alguém seja arrastado pelos cabelos em um templo lotado para que os mais habilitados tirem o demônio apossado do corpo da pessoa? Que deus precisa que as pessoas matem-se umas a s outras usando como pretexto uma luta em nome dele? Então quem é mesmo que está mais perto de deus?
Os eternos personagens
Não gosto de gente que acha que entende tudo de filosofia porque leu uma obra de Nietzsche.
Ou que pensa que é mais culto por ter assistido meia dúzia de filmes de arte.
Detesto gente que acaba de te conhecer e acha que te conhece mais do que quem convive com você a vida inteira, porque artista tem mais sensibilidade.
Odeio quem diz que vai aprender até russo, mas não vai aprender inglês por posicionamento político.
Não tenho saco pra quem diz que não compra carne em casa, mas que quando chega na casa dos outros come a carne que tem e que não tem.
Me irrita esse povo que diz que vive de arte, mas que tem alguém pra pagar suas contas no fim do mês.
Acho graça de quem fuma um cigarro atrás do outro e vem falar mal de quem toma remédio pra emagrecer.
E mete o pau nessa ou naquela política, mas sobrevive desse e daquele edital.
Não suporto quem diz que alcança a plenitude porque pinta um quadro, mas morreria de fome senão tivesse um bom marchant.
Fico puta com essa gente que acha que você tem uma vida medíocre porque trabalha de segunda a sexta, das 8 às 18, como se a única forma de viver que valesse a pena fosse sem horários.
E que vive um eterno personagem, encarnado até mesmo em um almoço de família
E que vive um eterno personagem, encarnado até mesmo em um almoço de família
Acho hipócrita quem fala de coletividade, mas que não consegue fazer nada com quem vive fora do seu mundinho.
E quem ouve mantra e medita o tempo todo, mas não troca uma palavra com ninguém da família.
Tenho vontade de rir de quem dorme paty e acorda hippie e cheia de novos conceitos.
Não tenho saco pra quem acha que vive perto de Deus porque vive de arte.
E odeio quem esquece que quando desce do palco deixa de ser o centro das atenções.
Mas, eu tenho ojeriza mesmo, de quem puxa saco de gente assim.
sábado, 13 de novembro de 2010
Só se vê na Baêa!
Não acompanho futebol, pra que tenham noção, nem mesmo na Copa do Mundo eu me visto de verde e amarelo e perco 90 minutos na frente da televisão, prefiro dormir durante as partidas. Não faço a mínima ideia do que é um escanteio ou um tiro de meta. Não tenho noção da diferença entre zagueiro e volante. Nunca pisei em um estádio em toda minha vida e sei mais da vida pessoal dos jogadores do que de sua trajetória no mundo da bola. Vale ressaltar que isso não tem a ver com aquela máxima de que futebol é coisa de homem, até porque, minha irmã caçula e minha mãe, assim como milhares de mulheres, sabem e acompanham tudo do esporte.
Ainda assim, resolvi escrever sobre a euforia que está tomando conta de Salvador hoje, devido a possibilidade do Esporte Clube Bahia, talvez voltar à série A do Campeonato Brasileiro, a depender do resultado de seu jogo contra a Portuguesa. É isso mesmo que vocês leram, não é final de campeonato, não é Copa do Mundo, não é nem primeira divisão, na equipe não há nenhuma ressureição de Garrincha ou algum aspirante a fenômeno. Mick Jagger ou Beyonce também não estarão no estádio. Mas o exército de tricolores está numa excitação sem fim.
Não pensem que digo isso porque não sou nem Povão e nem Bamor, ou porque tive que suportar meu vizinho ouvindo o hino do Esquadrão de Aço desde às 8 horas da manhã e nem pelas centenas de fogos de artifício que ouço daqui de casa. As manchetes dos jornais, as camisas, os bares, tudo transpira a expectativa da volta do Bahia a elite do futebol. As linhas de ônibus foram reforçadas e soube que os ingressos que custavam 20 reais, acabaram em sete horas e estão sendo vendidos pelos cambistas por nada menos que 150. Será que esse povo é louco? Não, louca devo ser eu que não sinto esse amor incondicional por um escudo.
Só acho que se os torcedores do Bahia tivessem nascido no Oriente Médio, certamente virariam homens-bomba pra morrer por suas nações, porque vivem o mesmo nível de fanatismo. Prova disso foi a recepção do time na última semana, a qual causou um transtorno gigantesco no aeroporto de Salvador e ainda foi marcada pelo roubo da mochila de um dos jogadores. Alguém teve a ideia de transformar essa odisseia em documentário? Porque as cenas são cinematográficas e eu soube que estão fazendo campanha na internet pra que devolvam o notebook que estava dentro da sacola.
