quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ser amigo

Amizade para mim é mais ou menos como uma entidade religiosa. Não no sentido dogmático da coisa, mas pela fé. Acredito em poucas coisas tanto quanto acredito nessa forma de se relacionar com o mundo que chamamos de “ser amigo”. Nossos amigos são uma espécie de elo entre o que nós somos e todo o resto. Mais que nossa família, pois nossos amigos são as nossas escolhas. A gente se torna amigo por ter optado ser uma determinada coisa diante dessa humanidade. Ainda que hoje se valorize muito mais o que a pessoa tem do que o que a pessoa é, ter amigos ainda é sinal de ser gente. E por isso, eu mesma, não confio em ninguém que não tenha pelo menos um amigo. Desconfio também dos excessos, das superficialidades e das longas distâncias (não-físicas) que destroem determinadas amizades, às vezes me dão impressão de que nunca foi nada, já que se desfaz por tão pouco. Ser amigo vale tanto a pena que merece ser salvo nem que seja no último fio. É sagrado. Porque sem amigos, viver se torna verdadeiramente insuportável.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Eu não insisto nunca

Eu desisto fácil. Uso o pessimismo como uma espécie de oposto da persistência. Se pode acontecer o pior, ele vai acontecer e é bom desistir logo antes que se suceda. Então se você não me atende, eu não te ligo novamente. Evito o vazio das 14 chamadas não atendidas e evito também o descaso da ligação recusada. Se você não me quer, eu não espero até que você queira. Assim não trato de esperar pelo que talvez nunca aconteça. Assim não vai me doer tanto quando eu topar com a notícia de que você já casou, já teve filhos, já nem se lembra de mim. Se você não vem, eu não tenho porque continuar arrumada te esperando. Não vou esperar borrar a maquiagem chorando quando, às três da madrugada, você resolver me mandar um torpedo dizendo que aconteceu um imprevisto. Eu não insisto nunca. Pelo menos não entre nós dois. Bater a cabeça na parede me penalizando nunca foi meu forte. Um dia desses, meu coração aprende que nasceu para viver sozinho. Sabe por quê? Não existe busca pela metade da laranja para uma pessoa que é apenas uma parte desproporcional de um limão azedo.

domingo, 24 de abril de 2011

Educação na merda

A presidente Dilma Rousseff disse recentemente em uma entrevista, que no Brasil de hoje não estuda quem não quer. Ok Dilma, eu concordo com você, já que o acesso à universidade foi fortemente intensificado desde a posse de seu antecessor e, de fato as oportunidades de que um brasileiro conclua um curso universitário hoje são nem sei quantas vezes maiores do que há algum tempo. Assim como é inegável a qualidade de grande parte das instituições públicas de ensino superior em níveis federais e estaduais. Porém, entretanto, todavia, vamos e convenhamos que, com um ensino básico do nível que é oferecido na maioria das escolas municipais – pelo menos nas das bandas de cá – está difícil conseguir chegar até mesmo no ensino médio. 

Só para citar um exemplo da desgraça que acomete as escolas responsáveis pela educação básica nessa cidade, apesar de ter feito um concurso faraônico no início deste ano, a prefeitura de João Henrique, mantinha em uma escola de sua rede, uma turma de 3º ano sem aula desde o ano passado, com a desculpa de que não havia professor disponível para ensinar. Mas João, cadê os aprovados no concurso capacitados, habilitados e desesperados para trabalhar? Ninguém sabe, ninguém viu. As escolas vêm apelando para estagiários dos cursos de Pedagogia, que estão sendo jogados sem nenhuma experiência ou orientação, nas salas de aula para alfabetizar vinte, trinta crianças, as quais apesar de estarem no 3º ou 4º ano do ensino fundamental, mal conhecem as vogais.

Na matéria de capa do jornal A Tarde deste domingo mais um registro do tamanho do descaso das autoridades do interior da Bahia com a educação. Segundo o jornal, livros didáticos novinhos e ainda na embalagem que deveriam estar sendo utilizados por 5,9 mil alunos estavam entregues a cupins, traças e morcegos no município de Iguaí. Mofo, goteiras e infiltrações completavam a paisagem de abandono, que funciona como uma prova do quanto andam se preocupando com o dinheiro público – ou seja, meu, seu e nosso – nesse país. A reportagem ainda informava que o local onde ficam “guardados” os livros é de vez em quando invadido por moradores que arrancam uma página ou outra para higiene das partes íntimas. Fazendo com que assim – com perdão do trocadilho – a educação vá literalmente para merda.

