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Ator Rodrigo Lombardi |
Está rolando uma polêmica desde o último domingo, que vem sendo fortemente difundida pelas redes sociais, a respeito do comentário feito pelo ator Rodrigo Lombardi na final do quadro Danças dos Famosos do Programa Domingão do Faustão.
Ao avaliar a apresentação do ator Miguel Roncato, o ganhador da competição, Lombardi teria comparado a performance dele a do cantor e dançarino americano Sammy Davis Jr, comentando que o músico era "um cara negro, caolho, com um metro e cinquenta, que quando entrava no palco saía com dois metros de altura, loiro e de olho azul". Isso, pelo visto, na cabeça do intérprete de Herculano Quintanilha e de algumas outras pessoas isso teria sido uma espécie de “elogio”.
Mas porque o negro, caolho e baixinho, precisa se transformar em um cara de dois metros de altura e com ares de ascendência alemã para ser considerado bom? Sinceramente, não queiram vir me dizer que isso não é racismo. Não venham me falar que ele não carrega o ranço da escravidão, na qual um negro não pode ser bom, não pode ser destaque, não pode brilhar. Não venham querer me convencer que foi apenas um comentário impensado.
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Sammy Davis Jr |
Infelizmente, o povo do nosso país não teve a mesma lição que os americanos. Pois nos Estados Unidos foi preciso lutar contra o racismo de fato e de direito. E hoje, no solo americano, um comentário como esse geraria um belo processo e a obrigação de uma retratação pública por parte do ator. Aqui, o mito da democracia racial reproduz discursos como o de Lombardi no Domingão. E, ainda por cima, faz com que as pessoas não consigam enxergar o quanto é perverso e preconceituoso que para merecer aplausos alguém precise adquirir aspectos ligados a um padrão de beleza que não tem nada a ver com a realidade de nosso país.
O racismo é assim, ele se camufla numa fala qualquer de um ator global em pleno domingo de tarde. Você pode começar a cair na real ou continuar sentado vendo isso.