Caso interessar possa, eu sou a favor da legalização da maconha. E quem quiser que diga que eu estou fazendo apologia às drogas. Apenas acho que numa sociedade tabagista e alcoólatra como nossa, é muita hipocrisia dizer que a não-legalização (porque não vejo criminalização como uma palavra tão adequada) salva vidas. Porém, antes de ser a favor da liberação da maconha para produção, comercialização e consumo, eu sou a favor de um debate de verdade sobre esse assunto.
E quando eu falo sobre um debate de verdade, eu sugiro que em primeiro lugar o tema não seja olhado de maneira preconceituosa e, em segundo lugar, seja estudado de forma realista. De modo que, inclusive se pense como vai se dar na prática essa legalização. Que seja analisado se o país possui realmente “maturidade” e estrutura para regulamentar o uso da maconha. Já que, aqui quase nada funciona como deveria.
Porque, alguém percebe se existe sinceramente algum interesse em olhar a legalização para além do “oba-oba” dos cartazes empunhados em passeatas de estudantezinhos burgueses que fumam escondido dos pais nas festinhas de faculdade em apartamentos duplex que ficam muito longe das bocas de fumo onde uma legião de crianças e adolescentes não veem outra perspectiva de vida que não seja trabalhar para o tráfico? Se não existe, é melhor parar por aqui.
Para mim, grande parte dos cinco mil que acompanharam a marcha da maconha que aconteceu no último sábado na Zona Sul (detalhe) do Rio de Janeiro, tem um amigo que entra na favela, compra e entrega a maconha no conforto de seus lares e, eu poderia me ousar a dizer com quase toda certeza que essas pessoas, mesmo que a maconha fosse legalizada nesse exato momento, não passariam a cultivar a erva no quintal ou no jardim de casa. Assim como não contariam a seus familiares que usam maconha e tampouco conversariam abertamente sobre isso. E, caso houvesse uma lojinha no bairro onde facilmente pudessem comprar, eu me arriscaria a dizer que eles ainda hesitariam em ir até lá.
Se pensarmos sobre a perspectiva do “pior do que está não pode ficar”, é verdade que o que o tráfico de drogas tem feito nesse país é simplesmente calamidade pública. Mas, até que ponto a legalização da maconha reduz o tráfico e a violência gerada pelo mesmo? A maconha é uma erva natural que pode ser usada para fins medicinais, religiosos e etc e não haveria nada demais em liberar seu consumo, mas e o que seria feito com a cocaína, o crack e as novas drogas sintéticas que ainda estão por vir? Continuariam tendo seu consumo considerado criminoso? Algum político se dispõe a escrever um projeto de lei sensato que não fique engavetado por anos?
Na minha cidade, quem quer comprar maconha sem correr muitos riscos sabe aonde ir e quem quer fumar abertamente sem se preocupar sabe onde ficar. Se você é uma pessoa equilibrada fumar maconha ou encher a cara de cachaça não faz muito diferença e se você é desequilibrado também não. Realmente dá pra legalizar, mas, antes vamos pensar melhor sobre isso?
Hummm...sempre fui contraaa...mesmo seu texto tendo uma ideia diferente da que sempre pensei...acho que existem outras questões por trás disso tudo...sei lá..eu sou contra!
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