Eu sou feminista. Não de empunhar bandeiras, declamar hinos ou caminhar por horas em passeatas. Mas de discutir com argumentos suficientemente inteligentes seja lá com quem for sobre as conquistas e lutas das mulheres em prol de seus direitos. E, talvez por ser feminista eu me sinta incomodada diante de determinados fatos que esfregam na minha cara o quanto “anti-mulher” a sociedade brasileira ainda consegue ser. Pois é, ainda que já tenhamos conseguido eleger uma mulher à presidência da República, existem certas coisas que nos mostram o quanto precisamos andar por léguas e léguas para virar um país de gente. O preconceito, principalmente contra tudo que é feminino, continua vigilante e colocando as manguinhas de fora sempre que pode.
Sinto um desconforto imenso quando, por exemplo, vejo todos os dias na SKY (a primeira e maior operadora de TV por assinatura do país) uma série de comerciais nos quais, a top model Gisele Bündchen - atuando muito mal por sinal - esfrega o chão, recolhe roupas espalhadas e varre a casa enquanto seu marido desfruta de todos os benefícios da SKY HDTV e só se lembra que ela existe na hora de lhe mandar pegar uma cerveja na geladeira. Gente, onde os publicitários estão com a cabeça? Achei que os responsáveis por propaganda no Brasil já soubessem que as mulheres servem para outras coisas além de lavar chão, catar cueca e pegar uma bebida para os machos. E você Gisele, que nem sequer precisa do dinheiro da SKY, será que poderia representar um personagem menos pejorativo? Que raiva!
Num outro surto televisivo de demonstração do machismo, andei lendo – lendo, porque ainda não consegui assistir – que os caras da bancada do CQC ( programa que até nesse instante era pra mim um bálsamo na programação da TV) resolveram falar mal do Mamaço, uma manifestação na qual mulheres se reuniram para amamentar seus filhos depois que uma mãe foi impedida de dar mama a seu bebê em público. Os comentários e piadinhas deferidos por Rafinha Bastos iam desde comparar os seios femininos com um rocambole, até dizer que as mulheres gostam de amamentar em público porque querem despertar o desejo sexual masculino. Soube até que os apresentadores se lamentaram por nunca terem visto alguém com atributos de Bündchen (ó ela aqui de novo) amamentando por aí. Até tu Tas? Que decepção!
Parece que o mundo dos homo sapiens acredita que as fêmeas de sua espécie não vivem pra outra coisa que não seja satisfazer as vontades sexuais masculinas. Ou seja: fazer o pau subir e depois fazer o pau descer. Pobre dos idiotas – de ambos os sexos - que não conseguem abrir suas mentes e perceber que ainda que sejamos biologicamente diferentes, socialmente precisamos ter os mesmos direitos.
Em meio a tantas situações escabrosas envolvendo mulheres, enfim uma notícia relativamente boa. Será realizada no próximo sábado em plena Avenida Paulista a Marcha das Vagabundas (tradução que está sendo utilizada para o movimento SlutWalk). A passeata aconteceu pela primeira vez no Canadá, no mês passado, onde três mil pessoas foram às ruas protestar após um policial canadense causar polêmica ao declarar em uma universidade que mulheres devem evitar se vestir como vagabundas para não ser tornarem vítimas de abuso sexual. Como aqui, há pouco mais de um ano o incansável exército anti-mulheres foi capaz de quase linchar uma estudante dentro de uma faculdade por causa de um vestido, o movimento se faz mais do que necessário. Respeitar uma pessoa independentemente de ela usar saia, calça, vestido, burca, shortinho ou qualquer outra coisa é o mínimo que se espera de uma sociedade na qual as pessoas devem ter livre arbítrio. Pelo menos isso!
Posso dizer que ainda me choco com certas coisas, pela pura ingenuidade de acreditar no ser humano e imaginar que estamos evoluindo. Todavia a cada dia que passa, é realmente cada um por si e quem sabe Jesus Cristo por todos. A nossa luta é grande e incansável!