Além disso, apesar de não ser fevereiro, foi divulgado que cinco trios desfilarão pela Orla da cidade (tenho pena de quem terá que passar por lá), caso o Baêa - como é carinhosamente chamado por seus seguidores - consiga a proeza de pelo menos empatar com o time paulista. A cantora Claudia Leite parou de falar um pouco sobre o Grammy Latino e disse que se pudesse iria chegar de helicóptero no meio do estádio para prestigiar o “seu” Bahia. Ricardo Chaves, já confirmou que puxará um dos trios.
Enquanto isso, a PM implora pra que os neuróticos apaixonados não invadam o estádio, como em novembro de 2007, quando o time passou da 3ª pra 2ª divisão após um empate de 0 x 0 com o Vila Nova. Nesse dia, enquanto a massa desvairada adentrava a Fonte Nova, arrancava bancos, placas e estava tão descontrolada a ponto dos jogadores terem que fugir correndo pra os vestiários, onze torcedores despencaram de uma altura de cerca de 15 metros e sete dessas pessoas morreram, marcando para sempre a história do estádio, que foi recentemente implodido.
Eu, aqui em casa fazendo tudo menos acompanhar essa maluquice toda, tento ficar fora dessa onda de orgulho e alucinação tricolor. Penso até na derrota do Bahia, só de sacanagem e só pra ser “do contra” mesmo.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Elegantemente reais
Conferi hoje no GNT.Doc o filme Obama e Michelle: amor no poder e simplesmente digo: assistam!
O documentário que conta um pouco da história do primeiro casal negro a residir na Casa Branca, traça um panorama autêntico e apaixonante da vida em comum dos dois e da construção de toda essa popularidade- os Obama conseguem despertar mais interesse que os Kennedy. Não tem como não se emocionar com as declarações do presidente à primeira-dama, assim como é interessantíssimo perceber o quanto é forte e marcante a personalidade de Michelle, que além de ter tido uma brilhante trajetória em Harvard e se tornado uma das primeiras funcionárias negras da maior firma de advocacia de sua cidade e 6ª maior do país, fez com que sua história contribuísse para a eleição do primeiro presidente negro dos EUA.
O filme mostra como os Obama se transformaram na família negra mais poderosa do mundo e como construíram essa fantástica empatia, a ponto de serem considerados uma espécie de “casal-modelo”. Michelle e Obama possuem extrema cumplicidade, ao mesmo tempo em que não abrem mão de discutir suas opiniões quando são divergentes (e isso não deve acontecer poucas vezes), a prova de que apesar de tudo eles vivem uma vida real. Pois é, Michelle e Obama são jovens, elegantes, inteligentes, comprometidos, vitoriosos, mas também possuem defeitos e sabem conviver com isso, eles vivem um amor palpável, uma relação de verdade, com o mínimo de manipulação, apesar de todas as coisas inerentes a preservação da imagem de um casal presidencial.
O documentário conta com as contribuições de familiares, amigos, jornalistas, biógrafos, políticos e uma ótima seleção de imagens e vídeos da trajetória dos dois. Adorei o filme, assim como adoro a história deles. Indico muito. Vejam!
Sou eu, porque a gente é o que vive e gosta
Sou mulher de Virgem , sou ascentende em Áries, sou agosto e por isso nem sempre sou festa.
Sou filha e irmã e já pensei em ser mãe. Às vezes consigo até ser namorada. Mas, gosto mesmo é de ser amiga.
Não sou gato, nem cachorro. Sou amarelo, sou branco e sou vermelho. Na escola eu era redação e nunca matemática.
No futuro serei Azzaro, Ralph Lauren e Calvin Klein, por enquanto sou Natura e Boticário.
Sou pouca maquiagem, sou vestidos, shorts e saltos ou rasteiras.
Deveria ser academia pelo menos três vezes na semana e podia tentar ser dieta de segunda a sexta.
Sou mais jornalismo do que tudo, sou fala, sou escrita.
Já fui novela, hoje sou séries e realities norte-americanos. Sou muito GNT e por isso acabo sendo Marília Gabriela, Oprah.
Sou mais teatro do que cinema e costumo ser show, barzinho, casa das amigas. Mas tem épocas que sou mesmo ficar quieta em casa.
Sou compras, compras, compras e por isso sou grana curta e dívidas longas.
Sou música, muita música, Elis Regina, Chico Buarque, Cazuza, Legião, mas sou também Alicia Keys, Beyoncé, Amy Winehouse e até Lady Gaga, sem deixar de ser Timbalada ou Revelação.
Adoro ser García Marquez, Isabel Allende, Saramago, Clarice Lispector, Fernando Pessoa. Da mesma forma que sou Almodovar.
Já fui revistas, e na internet sou gmail, MSN, Edifício no meio do mundo e não penso em virar facebook ou twitter.
Não sou fruta nem verdura, mas sou carne, frango e peixe. Sou feijoada, cozido, moquecas, churrasco, batatas fritas, um macarrão bem feito e na comida japonesa sou temaki e sushi.
