Nos ensinaram que amor rima com dor, depois disso, amar e não sofrer passou a ser a coisa mais estranha e difícil desse mundo. Pois é, quem tratou de afirmar e reafirmar isso, foram os nossos ilustríssimos compositores e intérpretes da MBP. Inventaram de colocar nas letras de suas músicas que a gente devia se arrastar, se humilhar, apanhar, fingir que era feliz sem ser, ficar em casa feito idiotas fazendo docinhos com açúcar e com afeto, guardar o melhor vestido pra quando o cara resolvesse aparecer. Até que a gente pesava feito cruz nas costas deles e ficava em mil pedaços toda vez que alguém saía da nossa vida, passando não sei quanto tempo vivendo com o intuito de mostrar que estava bem demais. Deixaram a casa vazia pra gente lembrar da pessoa em cada canto ou até mesmo dentro de um livro. Vivemos de enumerar desamores e suas consequências. E assim, quebramos xícaras, arranhamos discos, pixamos muros, andamos sem rumo na rua e voltamos pra casa, abatidas e desenganadas da vida, exatamente como nos ordenavam as vozes de diversas mulheres. Nos disseram que a canção só tocava na hora errada e a gente só queria saber de que forma mesmo eles iam embora. Depois virava um barco, sem porto, sem rumo, sem vela ou pista vazia esperando aviões. Enquanto cantavam em alto e bom som que o amor só é bom se doer, e que ainda que a gente rodasse o mundo continuaria gostando daquela mesmíssima pessoa. Sugeriam-nos começar tudo outra vez mesmo sabendo que lá no fim ia dar tudo errado de novo. Criaram essa coisa de que o amor não tem pressa e pode esperar em silêncio, só pra querer viver pra esperar, esperar e se interessar por raspas e restos. MPB você só nos ensinou a sofrer.
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