É aquela história do velho ditado de que o buraco é sempre mais embaixo. Não adianta criar um sem números de formas de financiamento para que as pessoas consigam um diploma e abandonar crianças em escolas sem água, luz, cadeiras, professores, merenda, livros, nada. Desperdiça-se dinheiro e tempo num jogo de pura enganação que não leva a lugar nenhum. É inadmissível que em pleno ano de 2011, numa capital como Salvador, existam estudantes regularmente matriculados que aos 10 anos não sabem sequer escrever seus nomes. É vergonhoso e nojento como as páginas dos milhões de livros usados para limpar cocô.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexo zero

Vítima de uma séria crise de inspiração, comecei a recorrer a diversas fontes em busca de algo que me motivasse a escrever. Isso porque, passei dias decidida a não falar dos meus três temas prediletos: falar mal dos homens, falar mal da administração de minha cidade e falar mal de mim mesma. Aí, eis que uma grande amiga e assídua leitora deste blog, inspirada por Carrie Bradshaw e por sua atual situação pessoal, me arranjou não só um tema, como também um esboço para que eu me baseasse. Assim, me inspirei a escrever sobre abstinência sexual.

É inacreditável, porém há fases na vida que encontrar alguém para fazer um sexo satisfatório - pelo menos com início, meio e fim - é uma coisa tão difícil quanto achar promoção de passagem aérea para o Rio de Janeiro no carnaval. E, nesses dias (quando não viram meses) sem sexo, não tem torta da Viva Gula, colo de mãe ou celular com bônus de sobra para falar com aquela amiga confidente que deem conta.

A famosa “seca” é uma coisa pela qual, certamente, todo mundo já passou e quem ainda não passou, vai ter sua triste vez (maldição!). Porque cedo ou tarde chega aquele dia que você não tem absolutamente ninguém nem mesmo para fazer um sexo meia-boca. Você não é procurada e muito menos tem a quem procurar. Essa cruel pausa na vida sexual pode acontecer por diversos motivos e, seja lá qual deles for, nenhum é muito legal. Você pode estar sofrendo com o fim de um relacionamento e não querer saber de homens/mulheres tão cedo, você pode estar com foco em sei lá o quê e estar sem tempo de sair para conhecer pessoas novas, você pode estar confinado há léguas de distância de seu parceiro, ou pode simplesmente não estar chovendo na sua horta, mesmo que você esteja completamente à procura.

Ok, eu acredito que quase todos os homens não prestam, ficam na exceção aqueles que nos dão jóias da Tiffany e que já leram Virginia Woolf- nunca achei um exemplar desse – mas sou adepta daquela máxima super cafona de que “ruim com eles, pior sem eles” que minha avó já conhecia. Sem eles é pior porque uma vida sexual inativa é praticamente como ter um cartão sem limite e nenhuma loja para comprar.

Sem falar que, eu não sei por que, mas quando você está há 364 dias e seis horas sem sexo, tudo que vê em sua frente são casais se agarrando. Parece literalmente sacanagem, é incrível como as pessoas resolvem manifestar o “amor” diante dos seus olhos, como se quisessem te lembrar da falta que faz ter qualquer coisa. Seja no ponto de ônibus ou na praça de alimentação lotada de um shopping center, o mundo grita que você precisa logo arranjar nem que seja um vibrador e uma boa coleção de pornôs. É fato, quando você não fode, todo mundo resolve fuder,  só pra te fuder.

A gente só não liga para sexo, enquanto não começa a praticar ou quando está praticando em excesso. Caso contrário, mesmo o ser humano mais conformado com seu estado sexualmente vegetativo, tem seus dias de subir pelas paredes. Nesse quesito, luas cheias, noites chuvosas e picos hormonais aumentam os transtornos. Enfim, aos sedentos, só resta vislumbrar seus oásis e desbravar seus sertões. Boa sorte!