Sou tortas da Viva Gula, brigadeiros feitos em casa, barras de chocolate, mas não sou balas ou chicletes.
Sou muito mais refrigerante do que suco e muito mais Coca do que Pepsi. Nunca fui cigarro e nem pretendo ser, já me basta ser chocolate e café forte.
Sou muito mais refrigerante do que suco e muito mais Coca do que Pepsi. Nunca fui cigarro e nem pretendo ser, já me basta ser chocolate e café forte.
Tem dias que sou cerveja e em outros, vinho ou vodka.
Sou Salvador, totalmente Bahia, mas um dia quero ser São Paulo, Havana, Nova York, Milão ou Paris, aí poderei ser Louis Vuitton e Armani.
Sou mais “muito obrigada” do que “me desculpe”.
De vez em quando sou silêncio, sou choro, sou porta trancada e poucos sorrisos. Mas gostaria mesmo de ser gargalhadas a qualquer hora.
E mesmo sendo muitas coisas ainda existem muitas outras que quero ser. Sou hoje, ontem, às vezes amanhã. Sou eu.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Leva
Hoje, fazendo uma faxina no meu computador, encontrei um texto que eu escrevi há um tempo atrás. Uma dessas coisas que a gente escreve quando precisa exorcizar algo. E, como eu gosto muito das coisas que escrevo nesses momentos, resolvi postar.
Leva
Vai e leva, por favor, esse gosto da sua boca que está todas as partes do meu corpo
Leva o seu calor que ainda está entre minhas pernas
Leva seu cheiro que ficou impregnado em meu cabelo, em minhas roupas
Leva todas essas palavras que você sussurrou em meu ouvido
Leva essa música que você insistia em cantar baixinho
Leva essa mania de fazer planos para o futuro
Leva essa ansiedade de esperar o seu telefonema
Leva minhas noites de insônia sentindo sua falta na cama
Leva essas lágrimas carregadas de raiva
Leva essa vontade de gritar que me sufoca
Leva essa incerteza de que você vem
Leva as mentiras que quase partiram meu coração
Leva as verdades que já me confundiram demais
Leva esse vazio que começou a preencher o lugar deixado pela sua ausência
Leva porque eu não preciso mais de nada disso e, ainda assim, penso em viver em paz
Daza Ifá Ashanti Moreira
Junho de 2007
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Não pensar em nada é mais difícil do que pensar em qualquer coisa
Em quantas coisas você já pensou hoje? Desista. Você não vai mesmo conseguir contar. Porque a gente passa o tempo inteiro pensando em zilhões de coisas, até mesmo quando pensa que não está pensando em nada. É incrível. Todos recomendam que nossa mente entre em harmonia com nosso corpo. Mas o cérebro tem o costume de não deixar o corpo em paz, a ponto de querer tomar seu lugar e passar a sentir as coisas por ele, em vez de ficar lá quietinho na sua função de raciocinar.
Nesse turbilhão descobri que estou sofrendo cada dia mais do mal denominado ansiedade. Essa coisa monstruosa que corrói a gente de dentro pra fora, empata nossas atividades mais triviais, dificulta nosso relacionamento com as outras pessoas, nos faz ter muita fome e pouco sono e, às vezes é tão assustadora quanto uma doença física, além de parecer só ter cura nos remédios de tarja preta que nos deixam meio lerdas o dia inteiro. Entretanto, eu tomei conhecimento que ansiedade pode ser amenizada se a gente tentar, por alguns minutinhos do dia, pensar um pouco menos. Mas, que tarefinha difícil, viu?
Soube que uma boa dica para não pensar em tanta coisa seria a gente tentar se concentrar e se imaginar como um gato a espreita pronto pra unhar o próximo pensamento que aparecer. Fixe nessa imagem e você conseguirá passar alguns segundos (talvez minutos) sem pensar em nenhuma outra coisa. É uma boa técnica para se desligar, mas não é o suficiente porque pra os outros pensamentos não chegarem você ainda precisa se manter só pensando no tal gato, qualquer escapulida e lá está um novo pensamento tomando conta do pedaço.
Lembro-me que no filme Comer, rezar, amar, que assisti há um mês com uma amiga, a protagonista Liz Gilbert viaja até a Índia em busca de paz espiritual (o “rezar” do título). Lá, longe da vida confortável que ela levava em Nova York, morando num mosteiro indiano onde ela tem que acordar antes do amanhecer, comer de mão e lavar diariamente o chão dos imensos salões do templo, a única atividade na qual Liz não obtém êxito é a meditação. Acreditem que ela, simplesmente não consegue se concentrar e desligar-se.
