segunda-feira, 30 de maio de 2011

A bruxa de mim mesma

Minhas amigas acham que eu sou tão perversa que pratico bullyng comigo mesma. O pior de tudo é que, se isso é mesmo verdade, eu não tenho ninguém que possa me salvar das minhas próprias garras. Fudeu! Elas acham que meu cérebro é uma espécie de Caruso do seriado Everybody Hates Chris, pronto pra socar meu coração toda vez que ele começa a ficar alegrinho. Minha mente deve ser aquele bonequinho de Jogos Mortais fazendo sempre armadilhas cruéis comigo mesma em uma, duas, talvez cinco edições consecutivas. Meu subconsciente pode ser a bruxa que envenenou a maçã da Branca de Neve ou a madrasta má que sacaneava a Cinderela e, por isso vive mandando mensagens escrotas para o meu consciente toda vez que ele começa a resolver pintar o mundo de cor-de-rosa. Dentro de mim há uma eterna convenção de vilões que vão desde o Coringa até o Vingador, prontos para lançarem poções, venenos, me trancafiar em calabouços e fazer coisas maquiavélicas e tudo mais que for possível com a tecnologia 3D. Ainda assim, graças a algum superpoder adquirido, eu não consigo sentir um pingo de pena de mim. Que ótimo, porque eu detesto auto piedade. E continuo desenvolvendo essa relação esquizofrênica comigo mesma que as pessoas veem como uma espécie de autoflagelo e eu prefiro chamar apenas de instinto de sobrevivência.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sem assunto

Gente, a verdade é que depois que o mundo não se acabou no último sábado, Dilma quase voltou atrás da ideia do kit anti-homofobia e houve uma grande comemoração na minha cidade porque irmã Dulce deu mais um passo para se tornar a primeira santa da terra do acarajé, eu fiquei meio sem inspiração para escrever no blog esta semana. 

Quando abro os sites de notícias em busca de um assunto que me instigue, só vejo mais um capítulo da novela Palocci e a evolução de seu patrimônio, que – pra quem não tem lido sobre isso – aumentou 20 vezes em quatro anos  e, diante desse fato, só consigo sentir inveja dele, pois em quatro anos a única coisa que eu consegui foi aumentar meu peso em 20 quilos. E outra, todos sabemos que o ministro com cara de otário não é o primeiro e nem o último a ter um considerável crescimento patrimonial e que ele virá com meia dúzia de explicações fuleiras e todo esse blá blá blá acabará dando em nada como sempre. Ultimamente essas notícias não servem nem pra enrolar peixe na feira, uma vez que, com o crescimento econômico da classe C, as pessoas estão comprando peixe na peixaria do Extra. 

Fora essa novela de quinta categoria passada na Casa Civil, tenho visto em alguns portais que fazem parte de consolidadas empresas de comunicação, uma atenção excessiva a casos patéticos, nos quais eu sinceramente não consigo enxergar o menor “valor notícia”, como diria minha professora Malu Fontes lá em uma das primeiras disciplinas do curso. Alguém pode me dizer em que me interessa saber que um convento foi fechado pelo vaticano porque uma freira era ex-dançarina erótica e andava dando shows com outras freiras durantes as cerimônias religiosas? Isso já foi visto em Mudança de Hábito 1, 2, 3 e 47, a mulher só resolveu bancar a Whoopi Goldberg. Agora, porque não sentamos para conversar sobre os zilhões de casos de pedofilia protagonizados por membros de seus mosteiros e abadias? Dá um tempo, Bento XVI!

Pior que isso, só é ver entre as “mais lidas” a notícia de que começaram as vendas do iPad 2 no Brasil. Acordem! Os líderes do G8 estão com as bundinhas sentadas lá na França decidindo o que fazer e o que não fazer com o resto do mundo, e o povo tá mais preocupado em comprar tudo que a Apple inventa e dividir em dez vezes no cartão da vizinha. É demais pra minha cabeça.

