sexta-feira, 22 de julho de 2011

Porque Vale Tudo em vez de Insensato Coração

Odete Roitman e Mária de Fátima, principais personagens de ValeTudo

Eu já nem lembro quanto tempo fazia que eu não acompanhava uma telenovela. É bem verdade que, ultimamente, o computador está muito mais presente em meus hábitos cotidianos do que a televisão. E, também por esse motivo tenho me afastado cada vez mais das tramas das seis, das sete, das oito e agora, das onze.

Porém, mesmo passando cerca de 8 horas por dia diante do computador, foi irresistível nos últimos meses que eu acompanhasse, graças ao Canal Viva, a reprise de um dos maiores clássicos da teledramaturgia brasileira: Vale Tudo. A reapresentação da consagrada história fez um sucesso inacreditável não só na TV, como também no twitter. Prova disto é o fato de que na madrugada em que foi exibido o assassinato da principal personagem da trama, Odete Roitman, seu nome foi parar nos Trending Topics, rememorando o sucesso causado pela cena quando exibida pela primeira vez na noite de Natal de 1988.


Mas porque Vale Tudo – salvas as proporções desses 23 anos - voltou a ser uma febre nacional? Choveram artigos e reportagens na internet nos últimos meses falando sobre esse fenômeno e a resposta é de uma simplicidade absurda: a trama assinada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères é mais atual do que qualquer coisa que passa na televisão atualmente.

Essa mania adquirida nos últimos anos de fazer novela que culturalmente só pode representar seres de outro planeta faz com que eu não consiga passar cinco minutos suportando ver as cenas da vingança de Norma em Insensato Coração (que por sinal também é de Gilberto Braga). É muita falta de senso da realidade. Capítulo após capítulo uma porção de sandices sem a menor identidade exibidas em centenas de telas com hight definition

Norma e Léo, os vilões (?) de Insensato Coração

Houve tanta evolução tecnólogica no modo de fazer novela, mas, em compensação os autores desaprenderam a escrever bons textos. É muito beijo e muita bunda pra pouco roteiro. Isso para não falar na (falta de) qualidade dos atores. Não aguento mais ver tanta loira botocada jogando cabelo. Os veteranos estão de saco cheio e os novatos querem apenas mostrar que são lindos. Haja paciência!

Ver Vale Tudo – já que a primeira vez que a novela passou eu tinha apenas 2 anos – foi uma oportunidade de ter certeza que nesse país tudo pode ficar pior do que está. Se poucos anos após o fim  do Regime Militar a Rede Globo era capaz de levar aos lares brasileiros um texto contestador, realista e atemporal, porque que agora que o Brasil é “um país de todos” é tão impossível fazer algo minimamente plausível?


Se as novelas dizem muito sobre a sociedade na qual estão inseridas – como dizem os estudiosos da área – que porra de sociedade é essa que veta beijo gay e sonha com uma mulher robotizada em pleno século XXI. Ai que vergonha eu sinto desse “meu tempo”!

2 comentários:

  1. Como sou desprovida de tv a cabo e nao tenho acesso ao canal Viva,to totalmente por fora de como foi essa novela mas de tanto elogiarem,fiquei curiosa.Ainda mais vendo as tramas atuais,todas iguais.

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  2. Diante de tanta perspicácia eu fico retardada!
    Sensacionalístico, ídola!

    O canal VIVA também me proporcionou isso.
    E acho que ajudei lá nos Trending Topics, rsrs.

    Eu vivo a dizer que não quero enxergar o reflexo do "meu tempo" nas novelas. É muita sandice!

    Agora o SBT se superou na questão do beijo gay.
    Super! Amadorei!
    http://www.youtube.com/verify_age?next_url=http%3A//www.youtube.com/watch%3Fv%3D0Tp8O3Lg61A
    Talvez a cena não tenha sido fiel - vi alguns gays criticarem. Mas, deu-se o pontapé inicial. Isso é muito, num país de todos que é feito para poucos.

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