sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sim, você precisa passar por isso!


Semana passada perdi meu sono mais uma vez quando, durante uma zapeada pela TV, encontrei o filme Ensaio sobre cegueira bem no começo. Não poderia perder pela terceira vez a chance de assistir aquela que, para mim, é uma das melhores adaptações cinematográficas de uma obra literária.

Dentre as tantas reflexões que me faço desde que li o livro, a cegueira branca da obra de Saramago, que leva homens e mulheres a barbárie, já que nada pode ser mais insuportável aos seres humanos carregados de preconceitos do que se encontrarem todos iguais - e para piorar, iguais diante de um caos -  se fez necessária, para que aqueles que foram acometidos por ela, tivessem aprendizados que jamais seriam possíveis caso estivessem enxergando.

Foi bom ter revisto o filme, salvo o fato de só ter conseguido pegar no sono à s 5h da manhã (uma hora depois que ele acabou), porque Saramago, seja numa frase ou numa imagem na tela da TV sempre mexe com muitas e muitas coisas dentro de mim. Ensaio sobre cegueira e suas tantas mensagens me fez pensar um pouco mais sobre algo que tem servido como uma espécie de mantra nesse momento da minha vida: Sim, nós precisamos passar por determinadas coisas.

Sabe aqueles fases que você se pergunta: por que isso tem que acontecer comigo? A gente roga desesperado tentando entender qual o mecanismo, qual a dívida, qual a justificativa para que a vida simplesmente não esteja acontecendo da maneira que a gente supõe que deve acontecer. Passei muito tempo assim nos últimos dois anos. A gente se sente castigado, injustiçado, revoltado, infeliz, desesperado pelo simples fato de que não conseguimos encarar que em certos momentos as coisas precisam simplesmente acontecer ao modo delas, ou seja, difíceis, tortuosas, demoradas, quase que impossíveis. A vida de ninguém pode ser um roteiro com um checklist repleto de OK. 

A gente precisa passar por isso, a gente merece passar por isso. Muitas vezes é a única forma que temos de aprender, de valorizar, de mudar, de amadurecer. Se tudo funcionasse perfeitamente, se tudo desse certo, se a gente não perdesse um avião, um emprego, um amor, um amigo, um pai ou uma mãe, talvez a gente não estivesse pronto para ganhar lá na frente, talvez a gente jamais se movesse para não voltar a perder.

Calma, eu não virei a rainha do otimismo. Aliás, eu nem teria por que. Continuo pé no chão, regida por um signo de terra que não me permite perder a noção na realidade nunca. Mas descobri que certas coisas, nós só aprendemos na dor, não tem jeito. Tem que doer, a gente tem que chorar até esvaziar a alma e encher o peito de coragem para encarar seja lá o que vier depois. A solidão, o desemprego, a falta de dinheiro, os pesos a mais ou a menos, um não, as pessoas que somem e as que chegam ou permanecem, tudo tem um sentido lá na frente. Vale para aprender e depois a gente acaba agradecendo por ter vivido.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Voltando a mim


Espanador, vassoura e pano de chão a postos, estou de volta. Resolvi tirar a poeira das palavras e voltar a escrever nesse blog, ou pelo menos tentar. Estou aqui fazendo um pacto comigo mesma e com você, caro leitor lindo - se é que ainda tem alguém aí fora minha mãe - de que pelo menos um texto por semana vai rolar aqui nesse Edifício que anda completamente desabitado, devido a todas as mudanças pelas quais venho passando nesses últimos meses.

Com minha mudança para a cidade maravilhosa precisei começar uma nova fase, com gente nova, lugares novos, hábitos novos, precisei me adaptar a muitas coisas, precisei curtir o Rio com gosto, pensar mais sobre minha vida, meus rumos,minhas escolhas, arrumar um trabalho, blá, blá, blá. Tudo isso, acabou me afastando desse meu cantinho no meio desse mundo cada dia mais doido.

Não sei como consegui ficar calada diante de acontecimentos importantes como as votações a respeito do aborto, das cotas e  ou assuntos idiotas como da insuportavelmente comentada nudez (novidade) hakiada de Carolina Dieckman. É muito assunto que passou sedento por um comentário meu, mas a partir de hoje, nem um fato, caso ou sentimento passará abatido. Voltei pra essa casa para ficar. Sacudi os lençóis e voltei a mim. Esse edifício é mesmo o melhor lugar para eu me aconchegar e reencontrar aquela pessoinha sarcástica, ácida, mas também um pouco boba e feliz.

Vamo que vamo!