Pois é, esse ato de esvaziar a mente parece algo mais difícil do que a maioria dos trabalhos braçais e tudo por culpa da maldita ansiedade, que não serve pra nada além de encher nossa cabeça de pensamentos. Nesse mundo atolado de informação, no qual se torna quase impossível esperar por qualquer coisinha e tudo parece perda de tempo, o silêncio mental não é trabalho pra qualquer um. Haja habilidade e haja paciência, porque não pensar em nada é mais difícil do que pensar em qualquer coisa. Nas tentativas, vale focar atenção na respiração, sentir o ar entrando e saindo, mas ninguém garante que depois de cinco segundos você vai fazer com que sua cabeça viaje mais preocupada com o aluguel atrasado, os textos da faculdade, a festa do fim de semana ou o aquecimento global.
Isto porque, aprendemos a pensar em tudo, menos a pensar em não pensar em nada. Que inveja eu tenho daquelas pessoas sentadas na posição de lótus longe desse mundo exterior que a gente vive! Ai que vontade de dizer: cala boca cérebro! E notar que ele obedeceu.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Muito obrigada, MEC!
“Pense num absurdo, no Brasil tem precedente!”. É parafraseando e adaptando a citação de Otávio Mangadeira, que eu começo a falar do ‘fim da picada’, como diriam os mais velhos. Mais de 4 milhões de brasileiros se prepararam para fazer uma prova, passaram por todo stress inerente a uma seleção e depositaram no Exame Nacional do Ensino Médio, dentre outras coisas, a esperança de cursar uma universidade. Coitados!
O MEC fez o favor de gozar com a cara dos estudantes brasileiros e apresentou provas mal elaboradas e, inclusive, com os cabeçalhos dos gabaritos invertidos. Parece até brincadeira, soa como pegadinha, mas é verdade. Pra vocês terem noção, minha irmã, que foi uma das pessoas que tiveram a infelicidade de fazer essa avaliação no último fim de semana, falou que os fiscais mal conseguiam orientar os candidatos sobre como resolver o problema dos gabaritos. A dúvida sobre onde e como marcar a folha de respostas ficou pairando no ar e cada fiscal informou o que bem quis, com ordens sabe-se lá de quem.
Como se não bastasse o que ocorreu no ano passado, quando as provas vazaram enquanto eram reproduzidas em uma gráfica em São Paulo– mostrando o quanto o MEC é minucioso quando escolhe as empresas que irão prestar serviços desse nível de importância- fazendo com que o exame tivesse que ser adiado, gerando um custo de nada menos que R$ 30 milhões aos cofres públicos (nosso bolso), esse ano resolveram esculhambar de vez. Os problemas do Enem 2010 farão com que, no mínimo, o exame tenha que ser cancelado e reaplicado, o que já foi decidido por uma juíza federal.
Enquanto isso, nosso ministro da educação, disse numa entrevista coletiva que vai convencer a justiça – ninguém sabe muito bem como ele fará isso - de que não é necessário anular o exame, porque as reclamações são muito pequenas em números absolutos e ele entrará em contato com a empresa que é responsável por nem sei quê. Eu achava que o responsável era o MEC, mas... Peraê, eu ouvi bem? Ele não pediu nem um: “me desculpe, por ter te tirado de casa dois dias e ter te colocado pra fazer uma prova mal feita e atrapalhada”. Me poupe, hein Ministro?!
Pois é, parece que perderam tanto tempo preocupados em proibir os candidatos de usarem lápis, relógios, isso ou aquilo que se esqueceram de elaborar uma avaliação minimamente digna. Depois de 180 questões, 10 horas de provas, dois dias de engarrafamentos, tensão e concentração, o Enem só serviu para mostrar, mais uma vez, o quanto se preocupam com a educação em nosso país.
domingo, 7 de novembro de 2010
De volta aos 15
Não era bem mais fácil lá nos 15? Ter aquele namoradinho que você só podia dar uns beijinhos ali na porta de casa na sexta, sábado e no domingo das 20h às 22h? E vocês se despediam apaixonados sob os olhares atentos de sua mãe como se não fossem se ver tão cedo. Você ficava pensando nele durante aquela aula chata de matemática e rezava pra que ele conseguisse acordar um pouco mais cedo pra vocês pegarem o mesmo ônibus para ir à escola e aqueles míseros 20 minutos juntos no caminho eram tão deliciosos e infinitos. O beijo era a coisa mais excitante do mundo porque não existia sexo antes, nem depois dele. Seu único dilema sexual era perder ou não a virgindade. E enquanto isso não acontecia você não tinha que se preocupar com a hora de tomar o remédio e ele não precisava se preocupar em ter dinheiro pra pagar um motel. E vocês só rezavam mesmo pra que sua mãe liberasse você pra ir ver um filme na casa dele, com a porta do quarto aberta e a avó dele passando para lá e para cá. Era tão lindo escrever aquelas cartinhas como se na sua vida não fosse existir mais nenhum homem. E nada te alegrava mais do que saber que ele tinha juntado um dinheirinho pra te dar um CD de presente no dia dos namorados. E só o que fazia seu coração se desesperar era alguma prima que ia passar o fim de semana na casa dele ou alguma colega mais atiradinha do colégio. Você não esperava torpedos porque não tinha celular e não esperava e-mails porque não tinha computador. Então você sofria 10 vezes menos. Como era tranquilo viver assim. Esperando sua mãe dormir para que vocês pudessem conversar bastante no telefone. Era ótimo não ter que se preocupar se ele tinha carro ou não, além de ter uma sogrinha que lhe mandava sobremesas nos finais de semana, porque você era só uma menina e era como se fosse filha dela. E você, tola que era, só queria mesmo era fazer 18 anos. Ah se você soubesse! Os anos passam e acabam com tudo. Te apresentam a caras sacanas que querem te comer e você vai rezar pra eles não te ligarem no dia seguinte, te coloca frente a frente com sogras antipáticas que tratam os filhos delas como crianças e que te acham mesmo uma puta. Fazem você ter que se preocupar com os quilos que engordou depois do anticoncepcional e com o carro dele que foi pra oficina em pleno fim de semana. Aí alguém inventa o orkut pra você viver vidrada nas fotos, nos amigos, nos recados. Coloca a merda do celular dele na sua frente pra você ficar fuçando e obviamente vendo algo que não lhe agrada. Inventam a porra do engarrafamento pra você ter tempo de ficar discutindo relação dentro do carro e chegar p da vida no trabalho. Depois você é quase obrigada a ir a eventos onde você não conhece ninguém e tem que ser super simpática. Um saco. Nesse momento, tudo que você quer é voltar a ter 15, mas não dá.
sábado, 6 de novembro de 2010
Por que a polícia é assim?
Li no site do Correio, que oito policiais armados com pistolas e metralhadoras invadiram um assentamento em Ilhéus, prenderem e torturaram uma ialorixá que, simplesmente mostrou aos policiais que conhecia seus direitos e solicitou a eles a apresentação de uma ordem judicial para entrar naquela área que pertence ao Incra, órgão federal. O pedido de Bernadete dos Santos foi o suficiente pra que ela fosse algemada, arrastada pelos cabelos por cerca de 500 metros e jogada num formigueiro, na frente de outros moradores do assentamento, inclusive de sua neta de 4 anos que suplicava para que os policiais não levassem sua avó. Como se não bastasse, ao ser conduzida à delegacia, Bernadete foi colocada numa cela masculina.
Esta ação da polícia mostra um misto de violência policial e religiosa, uma vez que os PMs gritavam que as formigas eram para ‘afastar o satanás’ e, ao jogarem Bernadete na cela repleta de homens, eles riam, ironizavam e ainda relataram no boletim de ocorrência que ela sofria de insanidade mental. Tudo isso porque a ialorixá estava incorporada pelo orixá Oxóssi. Segundo a matéria do Correio, já foi aberta uma sindicância e, apesar dos PMs continuarem trabalhando normalmente, eles estão sendo investigados. Organizações ligadas ao Movimento Negro e do Movimento Sem Terra estão mobilizadas para que o ocorrido seja esclarecido e devidamente solucionado.
Senti-me indignada ao ler essa notícia. E continuo querendo entender por que mesmo que a polícia é assim. No fim, lembrei-me que Oxóssi, um verdadeiro rei, o habilidoso caçador de uma flecha só que nunca erra seu alvo, o homem que protege nossas matas e florestas, o senhor da fartura cujos filhos geralmente têm como atributos astúcia, inteligência e cautela, foi capaz de salvar sua filha da morte e certamente fará com que a justiça prevaleça.
É que eu preciso aprender a ser só
Uma vez coloquei no meu msn “Eu preciso aprender a ser só” e algumas pessoas começaram a me questionar indignadas porque eu tinha escrito isso. Mas qual é o problema de ser só? Li outro dia em um blog um texto sobre a afirmação de que é impossível ser feliz sozinho e comecei a perguntar a algumas pessoas se elas concordavam. Foi quase unânime a concordância, exceto pela opinião de uma pessoa muito parecida comigo que também acha que é possível sim ser feliz sem essa necessidade eterna de busca por um relacionamento. Tom Jobim que me desculpe, viu?
Ok, não estou dizendo que eu acho ruim ter alguém para passear, conversar, fazer sexo, sentir ciúmes e etc, eu acho bom sim, porém me intriga essa necessidade de procura (ou espera) pelo outro, como se a vida não estivesse completa sem um relacionamento. Qual é o problema de não ter ninguém, minha gente? Conheço tantos relacionamentos que são dez mil vezes piores do que qualquer abstinência de companhia masculina ou feminina. Então porque não aprendemos a sermos felizes sozinhos, por nós mesmos, com nossos amigos, nossos livros, nossas famílias, nossos empregos e uma boa internet bandalarga? E por que insistem tanto em confundir solteirice com solidão? E solidão com depressão?
Ninguém soube me explicar isso, apenas me diziam que a vida era mais completa tendo alguém. Li outro dia na internet (não lembro bem onde) sobre uma pesquisa mostrando que as mulheres brasileiras apesar de mais escolarizadas e etc, ainda sonham noivar, casar na igreja e ter filhos. Fiquei tão chocada como quando Carrie casou com Big em Sex and the city. Século 21 e elas ainda esperam a metade da laranja! Sinto muito meninas, mas eu só quero comer os doces dos casamentos de vocês, comprar um apartamento lindo e um filhote de chow chow, ter um chefe pra falar mal às sextas-feiras numa mesa de bar, dinheiro pra jantar fora 3 vezes na semana, um closet atolado de roupas e sapatos, aprender francês e conhecer Cuba e Nova York. Que mal tem?
Sim. Eu preciso aprender a ser só mesmo. Posso namorar, conhecer caras legais, me apaixonar várias e várias vezes, mas não quero passar minha vida esperando por isso. É muito pouco, eu quero desejar mais do que ter um novo sobrenome e um anel na mão esquerda. Posso?
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Perfeitamente imperfeita
Sou um conjunto de imperfeições e por isso sou mais gente do que muita gente que conheço. Não sei tudo e nem faço questão de saber, preservo a oportunidade de manter-me calada em diversas situações, detesto aqueles que têm opinião pra tudo e venero o meu direito de não querer ter opinião sobre algumas coisas. Nunca tenho respostas prontas e quase sempre preciso pensar mais um pouco. Às vezes sou errada e mesmo sabendo continuo sendo errada, pois acredito que não tenho a menor necessidade de ser certa o tempo inteiro. Falo alto quando quero e fico em silêncio quando tudo tá chato ou machucando demais. Não suporto que me perguntem por que estou assim. Não sei fazer papel da boazinha e comumente acabo virando a vilã. Falo a verdade mesmo que isso vá doer em alguém, ou então prefiro ficar calada, porque quase sempre tenho muita preguiça de mentir. Só respeito quem eu acho que merece. Geralmente não tenho muita paciência e sou facilmente irritável. Só vou a algum lugar quando quero ir e sinto-me cansada quando tenho que ir só pra agradar alguém. Nunca aprendi a fazer média e me saio muito mal nisso. Por sorte, não tenho pessoas a minha volta pra me bajular e nem pra concordar comigo sempre. Até porque sou fã de uma boa discussão. Odeio a possibilidade de ter que aceitar qualquer coisa sem poder argumentar. Nem sempre acordo com disposição pra fazer favores, embora viva com algumas pessoas que mereçam. Odeio dar atenção a coisas ou pessoas que não me interessam. E gosto mesmo poder ir embora na hora que eu quiser. Mas, ainda assim, não se assustem, ou se assustem se quiserem!
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
A poderosa Carla Bruni
Ela está construindo uma casa aqui na Bahia, em Itacaré e é dona de uma voz suave e marcante. Eu por sorte, vagando esta tarde pela TV à procura de algo interessante para assistir encontrei o documentário Carla Bruni Sarkozy: privacidade e política, no canal GNT. E ainda que já tivessem passado uns 15 minutos do início do filme, resolvi assisti-lo.
Carla Bruni se apresenta bastante confortável diante das câmeras, seja nas cenas de viagens e compromissos presidenciais – vemos inclusive a visita dela ao Brasil - seja ao ensaiar com o músico Dave Stewart, seu amigo pessoal, ou até mesmo ao comentar sobre a imagem que o mundo faz de uma primeira dama que já pousou nua e há poucos meses foi chamada de prostituta pela imprensa estatal iraniana.
A mulher que antes de ter como residência o Palácio Eliseu em Paris, já havia sido modelo e possui ainda hoje uma carreira como cantora, compositora e atriz, está casada há pouco mais de 2 anos com o presidente francês, mas já esteve muitas vezes nas manchetes de grandes jornais e revistas.
A franco-italiana já virou uma figura notável de nosso tempo e esse documentário trata de mostrar isso em lentes de aumento, uma vez que Nicolas Sarkozy fica em segundo plano (ainda que o motivo do documentário seja ela ser a primeira-dama francesa, isso não é o ponto central). Algumas cenas e declarações até me levaram a fazer um paralelo entre ela e mulheres como a princesa Diana, Jacqueline Kennedy e Michelle Obama. Não por se envolverem em causas humanitárias, porque essas coisas fazem parte da vida de qualquer mulher de um chefe de estado. Mas, porque Carla consegue ser vista para além deste ‘cargo’ de esposa, assim como a princesa- detestada pela família real inglesa e ovacionada pelo resto do mundo -, Jacqueline – que se tornou ícone de estilo e elegância e não fez questão de perpetuar a imagem de eterna viúva presidencial- e Michelle - a mulher negra mais poderosa do mundo – . São mulheres que não ficam esquecidas na história como tantas outras primeiras-damas.