Ainda que, como eu sempre digo, quase todo texto meu já está pronto na minha cabeça e a inspiração é só uma espécie de lâmpada que me ajuda a achar meus escritos, acho que minha lâmpada anda falhando um pouco. Quase pifada. E, diante de todos esses acontecimentos interessantíssimos, eu sinceramente prefiro me calar e ser considerada sem assunto.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Re-caminhar

O que se faz no instante de lucidez em que paramos no meio da estrada na nossa existência e percebemos que é preciso redesenhar nossa rota? Como se reage a esse momento? Será que é mesmo preciso sentar e chorar tudo até se secar inteiro por dentro? Será que é preciso mesmo parar para enumerar todas as escolhas feitas até entender o exato ponto da decisão errada? Ou será mais simples culpar o resto do mundo? Ou bastam velhos mapas e novas bússolas para que continuemos seguindo? Já houve pressa, revolta, já houve também o conformismo, o que mais resta? A grande sabedoria seria recomeçar como se simplesmente fosse a primeira vez. Seria encarar o novo plano com o doce desejo que se tinha antes que tudo se perdesse. E, só assim, re-caminhar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Descartáveis


"Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos."
Tati Bernardi


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sermos nós

Era inacreditável, mas ali naquele milésimo de segundo de silêncio, entre uma passada de mão no cabelo e um novo assunto, eu queria que fosse você. Porque assim, finalmente, poderia ser eu.  Porque, enfim, eu entendi que estou sem saco para sentar e conversar e ser qualquer outra coisa que não seja eu mesma, fazendo poses, mantendo perninhas cruzadas, risinhos e assuntinhos medíocres que eu tanto odeio. Porque com você eu posso falar das minhas neuroses sem me sentir uma louca desesperada prestes a se jogar de um precipício, ainda que eu seja exatamente isso. Porque com você eu posso debater e dar minha opinião e aguardar seus argumentos contrários como quem espera um delicioso prato num restaurante repleto de delícias. Porque pra você eu não preciso fazer caras e bocas e encurtar papos e rir de piadas e fingir. Detesto piadas, prefiro nossa ironia e sarcasmos escrotos que desesperam o resto do mundo. Ai como eu odeio fingir! Como eu queria tirar aquele sapato de salto, calçar uma havaiana e falar mal do casal da mesa ao lado se agarrando feito dois desesperados, sem parecer recalcada. E você faria algum comentário completamente pornográfico e eu iria rir de canto de boca e voltaríamos a qualquer assunto com uma naturalidade só nossa. Tão simples e tão bom. É mesmo inacreditável, mas naquele momento eu queria só um pouco do que era sermos nós.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sobre aviões de verdade e pilotos de mentira

Há cerca de quinze dias duas notícias envolvendo acidentes aéreos têm povoado os noticiários nacionais: a primeira foi o resgate de uma das caixas pretas do vôo 447 da Air France que caiu na costa brasileira em 2009, a segunda foi a queda do helicóptero do cantor Marrone no interior de São Paulo.

Da tragédia que matou os 228 passageiros e mais toda a equipe do voo, a caixa preta encontrada quase dois anos depois, é a única esperança de se saber realmente o que provocou o acidente. Através dos dados contidos nela estão registradas a altitude, a velocidade, as diferentes posições do leme e outras informações fundamentais para a investigação que conta com financiamento integral do governo francês. Ainda que, entre as vítimas da tragédia, estivessem 59 brasileiros. É o jeitinho brasileiro saindo à francesa para não pagar a conta.

E, se é tão difícil descobrir as reais causas de um incidente envolvendo um airbus pilotado por profissionais devidamente habilitados e pertencente a uma empresa com 78 anos de mercado, imagine o quiproquó que será esclarecer o que realmente ocorreu no aviãozinho particular que, conforme especulam as investigações, estava sendo pilotado pelo próprio José Roberto Ferreira (Marrone), o qual nunca fez nem sequer os testes teóricos  - para os quais ele teria que ter ao menos o ensino fundamental e, pasmem, ele não tem - que o permitiram fazer aulas  de pilotagem acompanhadas por um instrutor e mais uma série de cuidados específicos?

