sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Eu não acredito na morte como fim e sim como passagem. Por mais que o universo seja enorme e a vida seja uma coisa meio inexplicável, ainda acho que tudo isso aqui é muito pouco. Mas que coisa louca é essa que a morte faz na cabeça da gente que fica aqui, atônito, como quem não sabe onde por as mãos, toda vez que alguém passa para outro lugar?  Se alguém me perguntar se eu tenho medo da morte, minha resposta é não. Se alguém me perguntar se eu tenho medo de que alguém muito próximo de mim morra, minha resposta é sim, sempre. Por mais bem resolvida que a gente seja espiritualmente, nunca é fácil. Eu não sei confortar pessoas que perderam alguém, eu não sei o que dizer. Talvez por inexperiência, talvez pelo simples fato de não me cair bem o “sinto muito”. A gente nunca sente tanto quanto as pessoas que queremos consolar. Meu silêncio é também o pouco de respeito com uma dor alheia que, irremediavelmente, nunca poderia doer igual em mim. As religiões tentam dar conta de nossas dúvidas a respeito de toda essa viagem aqui e, ainda nos inquieta inevitavelmente ser afastado das pessoas que amamos. Mesmo que isso seja temporário, mesmo que um dia a gente vá se reencontrar, mesmo que exista data e uma missão a se cumprir. Seja aquele que padece com alguma doença, ou quem nos é tirado de surpresa e tão precocemente, nós, humanos, adultos, sabedores dessa espécie de fim, ainda não conseguimos engolir muito bem isso. É tão natural como o nascer e ao mesmo tempo tão inadmissível. Sofrer por isso é normal, faz parte, mas sobrevivemos e passa. Porque é possível, porque a vida e a morte estão acontecendo o tempo inteiro a nossa volta. E mesmo com toda a tecnologia, ainda não há nada que nos impeça desse irrefutável golpe do destino. Talvez nunca haja. Aos que ficam é preciso superar e sobreviver. Não dá pra morrer junto. Mesmo sabendo que não é tão simples assim.

Um comentário:

  1. Invadiu minha alma.
    Excelente texto!
    Me fez tanto pensar nesse aqui: http://costadealmeida.blogspot.com/2011/01/morte-de-pedro-e-minha-vida_31.html

    Como sempre, incrível ídola!

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