sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Exatamente assim

Você fez o maior jogo duro na primeira vez que saíram. Mas já riu feito besta porque ele fez alguma imitação engraçada ou contou alguma piada sobre a chefa dele.  Aí você começou a ter vontade que seus filhos tivessem aqueles mesmos olhos. Então você já ligou pra ele de madrugada e sentiu seu coração aquecido e feliz ao desligar. Depois o sentiu te acordando no meio da noite pra fazer o melhor sexo da sua vida. E achou que era a mulher mais bonita do mundo só porque ele falou que você estava linda ao te encontrar. E se sentiu a mais gostosa quando ele falou que todos os homens do bar, assim como todos os homens do trabalho, não tiravam os olhos de você. Então você também se sentiu a pessoa mais importante da vida dele quando ele ficou preocupado com uma simples dor de cabeça sua. E chegou a ouvir umas mil vezes aquela música que ele te mandou uma vez pra você nunca mais conseguir ouvi-la sem lembrar-se de vocês dois. Sem querer, viu um filme passando na sua cabeça, só porque alguém passou ao seu lado com o perfume dele.  E você foi absurdamente infantil quando deu as costas e o deixou falando sozinho só porque ele queria te explicar algo que você não estava muito a fim de entender. Até que chorou descontrolada pedindo pra não ficar sozinha e mesmo assim, depois de um tempo ele foi embora como se você não tivesse derramado nenhuma lágrima. Aí começou a perder tempo demais esperando que ele te ligasse, ou mandasse uma mensagem, ou mandasse um e-mail e nada disso aconteceu. Isso porque, você demorou um tempo pra entender que ele estava saindo da sua vida ou tirando você da vida dele. Aí você percebeu que mesmo com tanta gente a sua volta você estava mesmo se sentindo sozinha pelo simples fato de não estar com ele. E você sentiu seu coração palpitando porque um carro igual ao dele parou perto da sua casa, mas não era ele. Por isso, até pensou em se encher de remédios pra conseguir dormir um pouquinho e parar de pensar onde e com quem ele está. E você decidiu sair com aquele outro cara, mas isso não te fez muito bem. Até que você se pegou distraída lembrando que ele disse, lá no começo, que ia ser diferente, mas não foi. Você só esqueceu que já sabia, que tudo isso ia acontecer exatamente assim.

Chico Buarque define solidão

People,

Confiram o novo post na seção: Outras palavras. Clique aqui!
Coloquei um textinho do maravilhoso Chico Buarque sobre solidão.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma geração que não sabe muito bem aonde vai

Converso com algumas pessoas da minha faixa etária e não entendo muito bem o que pode caracterizar essa minha geração. O mundo mudou, temos acesso a mil coisas que seriam inimagináveis há 10 anos. Porém, estamos todos tão inquietos e descrentes. Às vésperas das eleições pra escolha do próximo Presidente do país, alguns amigos  me dizem que prefeririam não ter a obrigação de ir às urnas. Meu deus! O que está acontecendo? Há menos de 30 anos as pessoas estavam sendo torturadas e morrendo por lutarem pelo direito ao voto. E ao mesmo tempo em que reclamamos horrores não nos mexemos. E se fôssemos fazer alguma coisa o que seria? Já não podemos pintar nossas caras e nem os muros, não temos coragem, nem disposição pra isso. Preferimos ficar em casa sentados na frente de um computador que quase ninguém (inclusive eu) usa em todas as suas potencialidades. A TV é livre e só bate recorde de audiência um programa onde uma leva de ex-quase-celebridades disputa um prêmio qualquer e faz merchandising de inúmeros produtos enquanto mostram seus corpos sarados ou suas caras cheias de botox. Estamos cansados aos 20 e poucos anos. E não temos saco pra discurso de che guevaras atemporais que se dizem anti-isso ou aquilo. Só sabemos que vamos precisar de dinheiro pra pagar um curso de inglês caso a gente queira arranjar algum emprego depois de 4 anos de faculdade. Não temos uma canção pra vaiar em um festival de música e muito menos somos capazes de compor uma digna de aplausos. Onde vamos parar? Aos 30 anos nos trancaremos em condomínios com 500 itens de lazer, construídos no que um dia foi a Mata Atlântica, nos quais poderemos trabalhar, estudar, malhar, comprar, se divertir e criar nossos filhos enquanto do lado de fora a falta de políticas públicas trata de expurgar os mais miseráveis do que nós? Em resumo, somos apenas uma geração que não sabe muito bem aonde vai e nem tem vontade de saber, mas se soubesse colocava no twitter.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Talking about relationships