Pois é, se for provado mesmo que o cantor que entoa os versos “me bata, me prenda faça tudo comigo”, estava no comando do helicóptero que ao cair feriu gravemente o piloto Almir Carlos Bezerra, que teve a perna decepada, e o empresário Jardel Alves, seu primo e secretário, que continua internado, ele pode se preparar para uma longa novela judicial, que pelo visto a Rede Globo está muito a fim transmitir e de sugar até a última gota. Parece que a emissora já decidiu claramente quem é o vilão dessa história, tendo em vista que fez questão de exibir ontem no Fantástico uma entrevista que deixou Marrone (pela primeira vez aparecendo na TV sem Bruno) um tanto desconfortável. Assim, pelo que parece, não são só as rosas das canções sertanejas que vão chorar!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 de maio, e daí?

13 de maio é, sem sombra de dúvidas, uma das datas que mais dispensa comemorações no duvidoso calendário de fatos históricos desse país. Estamos todos, carecas de saber que a “abolição da escravatura” foi mais uma encenação de uma época em que o Brasil topava tudo para aparecer bonito na foto. E no meio desse teatro de fantoches, a princesinha branca e mais uma meia dúzia de abolicionistas igualmente brancos assinaram uma lei que até hoje, 123 anos depois, não entrou em vigor. Pra gente ver que a (in) eficiência na aplicação das leis nesse país é coisa que vem dos velhos tempos. E, para melhorar ainda mais a situação, nesse meio tempo foram inventadas novas formas de escravidão. Afinal, em algumas regiões e estados do território brasileiro é inexistente a possibilidade de se conseguir um trabalho realizado em condições adequadas de saúde, segurança, com formalização e garantia de direitos, além de liberdade e remuneração digna. Seja em uma fazenda no Mato Grosso ou em um apartamento da grande São Paulo encontramos inúmeros exemplos de que a tal Lei Aurea está esquecida na poeira dos livros de história e só é lembrada através de uma ou outra novela de época da Rede Globo. A luta pela erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil, e pela promoção da igualdade nos âmbitos de gênero e raça, são provas simples do quanto ainda é preciso caminhar para conseguir tornar este país um lugar um pouco mais digno. E por isso, 13 de maio é só mais uma data, um dia como qualquer outro, no qual não há nada a ser comemorado e ponto final.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ninguém quer saber como você está

O mundo atual é uma eterna convenção de pessoas apressadas e pouquíssimo interessadas em algo além de seus próprios umbigos. Para mim, vivemos a era do egoísmo. E, por mais que no manual de bons modos para o relacionamento com o resto da humanidade, esteja escrito que é de bom tom se preocupar com as outras pessoas, bem lá no fundo ninguém quer, de verdade, saber da vida de ninguém, exceto quando isso interfere na sua própria vida.

É caríssimos, mesmo que as pessoas vivam perguntando umas as outras “ como você tá” ao vivo, via twitter, via msn, via sms, via facebook e mais uma outra série de dispositivos, a resposta a esse questionamento desperta pouco ou praticamente nenhum interesse. Não altera em nada o curso da vida delas. É como tirar uma frase pronta de uma bolsa imaginária e entregar a alguém que também lança mão de seu acervo composto por orações do tipo :  “tô bem ou tô mal” e entrega na mão do outro. Estabelecido esse troca-troca, cada qual segue sua vida, pouco se importando com o motivo da felicidade ou da desgraça alheia. É simples assim porque ninguém quer saber como você está.

Vivemos trancafiados em nós mesmos, num mundo onde nossos problemas e nossas alegrias são maiores do que as de todas as outras pessoas. O outro só estará triste até ver toda a nossa dor e melancolia, assim como o entusiasmo de alguém só pode durar até que declaremos todas as nossas vitórias.  Li em um twitter qualquer “as pessoas perguntam se você está bem por educação e você responde que sim por costume”, concordo. É mais ou menos por aí. Tanto a gente não tem vontade de dizer como realmente tá, quanto as pessoas não tem a menor vontade de saber. É tudo parte de um grande teatro chamado de civilização.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Para além do legalize já

Caso interessar possa, eu sou a favor da legalização da maconha. E quem quiser que diga que eu estou fazendo apologia às drogas. Apenas acho que numa sociedade tabagista e alcoólatra como nossa, é muita hipocrisia dizer que a não-legalização (porque não vejo criminalização como uma palavra tão adequada) salva vidas. Porém, antes de ser a favor da liberação da maconha para produção, comercialização e consumo, eu sou a favor de um debate de verdade sobre esse assunto.

