terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Velho Noel,

Eu nunca acreditei no senhor, cresci aprendendo a não acreditar em conversa de homem, nenhum homem. Desculpe-me, mas é que por aqui o que mais tem é velho barrigudo de barba branca sem o menor caráter. Então só agora, aos 24 anos, tomo coragem pra te escrever uma cartinha. É bem verdade que nessa era, seria melhor eu mandar um e-mail, mas não sei se suas assistentes cheias de blush que passam o dia em pé nos shoppings centers suportando crianças mal educadas e pesadas de tanto comer batata frita, têm tempo e paciência para gerenciar sua caixa de entrada no correio eletrônico. Tive medo que minha mensagem se perdesse pelo antispam.

Se o senhor consultar aí os seus registros, acredito que tenha um banco de dados já que passa os 11 meses do ano fazendo a mesma coisa que a maioria dos parlamentares brasileiros - ou seja, nada -  vai ver que pelas bandas do Pólo Norte nunca chegou correspondência minha, ainda que eu soubesse escrever muito melhor do que muita criança que ganhou bicicleta Caloy, mas tudo bem, eu nunca fiz questão de ter bicicleta. Então, por nunca ter lhe escrito nem mesmo um bilhete em papel de pão, acredito que eu tenha muito mais moral do que aquelas coleguinhas minhas que acordavam com uma linda barbie,  novinha em folha na manhã do dia 25 de dezembro. 

Com meu saldo, eu poderia te pedir tantas coisas, que se você fosse cumprir minha lista teria que passar dias e dias nas Americanas.com fazendo minhas compras e precisaria mesmo de um cartão de crédito sem limites. Mas, como me ensinou minha querida mãe, a gente tem que ser humilde na hora que pede para que a pessoa que atende nossos pedidos seja generosa. Então Noelzinho querido, venho aqui com toda a minha humildade pedir uma lembrancinha singela, que talvez não te custe mais que dois telefonemas do seu Iphone, porque sei que o senhor é um cara cheio de contatos aí nesse saco vermelho. 

Eu podia estar te exigindo que me mandasse um carro do ano ou um corpo de modelo, como tantas outras pessoas da minha idade querem. Mas, eu vou ser humilde mesmo. Teria como o senhor me arranjar um emprego? Sou uma moça estudada, como já deve saber, me formei em Jornalismo em universidade pública, nunca repeti matéria, nunca apliquei trote em calouro – e olhe que uns bem que mereciam -, me comportei nos estágios super mal remunerados e tenho boas referências. Fala pra alguém do meu currículo, dê o endereço do meu blog, manda me chamarem pra uma entrevista, me indica, per favore. 

Te prometo que, assim que eu for contratada, escrevo um texto de três laudas, agradecendo ao senhor e garanto que me comporto bem melhor do que aquelas crianças que destruíam em 24 horas os brinquedos que você se acabava todo pra colocar no sapatinho, depois de passar sabe lá quanto dias sendo arrastado naquele trenó. Então quebra esse galho pra mim. Tô doida pra ver minha carteira de trabalho assinadinha. Como o senhor já tem seu emprego há muito tempo não tem noção da angústia que vivo e eu não vou nem te falar dos níveis de desemprego no Brasil. Me dá esse presente e até mesmo o senhor, vai ficar feliz só de ver o quanto eu vou me alegrar. 

Beijo me siga

Um comentário:

  1. kakakakakaka...adorei o textoo, espero e tenho certeza que seu pedido sera realizadoo..

    obs: dei boas gargalhadas na hora que vc cita a barbie,porq eu sempre ganhava barbie,casa da barbie,e todas essas futilidades de menina!!kkkk

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