Gente, não posso negar que um dos temas sobre os quais eu mais gosto de escrever são os relacionamentos. Tudo isso faz parte do meu Complexo de Carrie Bradshaw. Então, qualquer coisa é motivo pra começar a falar sobre mulheres, homens, namoros, casos, traições, sexo e etc. Sendo assim, aqui vai um textinho que escrevi há um mês mais ou menos about relationships.

Desejo, prazer e ausência
      Envolvida por Ne me quitte pas, na voz de Maysa, que eu penso, que há uma dor, uma irremediável e até mesmo incurável dor, eu diria, inerente a esses três atos de uma grande paixão: desejo, prazer e ausência. Não que eu ache que devam estar escritos nessa ordem, nem que não existam outros. Apenas sei que a maior paixão pela qual fui tomada, resumiu-se nesses três momentos, que não conviviam isolados, se misturavam e se intensificavam uns pelos outros.
      Comecemos então pelo desejo, a força física propulsora de absolutamente tudo na vida. Uma vez li que o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem, achei perfeito. Assim sou, e acredito que ainda serei por muito tempo. Quase todos os homens com os quais me relacionei me escolheram, não fui eu quem os escolhi. Me desejaram  e depois eu os desejei, porque me desejavam. E se chegamos ao fim, foi principalmente pelo fato de que eu passei a desacreditar no desejo deles e não pelo fim do meu desejo.
      Por que me parece tão mais fácil me debruçar sobre esse questionamento e não qualquer outro? Por que mesmo quando não desejamos mais, dói muito mais saber que não somos desejadas? Se alguém não consegue perceber isso, eu vos dou um simples exemplo. É mais fácil uma mulher se separar de um homem após uma traição dele, do que pelo simples fato de não estar mais satisfeita com o relacionamento. E por quê? Porque a traição é uma representação real do desejo do homem por outra mulher e o desconforto numa relação é simplesmente a representação do nosso não-desejo. Basta parar e pensar, todo mundo já viveu ou conhece alguém que foi envolvido em um desses dilemas.
      Por vezes sofremos só de pensar em como será viver o pós-desejo. E dói, como algo que você não tem forças pra impedir. E porque não paramos por ali? Porque nessa fase o outro ainda nos quer e é fascinante sentir isso. O desejo do outro está presente em tudo nos nossos dias, nas pequenas e grandes coisas. Telefonemas, mensagens, e-mails, na preocupação, e principalmente no sexo. Ele desejando cada milímetro do nosso corpo.
      Pensemos então a respeito do prazer, desde o pequeno contido em coisa simples como um sorriso ou um abraço, até aquele dilacerante que quando se afasta nos faz parecer um viciado em crise de abstinência. Sim, porque, depois de acostumada com tanto desejo, sofre-se de uma dor que só deve se assemelhar a um abstêmio. Morremos por eles dizerem que sentem nossa falta, morremos porque é doloroso acreditar ou não acreditar. O que mais nos arrebenta do prazer é a carência que nos abate quando não o temos mais. Porque somos nós seres humanos tão dependentes de tudo? Tão dependentes dos outros.
      E geralmente a mais incrível relação de nossas vidas é a que mais doeu, do início ao fim. Sim, o prazer também dói, a falta dele representa o desespero de algo não consumado.
      Uma vez eu escrevi um poema de poucas linhas intitulado Sua ausência, poucas coisas doem tanto quanto ausência do outro, quando este outro nos parece indispensável, imprescindível. A ausência, não é a saudade, até porque a saudade é algo que dificilmente eu conseguiria conceituar. A ausência não é buraco enorme, é o que esta dentro dele. É uma entidade não palpável que preenche todo o vazio deixado por aquela pessoa. São dias cinzentos, são noites que não tem fim, é o ato de rolar na cama que parece enorme pelo espaço deixado pelo outro, são as roupas que não estão no armário, é a falta dos programas de fim de semana. É exatamente tudo aquilo onde a gente percebia o outro e não percebe mais. E parece praga, parece éter ou maresia, é algo que inunda gente, que amarga o gosto na nossa boca.
      A ausência é algo tão grande que é capaz de atormentar mesmo quando já estamos com outra pessoa. Pra mim, ela está representada até mesmo nas quase inevitáveis comparações que fazemos com relações passadas.
      É só ausência e isso dói. É não aceitar o fim. É pedir pra que seja só um pouco menos doloroso. É ter todas as esperanças e ao mesmo tempo nenhuma. O último grande ato, última passo pra nova era. Porque enquanto ela incomoda, pode ter certeza que ainda não se desligou completamente.

