Ontem li um texto no blog de Clarissa Corrêa que falava um pouco sobre um assunto que há muito tempo quero escrever: o quanto a internet - em especial as redes sociais - tem tirado dos seres humanos a dimensão de que eles não são o centro do universo. É a revolução do próprio umbigo.
Enquanto Clarissa abordava a questão de que hoje não basta só viver é preciso expor o que se vive na internet, eu vou além e digo que as pessoas estão guiadas pela sensação de que é preciso dar satisfação da sua vida ao resto da humanidade, sempre. O fim do relacionamento, o parto da irmã, o calote dado por alguém, o churrasquinho pra íntimos na casa da sogra ou o dia entediante no trabalho, tudo precisa ser postado o tempo inteiro sem parar.
É incrível como aquela pessoa acha que você precisa saber que ela está indo malhar, comprando um novo notebook, tomando Activia ou estudando semiótica. As pessoas não vivem suas vidas, elas twittam suas vidas. A existência delas se distribui em 140 caracteres ao longo do dia. As pessoas comem, cagam, andam com seus smartphones em mãos porque acham que aquela informação de que elas estão comendo, cagando e andando interessa a toda a web. É de lascar!
Ah e o facebook? Se Mark Zuckerberg fosse cobrar aluguel de todas as pessoas que “moram” no facebook, sua fortuna seria simplesmente triplicada. E quando eu digo "moram" é porque tem gente que parece não ter vida para além daquela rede. É tanto álbum, tanto vídeo, tanto link, tanto joguinho imbecil, tanta gente que não te conhece respondendo pergunta sobre você e tanto “o que você está pensando agora” que enlouquece qualquer um. As pessoas começaram a agir como no Orkut, parece que elas criam fotos, eventos e etc, só pra ter o que atualizar em seus perfis. E há quem viva a espera da mensagem de que fulano de tal está em um relacionamento sério ou tem 50 novas fotos. Tem “amigo” que faz você se arrepender de ter o adicionado daqui até a eternidade. Não me marque em uma foto que eu não estou, não me convide pra um evento que eu não vou e definitivamente eu não vou aceitar sua solicitação para passar meus dias construindo uma cidade imaginária, porque eu fazia isso quando tinha doze anos.
Talvez o egocentrismo tenha achado na internet o terreno ideal para se proliferar. A dúvida é se estamos andando para frente ou para trás, ao nos tornarmos avatares de nós mesmos nesse mundinho que cabe dentro da tela de um iPhone e no qual, só existe quem está lá.
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