E quando eu falo sobre um debate de verdade, eu sugiro que em primeiro lugar o tema não seja olhado de maneira preconceituosa e, em segundo lugar, seja estudado de forma realista. De modo que, inclusive se pense como vai se dar na prática essa legalização. Que seja analisado se o país possui realmente “maturidade” e estrutura para regulamentar o uso da maconha. Já que, aqui quase nada funciona como deveria.

Porque, alguém percebe se existe sinceramente algum interesse em olhar a legalização para além do “oba-oba” dos cartazes empunhados em passeatas de estudantezinhos burgueses que fumam escondido dos pais nas festinhas de faculdade em apartamentos duplex que ficam muito longe das bocas de fumo onde uma legião de crianças e adolescentes não veem outra perspectiva de vida que não seja trabalhar para o tráfico? Se não existe, é melhor parar por aqui.

Para mim, grande parte dos cinco mil que acompanharam a marcha da maconha que aconteceu no último sábado na Zona Sul (detalhe) do Rio de Janeiro, tem um amigo que entra na favela, compra e entrega a maconha no conforto de seus lares e, eu poderia me ousar a dizer com quase toda certeza que essas pessoas, mesmo que a maconha fosse legalizada nesse exato momento, não passariam a cultivar a erva no quintal ou no jardim de casa. Assim como não contariam a seus familiares que usam maconha e tampouco conversariam abertamente sobre isso. E, caso houvesse uma lojinha no bairro onde facilmente pudessem comprar, eu me arriscaria a dizer que eles ainda hesitariam em ir até lá. 

Se pensarmos sobre a perspectiva do “pior do que está não pode ficar”, é verdade que o que o tráfico de drogas tem feito nesse país é simplesmente calamidade pública. Mas, até que ponto a legalização da maconha reduz o tráfico e a violência gerada pelo mesmo? A maconha é uma erva natural que pode ser usada para fins medicinais, religiosos e etc e não haveria nada demais em liberar seu consumo, mas e o que seria feito com a cocaína, o crack e as novas drogas sintéticas que ainda estão por vir? Continuariam tendo seu consumo considerado criminoso? Algum político se dispõe a escrever um projeto de lei sensato que não fique engavetado por anos?

Na minha cidade, quem quer comprar maconha sem correr muitos riscos sabe aonde ir e quem quer fumar abertamente sem se preocupar sabe onde ficar. Se você é uma pessoa equilibrada fumar maconha ou encher a cara de cachaça não faz muito diferença e se você é desequilibrado também não. Realmente dá pra legalizar, mas, antes vamos pensar melhor sobre isso?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

"Por mais disciplinada e responsável que eu seja,
aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO."
Martha Medeiros

domingo, 8 de maio de 2011

Salve a Majestade!

A fogueira ia ser acesa para o Rei. Alguns rituais justificam momentos, alguns momentos justificam rituais. O fogo, a luz, o parto, o primeiro passo para novos caminhos e ela nasceu no dia da fogueira. Se fez a pular fogueiras, o fogo ilumina às vezes e queimava tantas outras, a fumaça incensava, mas também irritava, o dançar das chamas enfeitiçava como os tecidos de terras distantes, como a dança das ondas na casa da mãe do Rei ou como o correr do Rio que pertence a uma das mulheres do Rei. Ele irá guardá-la e ela o servirá, dando-lhe de comer da sua mão, nunca irá esquecer que foi no seu dia que o Rei deixou que ela viesse a esse mundo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amanhã pode ser um dia melhor

Eu diria que a discriminação, o preconceito e todos aqueles que vivem vigilantes pela desigualdade nesse país, receberam um belo tapa na cara hoje. Isso porque, uma das notícias de destaque dessa quinta-feira, me fez imaginar que amanhã pode ser um dia melhor nesse Brasil. Foi muito bom saber que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou com unanimidade o reconhecimento da união entre casais do mesmo sexo.  Antes tarde do que nunca!

Parece que, enfim estamos prestes a dar mais um passo de uma longa caminhada a favor da igualdade de direitos de forma efetiva em nosso país.  Finalmente parceiros do mesmo sexo passarão a ter assegurados direitos como herança, comunhão parcial de bens, pensão alimentícia e previdenciária, licença médica, inclusão do companheiro como dependente em planos de saúde, entre outros benefícios. Aleluia!

A decisão mostra que a evolução da nossa sociedade está finalmente sendo acompanhada pelo Poder Judiciário. Afinal, já não era aceitável que em um país no qual, de acordo com dados preliminares do Censo de 2010, existem mais de 60 mil casais homossexuais, o estado insista em tratar de forma diferenciada essas uniões. Estamos saindo de pelo menos um buraco. Congratulations!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vale a pena ser solteira

Eu estou solteira. Acho que atualmente eu posso afirmar com todas as letras, sílabas e fonemas:  I’m a single lady. Mas, devo confessar que ao contrário de algumas mulheres que abominam esse estado civil, eu não estou nem um pouco desesperada. De verdade. Eu já cansei de cantar aos quatro ventos que sou adepta da filosofia do “antes só do que mal acompanhada” sempre. E por isso, estou arduamente adquirindo o bom senso necessário para administrar meus relacionamentos e também a ausência deles. Assim ninguém se machuca (eu acho).

Não estou sendo pretensiosa quando digo que estou solteira por opção minha, porque eu realmente estou. Essa é a mais pura verdade. Garanto a vocês que mesmo não sendo nenhuma Camila Pitanga eu poderia estar namorando. Bastaria que eu me submetesse ao que se submetem certas pessoas (tarefa difícil) ou que eu encontrasse alguém disposto a viver uma relação de verdade sob meu ponto de vista (tarefa bem mais difícil).

Pois é, por mais que seja maravilhoso estar com alguém, não dá para aturar poucas e boas apenas para ter um homem (ou uma mulher) pra chamar de seu (ou sua). Sexo é ótimo e necessário, assim como é maravilhoso ter alguém para conversar depois de um dia exaustivo de trabalho ou para te fazer surpresinhas legais, mas o que eu vejo as pessoas aceitando para terem um namorado é de uma violação que beira o absurdo. Não ser solteira tem custado abrir mão de amizades, brigar com a família inteira, abandonar convicções e princípios que compõem a própria personalidade e esquecer-se de si próprio em prol do outro que quase sempre não retribui ou não se compromete ou não tá nem aí.

Eu não sou hipócrita, somos passíveis de mudanças decorrentes de nossas relações – não só as amorosas. Eu já mudei e já fui mudada, isso é natural. Relacionamento é troca. Agora, abandonar tudo que você é e se travestir de uma nova coisa como garantia para continuidade ou a longevidade de uma história, é demais. E não há entidade sobrenatural que me convença de que eu preciso deixar de ser eu para ser de alguém. Até porque, pelo que tenho observado quase sempre isso acaba mal.

Se o preço que se paga para não deixar de ser o que a gente é, não deixar de fazer as coisas que a gente gosta, não deixar de ir aos lugares onde nos sentimos bem, não abrir mão de estar em companhias que nos fazem felizes, é ficar solteira, eu pago! Topo mesmo e sigo feliz. A solteirice para mim não é uma carga que a gente leva nas costas, não é um desajuste como pensa quem ainda tenta nos convencer a casar e parir de qualquer jeito, não é uma coisa do tipo: “coitada, tá solteira”. Isso tudo, na verdade é, mais uma vez, a síndrome da vida de comercial de margarina. E eu me nego!