PS.: Minha amiga que me inspirou o texto solicitou que sua identidade fosse mantida em sigilo, porém se você tem 1,90 m, barriga de tanquinho e está interessado em resolver o problema dela, me mande um e-mail!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O querer

A vida é mesmo uma sucessão de vontades. Porque, além de ficar querendo coisas o que é mesmo que a gente faz? Quer outras e outras e outras. Quando eu era criança só queria ser mais velha, queria poder ir pra onde eu quisesse, quando quisesse e com quem quisesse. Hoje eu posso fazer isso tudo e quase sempre, só quero ficar em casa sozinha. Não queria ouvir minha mãe e hoje não quero fazer nada sem consultá-la. Queria não ter que ir a escola, queria arranjar um trabalho, queria poder sair sempre mais cedo, queria poder chegar mais tarde, já quis ter uma rotina e depois só queria jogar tudo pra cima.  Queria ter um namorado, queria que ele gostasse de mim e então queria me convencer de que ele não gostava para poder esquecê-lo. Queria mais que tudo entrar na faculdade, depois só queria sair dela. Queria multidão e depois quis solidão. Já quis ir a um lugar e depois de estar lá só querer voltar. Já quis morrer de saudade e depois quis voltar correndo pra perto. Queria muito, queria sempre e então não queria nunca mais. E a vida inteira se resumindo em querer e depois querer de novo e depois já não querer mais.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Escrever...

Escrever é nunca cansar de ser seu próprio rato de laboratório. Ainda que isso canse tanto.
Tati Bernardi, via twitter

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Se amar

O mundo ainda dará muitas voltas até que eu corra o risco de pensar que amar outra pessoa significada deixar de me amar. E então, talvez, se chegar este dia, me encomende um funeral, pois a falta de amor-próprio é algo bem parecido como nosso próprio fim. Não há quem me convença de que possa existir explicação natural para  uma atração por alguém que nos faça desistir de nós mesmos. Eu sou eu antes e acima de qualquer outra coisa. E morro sozinha se tiver que, em consequência de qualquer relação, virar alguma coisa menor do que eu acredito que mereço ser. E, acreditem, eu não estou me superestimando, eu estou apenas crendo numa entidade chamada dignidade. Porque qualquer pessoa que fere o que nós somos – seja lá como a gente for – não merece nossa dor, nem nosso sentimento. Sim, eu já me apaixonei e já fui ridícula demais por estar apaixonada, mas ao menos eu nunca fui chão pra ninguém pisar. E, por mais que a vida nos encha de surpresas, eu não pretendo surtar a ponto de um dia estar abaixo de alguém, mendigando qualquer coisa que se pareça com tudo menos com amor. Porque gostar de mim, foi uma coisa que eu aprendi já faz algum tempo.

A tristeza permitida

" Se eu disser para você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai me dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela sempre que fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou com si mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down...”. Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pega mal sofrer. Pois é, pega. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o eu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar uns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos para samba, para rock, para hip hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos. "

Martha Medeiros

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Copa 2014: E eu com isso?

Ok caros leitores, eu já falei por aqui que não ligo a mínima para futebol. E, se não ligo pra o esporte, me interesso muito menos pelos torneios que o envolvem. Portanto, não queiram me convencer a sentir emoção, entusiasmo ou euforia pelo fato do próximo mundial ser sediado no Brasil. Quanto à campanha Abre a Copa Salvador, eu sugiro colocá-la no fim de uma longa lista, pois existem umas outras 247 campanhas mais importantes que dela, envolvendo temas muito mais relevantes e de interesse de grande parte da população.

A edição da Revista Muito do último domingo, trouxe uma entrevista (comprida e chata como uma espada) com Ney Campello, secretário extraordinário do time de Jacques Wagner designado para resolver os pepinos inerentes à participação da Bahia nesse grande evento futebolístico. Ele falou, num blá, blá, blá sem fim, sobre o quanto o estado está adiantado – apesar do relatório do CREA apresentado ontem afirmar que está tudo atrasado - e sobre as chances da capital baiana ser escolhida como local para abertura do torneio, coisa que eu não acredito e ainda que acreditasse, estou tão preocupada com as obras da Copa, quanto com a queda ou aumento do preço da arroba bovina. Me poupe!

Primeiro porque eu acho que em vez de se preocupar eu preparar a cidade pra Copa, esse povo deveria se preocupar em preparar a cidade para o dia a dia normal dos soteropolitanos. Coisas básicas como alternativas de mobilidade não andam satisfatórias nem em dias de jogos do Bahia contra o Atlético de Alagoinhas, imagine durante a apoteose do esporte que é paixão nacional. Isso pra não falar nas questões envolvendo saúde, limpeza da cidade, segurança e etc. A Copa de 2014 vai resolver tudo isso? Se não for, me dá licença que eu tenho mais o que fazer. Tem escolas da rede municipal que não começaram as aulas até a presente data, enquanto nossos governantes só se preocupam em fazer um make up para arrancar mais dinheiro da Fifa. 

A briga anda quente porque a conversa é de milhões. Empresários de ônibus  estão nervosos para garantir sua parte no bolo. E por isso, de uns tempos para cá, apareceram do nada umas siglas confusas, querendo nos provar através de projetos que serão votados ninguém sabe por quem, que vai ser possível chegar aos locais dos jogos antes que o juiz erga o braço encerrando a partida. Que ótimo! Mas, eu continuo pouco me lixando. Até porque, até a beatificação de irmã Dulce e a morte de ACM  (eu pensei que não viveria para ver isso) saíram antes que o  (mini)metrô ficasse pronto. 

Por isso, caros conterrâneos, esqueçam a Copa e vão cuidar da vida de vocês. Até 2014 há muito que se fazer.

domingo, 10 de abril de 2011

Segue

Identificar o fim, seja lá do que for, é sempre bem melhor do que seguir com uma coisa finalizada, mas sem identificação. Por isso eu estou em paz, ninguém vai precisar me dizer absolutamente nada, porque eu já sei de tudo. E, tenho passado por coisas piores e tem sido simples viver assim. Esperando que a vida retome o ânimo e siga, siga logo!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O que é ser Jornalista

Ser Jornalista é ter que chegar sempre antes e ir embora muito, muito depois. É ter a palavra precisa para transmitir um acontecimento exatamente como se deu. É receber portas na cara, e um sem número de “nãos” quando se deseja mexer na ferida de alguém. É ser xingado, humilhado e desmoralizado diante de qualquer mínimo erro. É não poder chorar quando a realidade nos põe frente a frente com as situações mais incríveis. É não poder esbofetear quanto esta diante de pessoas cínicas, ridículas. É saber perguntar aquilo que o mundo inteiro espera ouvir. É saber ouvir. É ter que saber sempre o máximo de tudo. É correr incontáveis riscos. É chegar perto, bem perto. É suportar o desemprego imposto por um mercado de trabalho filho da puta que não nos valoriza. É aguentar escalas, rotinas, correrias. É promover a cidadania. É dar voz e espaço a quem já quase não consegue falar. É ser chamado de inconveniente, de fofoqueiro, de explorador da dor alheia e de tantas outras coisas. É suportar pessoas que não estudaram nem um décimo do que estudamos e se acham capazes de trabalhar em nossas funções. É encarar as celebridades e seus chiliques desnecessários. É ter que aguentar colegas que arrastam para o lixo o nome de nossa profissão com atitudes toscas e indignas. É trabalhar na deliciosa e ao mesmo tempo ingrata função de transformar o real em notícia, seja esse real como for.

PARABÉNS A TODOS NÓS!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mulheres de mentirinha – a revanche escrita por uma mulher de verdade

