Era natural que eles se perdessem um do outro. Sim, tinha sido incrível, fantástico e inacreditavelmente bom, mas era natural que depois de um tempo cada um seguisse seu caminho. Deixando para trás tardes, noites e manhãs. Guardando apenas as lembranças dos cheiros e dos gostos e dos olhares. Era natural que fosse assim. Mas não foi. Não foi mesmo. Logo ela estava sentada a lembrar de cada palavra dita por ele. Sílaba por sílaba sussurrada em seu ouvido. A boca quente e os corpos cansados, tudo inexplicavelmente guardado em um compartimento de fácil acesso em sua memória. Pensar que o mundo é tão vasto e deveria ser tão mais fácil se perder de alguém. E ainda mais fácil seria achar outra pessoa. E há quem fique como um pássaro numa gaiola aberta, que está livre mais não voa. Lembra, lembra, até que não aguenta mais e tem vontade de sair correndo para reviver aquilo tudo de novo. Pronta para se entregar e novamente ter que se perder. Porque se perder é o que é mesmo natural.
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