Em recente pesquisa encomendada e divulgada pelo jornal Correio – o mais lido da capital baiana – o pagode está à frente do axé music no ranking dos gostos musicais dos soteropolitanos. Novidade? Nenhuma. Quem circula pelas ruas e casas de shows da cidade consegue perceber aderência – principalmente das novas gerações – às tribos dos pagodeiros.
Inevitável que o pagode cresça uma vez que ele foi para além de um ritmo musical e se consolidou como uma forma de estar no mundo. Diferentemente do axé music, que acredito eu, nunca teve seu público consolidado para fácil identificação. O público que realmente consome pagode é fidelíssimo e distinto de qualquer outro. Mais que uma trilha sonora, o pagode é um estilo de vida. Independente do teor de suas letras, da forte indústria da pirataria que gira em torno desses hits e de uma série de questões sociais relacionadas ao consumo do pagode, é fato que ele é a representação de uma determinada classe que se sente atendida e não se incomoda com nenhum desses aspectos. O fato é que o pagode é um inegável fenômeno cultural.
Cantor Ed City |
Por isso, para gostar de pagode é preciso ter dinheiro, até porque todo dia tem ensaio de uma banda diferente, toda semana tem gravação de DVD e todo mês tem alguma festa que reúne de cinco a dez grupos e engarrafa a Avenida Paralela por quatro horas e. Também é importante que se tenha disponível um automóvel com uma boa e potente aparelhagem sonora capaz de reproduzir numa altura de inimagináveis decibéis versos do tipo: “ela dá pra nós que nós é patrão.”
Daí é possível entender porque os empresários do ramo estão lucrando com esse boom comercial. Por mais que os grupos de pagode mais populares não tenham seus CD’s a venda nas Lojas Americanas e não estejam aparecendo nos programas de TV dominicais eles dialogam com um povo que gosta do som que é feito e paga - caro – para consumi-lo.
Aos artistas de Axé cabe se adaptar, participando como convidados dos ensaios das bandas do momento e fazendo show em eventos que até um ano atrás eram tidos como territórios de um outro público. Porque, está atestado, o povo gosta é do pagode.
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