quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quando só nos resta pedir pra viver

Eu não faço a menor ideia de quantos assaltos à mão armada aconteceram esta manhã em Salvador. Só sei que um deles foi comigo. Não sei quantas mulheres foram xingadas de 'putas' a caminho do trabalho, sob a mira de uma pistola que eu não faço a mínima ideia do calibre, mas que o rapaz de no máximo 18 anos, fez questão de dizer que dispararia na minha cara se eu ousasse correr. Não consigo lembrar quanto tempo exatamente durou aquilo que pra mim, sozinha, num lugar deserto, levou uma eternidade desesperadora. E eu lerda, como quem acabava de tomar um remédio tarja preta, só conseguia dizer baixinho, quase sussurrando, que lhe entregaria o celular, mas que o dinheiro que ele queria, eu não tinha. Nesse momento, talvez a cara dele tivesse mais desespero do que a minha, porque se contentou em levar apenas o celular. Enquanto ele caminhava no sentido contrário ao meu, não tenho noção de onde tirei a ideia de sair, em vão, em busca de uma viatura policial para que me socorresse ao menos da sensação de vulnerabilidade que a criminalidade nos impõe. Sei que não encontrei nenhuma. Não lembro como conseguia andar, já que meu corpo tremia por completo como se me implorasse pra que eu parasse. Eu  ainda tentava me acalmar, pois estava sem rumo e morrendo de medo. Eu não encontrava desespero maior do que o vazio, causado pela sensação de que eu estava ali sem saber o que fazer. Eu realmente não sei quantas pessoas sentiram isso, mas em todas as rodas que freqüento, cada pessoa tem pelo menos uma história de assalto pra contar. Eu mesma já tinha uma, agora tenho outra, mas recente e bem pior. A sensação de ser assaltada, estando sozinha, torna-se ainda mais insuportável. No fim de tudo, todos que já passaram por isso, acabam se contentando pelo fato de ao menos não terem perdido suas vidas. Foi exatamente o que senti hoje, vendo aquela arma, naquele curto espaço de tempo e pedindo por dentro pra que ela fosse mesmo só pra me assustar, pedindo pra que ele levasse tudo, mas simplesmente me deixasse viver.

2 comentários:

  1. Meu Deus Daza,que horror!Por isso te liguei hoje e deu caixa,também te mandei mensagem.
    Essa criminalidade tá cada dia pior e o que me deixa muito,mais muito mais triste,é saber que isso só vai piorar.
    Eu imagino o quão vulnerável vc se sentiu e a sensação desesperadora de impotência.
    Ultimamente só nos resta pedir proteção a Deus todos os dias antes de sair e se de fato formos surpreendidos,nos humilharmos mesmo e implorarmos aos banditos pelas nossas vida,a única coisa que não podemos recuperar.
    A que ponto chegamos viu?! Francamente...

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  2. Que chatoo Daza,eu tb ja passei por isso mesmo..uma sensação de vulnerabilidade, de impotência...mas é como vc falou, e que infelizmente temos que nos contentar, o bom é q eles ainda nos deixam viver..!

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