A presidente Dilma Rousseff disse recentemente em uma entrevista, que no Brasil de hoje não estuda quem não quer. Ok Dilma, eu concordo com você, já que o acesso à universidade foi fortemente intensificado desde a posse de seu antecessor e, de fato as oportunidades de que um brasileiro conclua um curso universitário hoje são nem sei quantas vezes maiores do que há algum tempo. Assim como é inegável a qualidade de grande parte das instituições públicas de ensino superior em níveis federais e estaduais. Porém, entretanto, todavia, vamos e convenhamos que, com um ensino básico do nível que é oferecido na maioria das escolas municipais – pelo menos nas das bandas de cá – está difícil conseguir chegar até mesmo no ensino médio.
Só para citar um exemplo da desgraça que acomete as escolas responsáveis pela educação básica nessa cidade, apesar de ter feito um concurso faraônico no início deste ano, a prefeitura de João Henrique, mantinha em uma escola de sua rede, uma turma de 3º ano sem aula desde o ano passado, com a desculpa de que não havia professor disponível para ensinar. Mas João, cadê os aprovados no concurso capacitados, habilitados e desesperados para trabalhar? Ninguém sabe, ninguém viu. As escolas vêm apelando para estagiários dos cursos de Pedagogia, que estão sendo jogados sem nenhuma experiência ou orientação, nas salas de aula para alfabetizar vinte, trinta crianças, as quais apesar de estarem no 3º ou 4º ano do ensino fundamental, mal conhecem as vogais.
Na matéria de capa do jornal A Tarde deste domingo mais um registro do tamanho do descaso das autoridades do interior da Bahia com a educação. Segundo o jornal, livros didáticos novinhos e ainda na embalagem que deveriam estar sendo utilizados por 5,9 mil alunos estavam entregues a cupins, traças e morcegos no município de Iguaí. Mofo, goteiras e infiltrações completavam a paisagem de abandono, que funciona como uma prova do quanto andam se preocupando com o dinheiro público – ou seja, meu, seu e nosso – nesse país. A reportagem ainda informava que o local onde ficam “guardados” os livros é de vez em quando invadido por moradores que arrancam uma página ou outra para higiene das partes íntimas. Fazendo com que assim – com perdão do trocadilho – a educação vá literalmente para merda.
É aquela história do velho ditado de que o buraco é sempre mais embaixo. Não adianta criar um sem números de formas de financiamento para que as pessoas consigam um diploma e abandonar crianças em escolas sem água, luz, cadeiras, professores, merenda, livros, nada. Desperdiça-se dinheiro e tempo num jogo de pura enganação que não leva a lugar nenhum. É inadmissível que em pleno ano de 2011, numa capital como Salvador, existam estudantes regularmente matriculados que aos 10 anos não sabem sequer escrever seus nomes. É vergonhoso e nojento como as páginas dos milhões de livros usados para limpar cocô.
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