segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O povo gosta é do pagode

Em recente pesquisa encomendada e divulgada pelo jornal Correio – o mais lido da capital baiana – o pagode está à frente do axé music no ranking dos gostos musicais dos soteropolitanos. Novidade? Nenhuma. Quem circula pelas ruas e casas de shows da cidade consegue perceber aderência – principalmente das novas gerações – às tribos dos pagodeiros.

Inevitável que o pagode cresça uma vez que ele foi para além de um ritmo musical e se consolidou como uma forma de estar no mundo. Diferentemente do axé music, que acredito eu, nunca teve seu público consolidado para fácil identificação. O público que realmente consome pagode é fidelíssimo e distinto de qualquer outro. Mais que uma trilha sonora, o pagode é um estilo de vida. Independente do teor de suas letras, da forte indústria da pirataria que gira em torno desses hits e de uma série de questões sociais relacionadas ao consumo do pagode, é fato que ele é a representação de uma determinada classe que se sente atendida e não se incomoda com nenhum desses aspectos. O fato é que o pagode é um inegável fenômeno cultural.
Cantor Ed City
Prova disso é que os pagodeiros, tanto quando reunidos em seus grupos ou quando perambulando avulsos pelas ruas de Salvador, tem uma série de códigos que os tornam seres de facílima identificação. As tatuagens com os nomes da mãe ou dos filhos, roupas da marca Cyclone ($$), as pesadas correntes de prata ($$$) e os celulares de última geração ($$$$) ou caixas de som no viva voz, dão a dica a qualquer desavisado de que ali se encontra um pagodeiro nato. 

Por isso, para gostar de pagode é preciso ter dinheiro, até porque todo dia tem ensaio de uma banda diferente, toda semana tem gravação de DVD e todo mês tem alguma festa que reúne de cinco a dez grupos e engarrafa a Avenida Paralela por quatro horas e. Também é importante que se tenha disponível um automóvel com uma boa e potente aparelhagem sonora capaz de reproduzir numa altura de inimagináveis decibéis versos do tipo: “ela dá pra nós que nós é patrão.”

Daí é possível entender porque os empresários do ramo estão lucrando com esse boom comercial. Por mais que os grupos de pagode mais populares não tenham seus CD’s a venda nas Lojas Americanas e não estejam aparecendo nos programas de TV dominicais eles dialogam com um povo que gosta do som que é feito e paga  - caro – para consumi-lo.

Aos artistas de Axé cabe se adaptar, participando como convidados dos ensaios das bandas do momento e fazendo show em eventos que até um ano atrás eram tidos como territórios de um outro público.  Porque, está atestado, o povo gosta é do pagode.

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