Depois de meter o pau nos homens, que se sentiram desconfortáveis, já que só se acostumaram a introduzir, resolvi escrever um texto falando a verdade sobre certos tipinhos de mulheres. Antes que algum engraçadinho escrevesse, aí vai: Mulheres de mentirinha – a revanche dos homens escrita por uma mulher de verdade. De antemão, informo que não será uma ode ao machismo nem uma desmoralização pública da minha espécie. Só quero mesmo pontuar gente que faz coisas abomináveis por mim e por qualquer outra pessoa de verdade. Afinal, não sou a única a detestar as mulherzinhas que entram numa festa de graça depois de dar para os músicos da banda ou para os produtores ou para os empresários ou para o segurança ou seja lá quem for que lhe possa conceder um ingresso para que ela desfile sua beleza medíocre e sua mente oca que só sabe gravar os nomes de suas próximas presas. Mulheres que gastam dinheiro em quilos de maquiagem e escovas definitivas - que vivem precisando ser refeitas - e chegam aos shows sem grana para tomar uma água e precisam ficar a espera de algum babaca que em troca do número de seu telefone lhe pague uma dose de whisky e lhe dê uma carona até em casa. Mulheres que acham que a vida inteira se resume a missão de esperar um macho, agarrar esse macho e suportar tudo que for inerente a ter um macho, inclusive sexo anal sem vontade e morar de favor na casa da sogra. Mulheres que tem pena de quem está solteira e dá pra quem tem vontade e que morrem de vontade de dar para alguém que depois de gozar na sua cara, não vire e ronque. Eu é que tenho pena de vocês! Mulheres que vestem o que é moda, comem o que é moda e dormem com quem é moda. E emagrecem numa tentativa torturante de estarem sempre lindas para o resto do mundo. O corpo é seu e foda-se o resto do mundo. Mulheres que aos 30 anos não conseguem se tornar mais inteligentes do que eram na 5ª série do ensino fundamental. Mulheres que não tem assunto para antes do sexo e nem para depois do sexo. Mulheres que se humilham numa carência inventada pelos comerciais de margarina com suas famílias felizes incluindo cachorros e filhos. Mulheres que largam qualquer coisa por qualquer um. Mulheres falsas em peitos, bundas, almas, narizes e cabelos. Mulheres que se sentem ameaçadas com qualquer novata no ambiente de trabalho e passam a viver numa disputa deprimente. Mulheres que fazem questão de destruir tudo que o feminismo lutou arduamente para transformar em realidade. Parem com isso! Não somos despeitadas, vocês são a nossa vergonha. Mulheres de mentirinha, vocês tem muito que aprender com gente de verdade.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Porque eu não odeio mais as segundas-feiras

Que saudade do tempo em que eu odiava as segundas-feiras, porque nesse dia eu tinha duas aulas de matemática e depois duas aulas de física e era humanamente impossível prestar atenção nas funções f(x) com tanta coisa pra contar para as colegas a respeito do fim de semana. Como sinto falta do tempo em que eu odiava as segundas-feiras porque minha chefa era praticamente Meryl Streep em O Diabo veste Prada, sem aquela mecha no cabelo e sem que eu tivesse o salário de uma repórter da Vogue. Como era bom odiar as intermináveis aulas de Semiótica em plena segunda-feira às 7 da manhã enquanto eu sonhava em ser contratada pela Revista Piauí e viver feliz para sempre. Como eu queria voltar a sentir a tensão daquela segunda-feira em pé usando um sapato alto num ônibus cheio em um engarrafamento a caminho do estágio pensando em tudo que eu ainda precisava ler para meu trabalho de conclusão de curso. Segunda-feira era o dia do programa da Hebe e da Tela Quente, ou seja, nem mesmo a televisão era boazinha comigo no primeiro dia da semana. Segunda era dia de treino novo na academia, dia de pagar algum cartão de crédito, sempre. Meus prazos, minhas metas, minhas obrigações, meu mau humor matinal por já ter acabado o ilustríssimo fim de semana, era parte da minha natureza odiar as segundas-feiras. E só era pior ainda depois de um longo feriado. Anos e anos detestando este dia. Até que, acordo e descubro que: segunda-feira, hoje eu já não lhe odeio mais, porque não tenho nada para fazer e então você se transformou em um dia como qualquer outro. Meu ódio cultivado por anos e anos perdeu sua lógica diante da sua inutilidade. A segunda acabou ficando tão parecida tanto com o domingo quanto com a quarta. Você é apenas mais um dia, diante de muitos outros dias, sempre tão igualmente chatos. Sendo assim, no dia que minha vida voltar ao normal, quem sabe, te odiar volte a ter algum sentido. Até lá, fique tranquila, não te odeio mais.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Eu só queria saber

Pra onde é que a gente volta quando recebe determinadas notícias? Em que quartinho escuro na nossa existência a gente se tranca para chorar por aquilo que a gente sempre espera, mas nunca quer encarar? Onde dormem os monstros que nos assombram quando tais novidades brotam diante de nossos olhos e ouvidos? Em que bosques se perdem em passos confusos de rotas emaranhadas a prova de que nós já somos adultos o suficientes para entender que basta? Por quais mares navegam absortos homens e mulheres que querem não se importar com tudo aquilo que nos grita o quanto nós ainda podemos gostar de alguém?