quarta-feira, 22 de maio de 2013

A ladainha da redução da maioridade penal


Passado o frisson da classe "mérdia" devido às mudanças nos direitos das trabalhadoras domésticas, a família brasileira achou outro assunto para manter sua fixação por semanas a fio, a bola da vez agora é a redução da maioridade penal. 

Vi hoje em algum lugar que numa pesquisa qualquer, 98% dos entrevistados responderam que são a favor de que se diminua a maioridade penal para os dezesseis anos. Parabéns Brasil brasileiro! Prove-nos mais uma vez que a sociedade em que vivemos é mesmo uma escola de monstros e que agora além de se negar o direito a saúde, a educação e a tudo mais que torna um ser humano, vamos jogar pessoas cada vez mais jovens negros e pobres em cadeias lotadas, que nada mais são do que paraísos da violação dos direitos humanos e fábricas de produzir criminosos. E assim, poderemos voltar para casa todas as noites aliviados sem correr o risco de sermos assaltados, nem mortos e nem estuprados, não é? Afinal a partir do momento em que aquele garoto de dezessete anos que tem uma arma na mão e está pronto para roubar o seu carro souber que graças a redução da maioridade penal, ele poderá ser julgado como alguém de 18, ele automaticamente irá desistir de cometer o delito. Simples, né?

Porque é mais ou menos assim que me parece que as pessoas estão achando que vai funcionar. Reduzir a maioridade penal vai como que por mágica reduzir a criminalidade. NÃO! Assim mesmo, com letras maiúsculas, gritando, porque eu não aguento mais a mania que esse país tem de resolver as coisas aos remendos. Achar que julgar alguém de 16 anos como se julga uma pessoa com o dobro da idade vai reduzir os latrocínios e sequestros beira a ingenuidade se não fosse uma amostra de um povo que só sabe lotar shopping e encher a casa de aparelhos que nem são usados em toda potencialidade, mas se a vizinha tem...

Num país que canta aos quatro ventos que tem a sétima economia do mundo, e que é governado pela 2ª mulher mais poderosa do globo segundo a Forbes, me parece contraditório que milhares de mães tenham passado horas na fila para sacar míseros reais a partir de um boato de que perderiam o direito aos vinténs oriundos de um programa que em vez de ensinar a pescar entrega os peixes e mantém todo mundo no mesmo estado de parasitismo.

Onde está a sanidade de toda essa gente que se revolta porque precisa pagar décimo terceiro a pessoa que cuida da sua casa todos os dias? O que pensa esse povo que não se cansa de comprar iphone mesmo que só saiba usá-lo para receber e efetuar chamadas e que acredita que inchar ainda mais a população carcerária resolve a violência?

 E antes que me perguntem qual é a solução que tenho para a situação atual da violência no país, eu aviso logo que não tenho solução nenhuma e nem tenho obrigação de dar solução para nada. As universidades estão cheias de bolsistas, mestres e doutores que estão ganhando muito dinheiro para estudar segurança pública e de nada tem adiantado. Então não sou eu que tenho que dar essa resposta. Próximo assunto, por favor!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Rede Bahia de assessoria de comunicação


Que vivemos na Idade Mídia como foi batizada a era da comunicação por Albino Rubim, é fato. Nada nesse mundo consegue ser mais importante do que o que foi postado, nem mesmo o próprio fato em si. Mas daí que se use a maior rede de comunicação do estado para a livre prática de divulgação do trabalho do prefeito de Salvador, aí já é abuso.

Já é notável que há algumas edições o melhor amigo dos baianos na hora do almoço vem veiculando matérias sobre uma passarela que não terminou de ser feita ali, um buraco que precisa ser coberto aqui, um poste que caiu em uma rua acolá e no dia seguinte, como que por mágica: aprece no mesmo telejornal lá tudo resolvido como uma obra imediata da Prefeitura, diante da denúncia do jornal. Qual a necessidade?

Não sabia que programação da emissora que tem compromisso de informar a população, podia servir também como jornal institucional, mostrando diariamente os feitos do Prefeito aqui e ali, produzindo fatos para torná-los noticiosos. Parece que ao contrário do que se ensina nas faculdades de comunicação, a grande rede anda trocando interesse público por interesse do público em pleno meio dia, sem a menor cerimônia, entre uma garfada e outra do cidadão soteropolitano. O cinismo é mesmo de dar indigestão.