ResponderExcluirSem dúvidas!
ResponderExcluirImagine se todo estuprador respeitasse roupa? Até parece que é assim... Quer dizer, a responsabilidade/culpa é da mulher, não do doente/tarado?! Ora essa! Isso que fazemos não é feminismo, é luta por direito a respeito pelas diferenças. Não podemos querer direito igual aos dos homens, o que eles fizeram até hoje sempre deu errado para as diferenças e certo, apenas, para os da curriola. Hora de clamarmos pela justiça JUSTA, onde todos, TODOS, devem ter seus direitos naturais garantidos, independente do falso moralismo que se instituiu no mundo. Que moral esses seres têm de condenar alguém pelo que veste, pela cor que tem, pela religião que segue... há de se respeitar a vida de cada um, isso sim! E, outra coisa, desde quando amamentar é um ato obsceno? Somente esses filhos de chocadeira - que me perdoem as galinhas - são capazes de pensar assim! Revoltante!
ResponderExcluirRecentemente foi publicado na revista Rolling Stones Brasil, um trecho do stand up comedy de Rafinha Bastos, no qual ele profere: "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço."
ResponderExcluirAo ler tal comentário, primeiro fiquei em estado de choque, pra depois me super revoltar.
Vivemos numa sociedade hipócrita, onde fingimos uma evolução que, de fato, só ecoa estagnação e retrocesso.
Também sou feminista, minha ídola. Também não destas de queimar sutiãs, maas destas, como você, de defender um espaço que é arduamente conquistado e tão fracassadamente não respeitado.
Gisele é mais um subproduto do mercado machista ainda predominante em nosso país. Não sei se ela é assim porque acredita nesse posicionamento, ou se sucumbiu financeiramente.
E NÃO, o CQC não é mais um bálsamo da TV brasileira. Há muito...
Priscila, duvido muito que Gisele tenha sucumbido financeiramente, uma vez que ela está prestes a se tornar a primeira mulher brasileira bilionária, acredito de verdade que ela seja mesmo mais uma completamente oca, que poderia usar seu poder midiático a favor de coisas mais interessantes.
ResponderExcluirQuanto a Rafinha Bastos, o que ele diz no stand up comedy dele é menos nocivo - em níveis númericos - do que ele falou na bancada de um programa como o CQC.E agora, estou também muito chocada com a resposta de Marcelo Tas às críticas do que com o fato em si. É mesmo um absurdo!
No mais, agradeço todos os comentários e também a divulgação que vejo pelo facebook e twitter. Valeu!
Não falei em sucumbir financeiramente por necessidade, e sim por ela ter pra si aquela máxima: quanto mais tenho, mais quero!
ResponderExcluirEnfim...
Quanto a Rafinha Bastos, seria menos nocivo se não houvesse toda a mídia repassando tamanha barbaridade. Inúmeras revistas reproduziram, sites infindáveis e até mesmo o proprio CQC.
Lamentável!
Oi, tudo bem ? Vim agradecer a visita lá em casa, smm.Pois é, o machismo é uma coisa estranha.Pra mim a pior parte sempre são as mulheres, os homens eu tiro de letra, vem de casa o meu conhecimento do machismos masculino...mas de mulher eu não tolero.Assim como essa Gisele...Eu moro perto do teatro do Rafinha Bastos, pois é, passei perto hoje e tinha gente na fila para comprar o ingresso do show dele...mais mulher do que homem..pagando trinta reais para ouvir piadas sobre estupro..isso é inaceitável...sem esse público ele vai a falencia,mas fazer o que?
ResponderExcluirBeijos
Tb acho q nao seja uma questão financeira e sim por ela ser como vc disse, uma mulher "oca"..pensei q essa propaganda so estivesse me incomodando...Tanta criatividade na nossa publicidade,e me fazem uma propaganda desse tipo?!lamentável
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