sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A terra de ninguém

Sabe aquela mulher linda que faz questão de se tornar feia? Aquela deusa que sem muito esforço se tornaria o desejo de qualquer homem ou mulher, mas que sabe deus porque  se traveste de cruzamento de cruz credo com cavalo do cão e sai na rua com um corte de cabelo que parece ter sido feito por navalha cega e com maquiagem de quem vai roubar o emprego dos palhaços Patati Patatá? 

Essa é a Bahia. Uma mulher linda e desejável que resolveu se enfeiar ao máximo para o resto do mundo. Um estado rico, repleto de belezas naturais e com uma diversidade cultural que faz inveja a muita gente, mas que embrulha tudo isso e joga no lixo sem dó, nem piedade.  Perdeu fácil como destino turístico para cidades muito menos desejáveis quem não tem um terço do que há por aqui e envergonha qualquer baiano que vai ali do lado, em Aracaju.

Salvador, sua capital, tem sido o quartel general do desgoverno e da falta de tudo, principalmente de respeito por uma população que agoniza nas filas dos hospitais, dos ônibus, dos desempregados, dos mortos de fome e de tudo mais que dependa daqueles que foram eleitos nas urnas para fazer as coisas darem certo e não fazem nada. Aliás fazem, cumprem com esmero a função de acabar com a cidade.  Uma grande lixeira a céu aberto enfiada em um buraco, aliás, em vários buracos que viraram característica da paisagem da cidade, sem calçadas e sem asfalto. Deve ser por isso que o prefeito fujão estava ontem correndo em Copacabana, porque lá se tem onde correr, enquanto aqui só se tem onde morrer, já que em apenas uma madrugada se consegue ter mais mortes do que um mês inteiro.

O terror instaurado pela greve dos policiares militares que começou há dois dias é só uma demonstração de onde vai dar esse bolo que não para de crescer e que está recheado pelas legiões de pedintes que enfeitam como suvenires todos os cantos da cidade guiados pelo crack que conseguiu transformar a paisagem do Centro Histórico, pelas crianças analfabetas e esfomeadas entregues a estudantes de pedagogia que sem nenhum preparo são jogadas dentro de arremedos de salas de aula, pelo medo de sair de casa todos os dias para trabalhar e não conseguir voltar vitimado por um assalto ou mesmo por uma polícia que cega a murro os cidadãos. Esse caos é só uma amostra de que o fim de mundo já chegou aqui, pois o cenário atual da velha Bahia é igualzinho ao de qualquer filme apocalíptico baseado na pior das piores profecias.

* as imagens utilizadas nesse texto foram retiradas do facebook 

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