Bruni declara em uma das cenas finais que aquela é a última vez que ela fala sobre si mesma (já existem 2 documentários anteriores a esse). Aquilo me soou como se ela não fizesse questão de mostrar ou provar coisa alguma. E eu se já gostava da imagem dela antes de ver o filme, agora gosto mais ainda.
Wagner Moura recita Clarice Lispector
O novo post da seção Outras palavras dispensa maiores comentários. Um texto de ninguém menos que Clarice Lispector, na voz de Wagner Moura. Confiram!
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Um homem e uma mulher
Hoje decidi que quero você pra o resto da minha vida. Quero viagens, almoços, jantares, quero ligar do meio da madrugada, quero dormir chorando encolhida enquanto me diz que tudo vai passar, quero ligar dois dias depois quando tudo der certo como já previa. Quero que saiba que perdi 2 kg numa dieta maluca e até quero que veja quantos eu engordei perto de entregar a tese do mestrado, quero ouvir seus sermões porque eu me precipitei ao pedir demissão, quero que me enquadre porque eu acabei sendo grossa com alguém sem nem perceber, quero que minhas amigas lembrem sempre com carinho da sua presença e impliquem comigo por mil anos porque eu não fiquei com essa pessoa tão maravilhosa.
Tudo isso porque você respeitou os meus momentos, me ouviu quando eu precisava, não fez com que eu me sentisse idiota e não me fez chorar. E por mais que tenha tido briga, cobrança e ciúme eu só consigo guardar no meu coração você segurando na minha mão e me agradecendo por estar na sua vida.
É incrível, mágico e genial a gente ter se encontrado e quando você, assim como eu, descobrir que a atração física do tipo homem-e-mulher só existiu pra juntar duas pessoas que dificilmente se aproximam de alguém de coração aberto, mas que inevitavelmente tinham que se encontrar e tornarem-se grandes amigos, você também vai me querer pra o resto da vida.
E nós seremos exatamente aquilo que fomos desde o primeiro momento em que começamos a conversar, um homem e uma mulher. E não uma mulher para um homem e um homem para uma a mulher. E não é loucura, é uma das certezas mais sóbrias que eu tive até hoje em minha vida. Sim, porque a sutil diferença entre você e todos os outros homens com os quais eu me envolvi até hoje é que eu nunca tive vontade de ser amiga de nenhum deles.
E agora eu sei que todas as vezes que por um motivo ou outro nos afastamos um pouco, eu só fico com muito medo perder essa coisa fantástica que nos une. É uma coisa incrivelmente pura e verdadeira e é lindo e vai durar.
À Mayara Petruso,
Não tenho twitter, mas como suas infelizes declarações ultrapassaram os limites do microblog, tomei conhecimento delas. Seus tweets sugerindo que assassinar nordestinos seria fazer um favor para São Paulo, serviram para mostrar que além de não ter muita habilidade com a língua portuguesa, você possui em pleno século XXI, pensamentos e atitudes retrógrados, racistas e xenófobos, mas você certamente não deve saber muito bem o significado dessas palavras que vão além do seu pobre vocabulário usual perceptível no twitter. Além disso, mostraram que você não deve fazer uso de um órgão chamado cérebro que fica dentro da sua cabeça (que não é ‘chata’ como você disse que é a dos nordestinos), pois imaginou que suas mensagens preconceituosas não virariam alvo de ações judiciais. Pelo que eu vi na internet, a OAB de Pernambuco já deu a largada entrando com uma representação para que você responda pelos crimes de racismo e incitação pública a prática de ato delituoso (homicídio) e, já que é estudante do curso de Direito, você deve saber bem o que isso significa, caso também não passe o tempo das aulas promovendo o ódio racial. Sem falar que, quando você atribuiu a vitória de Dilma à região Nordeste, não estava informada o suficiente pra saber que a candidata petista também foi vitoriosa no Sudeste, onde está o maior colégio eleitoral do país.. Será que você só sabe utilizar a internet para postar seus comentários dispensáveis? Para se atualizar você pode simplesmente olhar à sua volta e entender que sem os nordestinos esse país não teria chegado onde está agora e sabe por quê? Porque além de sustentar cidades como a sua querida São Paulo, foi no governo de um nordestino que houve baixa da inflação, redução do desemprego, constantes recordes da balança comercial, incentivo às exportações, maior estímulo ao micro-crédito, recorde na produção da indústria automobilística e o maior crescimento real do salário mínimo. Entretanto, você nem deve acompanhar essas notícias, pois perde seu tempo postando mensagens preconceituosas na rede. Pois é twiteira, não adianta se desculpar e apagar suas contas no twitter, no orkut e no facebook, só lhe resta agora sofrer as consequências de ter perdido a oportunidade de ficar calada no último domingo e tentar aprender pelo menos a pensar um pouquinho mais.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Pra não dizer que não falei de Dilma
Sucessão presidencial é o tipo de assunto que inevitavelmente não pode passar batido. Fomos surpreendidos por uma eleição morna, na qual um tema como o analfabetismo (ou não) de um comediante cearense eleito com nada menos que 1,35 milhão de votos em São Paulo, nos faz visitar as editorias de política muito mais do que essa discussão sem sentido sobre a legalização do aborto, num país onde acontecem mais de um milhão de abortos por ano e onde a não-legalização faz com que morra uma mulher a cada dois dias vítima de procedimentos clandestinos. Em um ano em que um infeliz governador ao perceber que sua candidatura seria vetada, transformou sua mulher de primeira dama insossa em candidata e protagonista de um debate onde ela ficou mais perdida do que salmão em feijoada e suas colocações só serviram para engordar os números que marcam acessos no Youtube, não há muito o que se dizer nem esperar.
O segundo turno conseguiu ser ainda mais parado do que o primeiro e a ausência de boca de urna e sujeira nas ruas no último dia 31 me fez sentir que a vitória de Dilma já era certa, pelo menos em minha cidade. Ainda assim, votei agora em Dilma. Principalmente porque lembro que a cena da posse do presidente Lula em 1 de janeiro de 2003 como uma das coisas mais emocionantes que eu vi na TV Brasileira, parecia que o Brasil ia mudar e mudou e, além disso não da pra imaginar os tucanos (que mais parecem urubus) de volta ao poder. Ainda que agora seja bem difícil acreditar que Dilma empreenda alguma mudança significativa no país já que certos partidos estão tão viciados no poder que as coisas acabam funcionando como um jogo de cartas marcadas, pelo menos temos que nos orgulhar e comemorar pelo fato de que finalmente uma mulher tecnicamente muito bem preparada vai assumir a presidência do Brasil. Já estava na hora!
Não éramos nós
Ou eram as mais magras, ou a dos cabelos cacheados, ou as mais burrinhas, ou as mais gostosonas, ou as de pele mais clara e cabelo mais liso, ou as que os seios apareciam primeiro, ou as que os seios não cresciam demais. Teve um tempo que eram as que sabiam dançar, em outro as que não se conseguia chamar pra dançar de modo algum. Sempre foram as que andavam num grupinho repleto de outras iguais a elas. Chegou a ser a que passava na média, mas nunca se soube que fosse a mais inteligente. Podia ser a líder da turma, ou a que mais caprichava nos cartazes feitos de cartolina com borda de papel crepom. Nos filmes de Hollywood costumam ser as líderes de torcida. Em certa ocasião foi a que tinha mais dinheiro, não se tem notícia de que algum dia tenha sido a mais pobre. Teve época de serem as mais altas, por unanimidade nunca foram as mais baixinhas. E nessas tantas, não éramos nós.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Como destruir sua dieta em três dias
A balança mostrou que você está com cinco quilos a menos. Parabéns! Em dieta a menos de um mês você resolve extravasar no fim de semana. Já faz tanto tempo que você só faz se empanturrar de cenoura, frutas e iogurte desnatado com aveia. Você merece! Não vai fazer mal.
Então comece logo pelo melhor ou pior, vá a Viva Gula, chegando lá peça uma fatia de torta sertaneja e outra de trufas com morango, de preferência chame uma amiga que também está de dieta, assim você terá com quem dividir seu desespero e sua culpa. Vão surgir perguntas do tipo: por que eu comi isso? Isso é normal e você vai esquecer dessas perguntas quando o chocolate funcionar como uma espécie de anestésico mental.
De repente pode vir aquela lembrança da notícia do jornal que dizia que Salvador era a capital com o maior número de gordinhas do Nordeste. Você ficará triste, mas ainda é livre pelo menos pra comer um temaki com um pouco de cream cheese. E come! Por hoje chega. Ainda é sábado.
No domingo você inventa de ir visitar aquela tia que cozinha divinamente. Você só pode ser louca! Come feijão com farinha e toma coca cola normal. Se questiona sobre por que ninguém comprou uma coca zero naquela casa. Desista, a essa altura a coca não ia fazer muita diferença e lá vem a sobremesa. Não! Torta de chocolate, linda, te desafiando, come só um pedacinho. O pensamento: na segunda eu vou arranjar algum jeito de queimar isso tudo vai te confortar enquanto você degusta a sobremesa.
Se o calor estiver enorme e você pode tomar um copo de cerveja, mas só um. Porque a noite alguém pode inventar de dar uma saída e você vai tomar muito mais cervejas, você estava sem beber a quase um mês. Certo, você já se entregou. Você se deu essa folga. Foda-se o resto! Antes de ir pra casa você vai passar pra comer aquele cachorro quente delicioso.
No dia seguinte, você vai a casa de uma amiga ver um filme, programa light se você não tivesse comido toda aquela pipoca com toda aquela quantidade de leite condensado. Já era! Ao chegar em casa a única coisa que você pode fazer é prometer que amanhã que vai ser diferente!
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