quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Talking about relationships

Gente, não posso negar que um dos temas sobre os quais eu mais gosto de escrever são os relacionamentos. Tudo isso faz parte do meu Complexo de Carrie Bradshaw. Então, qualquer coisa é motivo pra começar a falar sobre mulheres, homens, namoros, casos, traições, sexo e etc. Sendo assim, aqui vai um textinho que escrevi há um mês mais ou menos about relationships.

Desejo, prazer e ausência
      Envolvida por Ne me quitte pas, na voz de Maysa, que eu penso, que há uma dor, uma irremediável e até mesmo incurável dor, eu diria, inerente a esses três atos de uma grande paixão: desejo, prazer e ausência. Não que eu ache que devam estar escritos nessa ordem, nem que não existam outros. Apenas sei que a maior paixão pela qual fui tomada, resumiu-se nesses três momentos, que não conviviam isolados, se misturavam e se intensificavam uns pelos outros.
      Comecemos então pelo desejo, a força física propulsora de absolutamente tudo na vida. Uma vez li que o desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem, achei perfeito. Assim sou, e acredito que ainda serei por muito tempo. Quase todos os homens com os quais me relacionei me escolheram, não fui eu quem os escolhi. Me desejaram  e depois eu os desejei, porque me desejavam. E se chegamos ao fim, foi principalmente pelo fato de que eu passei a desacreditar no desejo deles e não pelo fim do meu desejo.
      Por que me parece tão mais fácil me debruçar sobre esse questionamento e não qualquer outro? Por que mesmo quando não desejamos mais, dói muito mais saber que não somos desejadas? Se alguém não consegue perceber isso, eu vos dou um simples exemplo. É mais fácil uma mulher se separar de um homem após uma traição dele, do que pelo simples fato de não estar mais satisfeita com o relacionamento. E por quê? Porque a traição é uma representação real do desejo do homem por outra mulher e o desconforto numa relação é simplesmente a representação do nosso não-desejo. Basta parar e pensar, todo mundo já viveu ou conhece alguém que foi envolvido em um desses dilemas.
      Por vezes sofremos só de pensar em como será viver o pós-desejo. E dói, como algo que você não tem forças pra impedir. E porque não paramos por ali? Porque nessa fase o outro ainda nos quer e é fascinante sentir isso. O desejo do outro está presente em tudo nos nossos dias, nas pequenas e grandes coisas. Telefonemas, mensagens, e-mails, na preocupação, e principalmente no sexo. Ele desejando cada milímetro do nosso corpo.
      Pensemos então a respeito do prazer, desde o pequeno contido em coisa simples como um sorriso ou um abraço, até aquele dilacerante que quando se afasta nos faz parecer um viciado em crise de abstinência. Sim, porque, depois de acostumada com tanto desejo, sofre-se de uma dor que só deve se assemelhar a um abstêmio. Morremos por eles dizerem que sentem nossa falta, morremos porque é doloroso acreditar ou não acreditar. O que mais nos arrebenta do prazer é a carência que nos abate quando não o temos mais. Porque somos nós seres humanos tão dependentes de tudo? Tão dependentes dos outros.
      E geralmente a mais incrível relação de nossas vidas é a que mais doeu, do início ao fim. Sim, o prazer também dói, a falta dele representa o desespero de algo não consumado.
      Uma vez eu escrevi um poema de poucas linhas intitulado Sua ausência, poucas coisas doem tanto quanto ausência do outro, quando este outro nos parece indispensável, imprescindível. A ausência, não é a saudade, até porque a saudade é algo que dificilmente eu conseguiria conceituar. A ausência não é buraco enorme, é o que esta dentro dele. É uma entidade não palpável que preenche todo o vazio deixado por aquela pessoa. São dias cinzentos, são noites que não tem fim, é o ato de rolar na cama que parece enorme pelo espaço deixado pelo outro, são as roupas que não estão no armário, é a falta dos programas de fim de semana. É exatamente tudo aquilo onde a gente percebia o outro e não percebe mais. E parece praga, parece éter ou maresia, é algo que inunda gente, que amarga o gosto na nossa boca.
      A ausência é algo tão grande que é capaz de atormentar mesmo quando já estamos com outra pessoa. Pra mim, ela está representada até mesmo nas quase inevitáveis comparações que fazemos com relações passadas.
      É só ausência e isso dói. É não aceitar o fim. É pedir pra que seja só um pouco menos doloroso. É ter todas as esperanças e ao mesmo tempo nenhuma. O último grande ato, última passo pra nova era. Porque enquanto ela incomoda, pode ter certeza que ainda não se desligou completamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário