segunda-feira, 28 de março de 2011

Bruna Surfistinha: eu não indico

Na última década o cinema nacional se reinventou e atingiu um reconhecido patamar, não só diante dos próprios brasileiros, que passaram a apreciar muito mais a produção interna, quanto diante do cinema internacional, que já lança outros olhos sobre o que se faz por aqui, haja vista as reconhecidas premiações. Nesse contexto, passou a se desenvolver no cinema brasileiro uma recorrente produção de filmes biográficos, de modo que não se passa um ano nesse país sem o lançamento de uma ou outra cinebiografia, até porque, as tramas que dão conta de narrar histórias reais parecem uma escolha certeira para rentáveis bilheterias. Por isso não foi à toa que a trajetórias como as de Cazuza, João Estrella (o Johnny de Meu nome não é Johnny), Chico Xavier, dentre outras, foram parar nas telonas do país nos últimos anos e tiveram um ótimo retorno do público.

Inevitavelmente, nem toda vida de alguém que vira filme tem mesmo tanta relevância ou dá caldo suficiente para garantir indicações e boas críticas. Algumas, mesmo com um bom elenco e nomes de peso por trás das imagens, não conseguem nos dizer pra que vieram. Um exemplo disso -  pelo menos para mim e para algumas pessoas com as quais conversei - foi o récem-lançado Bruna Surfistinha. O filme que conta a história da garota de classe média paulista que abandona a família e se torna prostituta ninguém sabe muito bem por que, não tem nada de verdadeiramente extraordinário. 

Para começar, a produção não é nenhuma grande coisa, não sei se pela história da própria Raquel Pacheco (nome real de Bruna) ou se pelos rumos dados a biografia dela pelos roteiristas e pelo diretor. O ponto de partida é um livro que eu não li, escrito pela própria biografada, mas que, pelo que vi nas críticas, foi deixado de lado pelos roteiristas, pois andam dizendo que eles não colocaram no filme fatos essenciais que nos fariam entender melhor a complexa (?) Raquel. 

Em alguns momentos, achei o filme machista demais, reafirmando algumas visões bem caretas do imaginário sobre a prostituição. Em outras partes achei fantasioso demais. Num terceiro momento senti que assistia a mais uma história cheia de lugares comuns sobre ambição, drogas, sexo e etc. O filme é excessivamente egocêntrico e a história de Raquel Pacheco retratada não tem a densidade suficiente para segurar os 109 minutos de duração da trama.

Outra coisa que não posso deixar de falar é sobre a falta de criatividade no enredo, devo confessar que a narrativa linear é pra mim um verdadeiro porre, essas historinhas de começo, meio e fim, necessariamente nessa ordem, me dão um tédio incrível e não me prendem mais a tela.  Fora isso, apesar de um trabalho relativamente bom de Deborah Secco e companhia, o elenco não se dá muito, senti que as atuações estão bem mecânicas e caricatas. Além do mais, revemos mais uma vez a praga das redundantes narrações em off que ou explicam o que já está sendo visto, ou deixam transparecer a falta de confiança que o próprio diretor tem a respeito da força das imagens que mostra. Assim, não dá.

Para mim o filme é apenas uma história meio preguiçosa de uma vida que não tem nada de tão interessante pra ser dito e com uma atriz de novela das oito no papel principal para garantir sucesso nas bilheterias. Nem mais e nem menos e por isso eu não o indico.

Um comentário:

  1. Eu achei tudo caótico... o elenco no geral, Deborah Seco, o roteiro, a fotografia, iluminação, dentre outros. Péssimo!
    E, com certeza, o filme não se assemelha nem em 50% ao livro. Mas, que fique claro, isso não torna a biografia de Raquel Pacheco melhor.

    Na sessão que eu fui... 30% dos presentes (que não passava de 30 pessoas) saíram na metade da exibição.
    Um fracasso retumbante!

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