segunda-feira, 4 de abril de 2011

Porque eu não odeio mais as segundas-feiras

Que saudade do tempo em que eu odiava as segundas-feiras, porque nesse dia eu tinha duas aulas de matemática e depois duas aulas de física e era humanamente impossível prestar atenção nas funções f(x) com tanta coisa pra contar para as colegas a respeito do fim de semana. Como sinto falta do tempo em que eu odiava as segundas-feiras porque minha chefa era praticamente Meryl Streep em O Diabo veste Prada, sem aquela mecha no cabelo e sem que eu tivesse o salário de uma repórter da Vogue. Como era bom odiar as intermináveis aulas de Semiótica em plena segunda-feira às 7 da manhã enquanto eu sonhava em ser contratada pela Revista Piauí e viver feliz para sempre. Como eu queria voltar a sentir a tensão daquela segunda-feira em pé usando um sapato alto num ônibus cheio em um engarrafamento a caminho do estágio pensando em tudo que eu ainda precisava ler para meu trabalho de conclusão de curso. Segunda-feira era o dia do programa da Hebe e da Tela Quente, ou seja, nem mesmo a televisão era boazinha comigo no primeiro dia da semana. Segunda era dia de treino novo na academia, dia de pagar algum cartão de crédito, sempre. Meus prazos, minhas metas, minhas obrigações, meu mau humor matinal por já ter acabado o ilustríssimo fim de semana, era parte da minha natureza odiar as segundas-feiras. E só era pior ainda depois de um longo feriado. Anos e anos detestando este dia. Até que, acordo e descubro que: segunda-feira, hoje eu já não lhe odeio mais, porque não tenho nada para fazer e então você se transformou em um dia como qualquer outro. Meu ódio cultivado por anos e anos perdeu sua lógica diante da sua inutilidade. A segunda acabou ficando tão parecida tanto com o domingo quanto com a quarta. Você é apenas mais um dia, diante de muitos outros dias, sempre tão igualmente chatos. Sendo assim, no dia que minha vida voltar ao normal, quem sabe, te odiar volte a ter algum sentido. Até lá, fique tranquila, não te odeio mais.

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