Conheço casais muito bacanas, com relacionamentos de verdade, duradouros, que não precisam de submissão ou omissão de personalidade para sobreviver. As pessoas respeitam o que o outro é e pra esses eu dou ponto. É assim que tem que ser, é isso que eu busco para mim. Caso contrário, me deixe solteríssima com internet, chocalate, SKY e um celular com crédito suficiente para resenhar com minhas amigas. 

Olho a minha volta e vejo uma porção de relações doentias, amparadas no maldito comodismo, cheias de oportunismos idiotas e vazias de qualquer sombra de sinceridade e de lealdade. Nos bares, nos restaurantes, nas festas, nos shows, percebo inúmeros de “não-solteiros” se entupindo de mentiras em relacionamentos que, sinceramente, em nada me causam inveja. Acho que estar solteira significa estar livre de tudo isso e, honestamente, vale muito à pena.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Obama matou Osama

A páscoa foi na semana passada, mas nesse domingo o presidente dos EUA matou dois coelhos com uma cajadada só. Obama matou Osama e, consequentemente, também matou Bush de inveja. 

Foi com a notícia da morte do terrorista (odeio esse termo) ao qual inferem a autoria dos atentados de 11 de setembro de 2001, que finalmente foram desligados os holofotes do casamento real, que deixou todo mundo meio fora da realidade nos últimos dias. Segundo a polícia do mundo, vulgo Estados Unidos da América, o planeta Terra é agora um lugar melhor e mais seguro por causa da morte de Bin Laden. Peraê! Alguém faz o favor de avisar pra eles que em uma cidade há 108 quilômetros de Salvador ocorre em média um homicídio por dia e que a morte de Osama não interfere nesses assassinatos, pois Al Qaeda não tem nada a ver com isso?

É bem verdade que, depois de um verdadeiro tornado de tragédias climáticas, crises políticas, guerras e congêneres que vêm acontecendo sobre os cinco continentes, anunciar - mesmo que seja com quase dez anos de atraso – a morte de uma lenda do terror é uma ótima cartada para o lançamento de uma candidatura à presidência. É com um alívio enorme que Barack Obama apresenta o corpo de Osama para os obituários da imprensa internacional e aproveita para lançar o seu à reeleição. Nada é por acaso.

Enquanto o povo mais patriota do universo se agita com esses acontecimentos, numa espécie de carnaval fora de época (ou seja, uma década depois), a patrulha internáutica já lançou mil e uma teorias de que o barbudo islâmico morto numa operação que vai render bastante nas produções hollywoodianas não era Bin Laden. Estão dizendo até que a foto oficial da ação era só uma montagem de photoshop. Será? Sei lá, viu?

O que sei é que se as agências de espionagem americanas demoraram tantos anos para achar e prender esse homem, me digam quanto tempo e estratégias serão precisos para achar as tais 70 virgens que, segundo as leis do Alcorão, esperam Osama do outro lado da vida?

Não me poupe

Por favor, se você já pode me dizer não me poupe. Não me poupe porque você mais uma vez me magoa com essa sua ideia de que esconder as coisas de mim faz com que eu me sinta melhor. Eu sei que eu não tenho mais nada a ver com a sua vida desde quando você tratou de não me pôr dentro dela, desde quando você abriu a porta da minha e saiu sem olhar para trás e pouco se lixando com meu mundo desabando por minhas escolhas dolorosamente imbecis. E que você só volta de vez em quando por uma fresta que eu faço questão de deixar porque sim, eu sou a preferida, mas não sou a escolhida. Porque eu ainda te dou paz e salvei o barco da sua vida idealizada que afundaria se você tivesse topado com qualquer outra mulher um pouco mais retada que eu. Porque você sempre tem uma hora certa para me dizer e é coincidentemente sempre a hora errada pra eu ouvir o que você quer me falar. Foi assim daquela vez, lembra? Então abre essa boca e extravasa na minha cara toda alegria que eu sei que você está vivendo e eu vou sorrir amarelo por dentro do meu coração mesquinho que queria sim que tivesse sido diferente. Mas que não se carrega de mágoa, porque seu abraço apertado no meio desse meu caos ainda é uma das coisas boas que eu posso ter de você.