Os melhores que já li

Sou leitora nata, do tipo que enlouquece quando entra na Saraiva e tem vontade de sair de lá com pelo menos uns 10 livros novos. Ganhei meu primeiro romance com 8 anos de idade e de lá pra cá já li muita coisa boa (e muita coisa ruim também). Por isso, fiz uma seleção rapidinha dos meus autores e obras prediletos pra dar umas sugestões pra quem também é amante da literatura.

Gabriel García Marquez, ninguém pode morrer sem ler seus clássicos do realismo fantástico, em especial Cem anos de Solidão que lhe rendeu o Nobel de Literatura -  foi relançado  aqui no Brasil pela Editora Record no ano passado numa edição lindíssima - e O amor nos tempos do cólera, uma obra apaixonante.

Isabel Allende, dela eu só li A casa dos Espíritos, uma história fantástica que foi inclusive adaptada pra o cinema, com elenco composto por nomes como Meryl Streep, Antonio Banderas e Winona Ryder. Também do rol dos escritores latino-americanos que misturam fantasia e acontecimentos históricos, Allende nos conta a saga de uma família repleta de mulheres clarividentes e encantadoras.
Saramago, sem palavras. O único escritor da língua portuguesa a ganhar o Nobel. Dele eu indico Ensaio sobre cegueira, que foi divinamente adaptado para o cinema por Fernando Meirelles, em 2009. A narrativa de Saramago é extremamente peculiar, o que acaba por afastar aqueles leitores que não gostam de períodos longos, com poucos pontos e muitas vírgulas. Uma forma de escrever que dita o ritmo da leitura e que tem tudo a ver com o desenrolar da história.
Truman Capote, o pai do jornalismo literário, um gênero que eu particularmente amo. A sangue frio é uma obra pra quem gosta de um suspense muito bem escrito. Inesquecível. O filme Capote que deu o Oscar de melhor ator a Philip Seymour Hoffman, conta a história de como foi escrito este best seller.
Malika Oufkir e Michele Fitousse, ambas são autoras do livro Eu Malika Oufkir, prisioneira do rei, que narra a história de Malika  e sua família que passaram 20 anos encarcerados em uma prisão no Saara. A descrição da rotina da cadeia, das celas e dos danos psicológicos causados pela reclusão é feita de forma brilhante. Li de um fôlego só.
Pra quem gosta de contos, Elisa Lucinda dá um show em Contos de vista, curtinho da pra ler em menos de um dia. Com histórias interessantes e inusitadas.
Dentre minhas leituras mais específicas, destaco O quinto mandamento de Ilana Casoy, pra quem gosta de romances policiais. Não é ficção. Ilana teve a oportunidade de acompanhar de perto as investigações do crime brutal planejado por Suzane Von Richithofen contra seus pais.
Por enquanto é só. Esses são meus prediletos dentre tantos e tantos. Estou também com uma lista enooorme de títulos que eu quero comprar e acredito que logo logo estarei postando por aqui algumas modestas críticas literárias. E pra quem arriscar seguir alguma sugestão, boa leitura!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pra começar

Como não me faltam motivos e vontade de escrever e, ultimamente, tem me sobrado bastante tempo, resolvi ter um blog pra chamar de meu. Assim, ocupo as noites de insônia, os dias que não tenho vontade de sair de casa e exercito a escrita pra ela não ficar ruim por falta de prática.

E pra definir esse blog nada melhor do que a frase “Um edifício no meio do mundo”. É isso, só isso e nada mais. Um espaço no meio de tantos outros para falar sobre livros, filmes, lugares, assuntos, histórias, curiosidades, dramas, neuroses e tudo mais. Só espero que não tenha cara de diário e rezo pra que não acabe parecendo um divã.

Então, sejam bem vindos e tomara que tenham motivos pra voltar sempre!