Nesses crimes que ganham o mundo, o que me interessa não são os assassinatos em si, mas as narrativas desenvolvidas a partir das histórias. Sim, porque crimes chocantes acontecem todos os dias, em todos os lugares. Infelizmente não é tão raro que filhos matem pais, pais matem filhos, maridos matem esposas e etc. Porém, os veículos de comunicação não podem dar conta de noticiar e esmiuçar todas essas histórias. E assim, algumas são eleitas para figurar as páginas dos jornais e essas passam a repercutir e chocar a opinião pública. É assim não só no Brasil, mas em diversos lugares do mundo.
Não sei quando começou meu interesse por crimes de repercussão – como gosto de chamar esses casos -, no entanto é fato que ele se aguçou a partir da idéia de escrever sobre uma história que aconteceu aqui na Bahia há quase 10 anos. Quando eu e Kelly resolvemos produzir um livro-reportagem sobre o caso Lucas Terra – jovem de 14 anos, queimado vivo por integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus - passamos a devorar tudo que aparecia em nossa frente sobre outras histórias semelhantes, no que diz respeito à cobertura jornalística. Eu me lembro das noites que passei em claro impressionada com as coisas que lia sobre crimes e assassinos bárbaros. Sem falar nas inúmeras horas de entrevista que causavam um cansaço mental sem igual, no desgaste emocional provocado pelas repetidas idas a Catedral da fé, na abdicação do lazer e nos atrasos ao trabalho gerados pelas demoradas consultas aos processos. Mas, não posso negar que sentia um prazer em tudo aquilo e vivia uma onda de devoção doentia ao tema.
Nesse contexto, não era de se estranhar que eu estivesse acompanhando até a última linha o Caso Nardoni. Eu já havia lido e visto as principais notícias sobre o crime, a perícia, o julgamento e consigo me lembrar exatamente onde eu estava um pouco depois da meia noite do dia 27 de março, momento em que a Rede Globo interrompeu sua programação para transmitir ao vivo a leitura da sentença dos réus. Fui até a frente da televisão, a condenação já era esperada, mas meu arrepio foi inevitável. Mais uma vez, eu quis estar exatamente naquele plenário para viver o que acontecia ali.
Aquela altura eu já sabia que Ilana Casoy, uma especialista há anos em crimes violentos, escrevia um livro no qual ela se comprometeria a contar tudo que acontecia naquele julgamento. Isto porque, no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos – morro de inveja disso - , os júris não podem ser televisionados. Eu conhecia a narrativa de Ilana, pois seu livro sobre o caso Richthofen fez parte da bibliografia do meu trabalho de conclusão de curso e por isso não tinha dúvidas de que ela me colocaria sentada dentro daquele Tribunal através de seu texto. Dito e certo.
Ontem, Ilana esteve aqui em minha cidade, na Livraria Saraiva, para o lançamento de A prova é a testemunha(Larousse). Eu e minha companheira de aventuras jornalísticas, acompanhadas de nosso padrinho literário, Eduardo Dorea, fomos até lá. Nosso objetivo era, além de ter um exemplar com dedicatória da autora, entregar a ela nosso livro sobre o caso Lucas Terra. Graças a Dorea, Ilana já sabia da existência de nossa produção e, bastante simpática, nos disse que iria ler nosso material. A autora começou um bate papo que durou até as 22h, quando fomos informados de que a livraria precisava fechar. E eu pensei: porque ninguém teve a idéia de criar livrarias 24h?
No caminho de volta pra casa, não conseguíamos falar sobre outra coisa que não fosse o Caso Nardoni e eu, como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo, mal continha meu desespero em ler o livro. Eu já tinha lido a orelha e uma parte do prefácio em pé, enquanto esperava as despedidas.
Hoje só não me dediquei exclusivamente à leitura por falta de tempo e não de vontade. Ainda experimento as seqüências iniciais da história. Mas, como eu já previa, estou realmente assistindo a atmosfera que envolvia aquele fórum nos dias marcados pelo júri dos assassinos de Isabela. O povo vaiando os réus e seu advogado, a tensão do experiente promotor, o árduo trabalho dos profissionais da imprensa improvisando o possível e o impossível para garantir a melhor cobertura, enfim todos os nervos, inclusive os da autora, aflorados.
Só pra formalizar, mesmo sem ter concluído a leitura, já indico pra quem gosta de tensão ou simplesmente pra quem se interessa pelo tema. Tentarei ler num ritmo menos acelerado do que o de costume, pois se não me controlar sairei desenfreada página a página sedenta pelo final. E como é sempre bom esclarecer, o livro não é escrito para jornalistas ou para profissionais da área jurídica, mas para todos aqueles que, assim como eu, gostariam de ter visto de perto o que aconteceu naquele Tribunal.
Não sei quando começou meu interesse por crimes de repercussão – como gosto de chamar esses casos -, no entanto é fato que ele se aguçou a partir da idéia de escrever sobre uma história que aconteceu aqui na Bahia há quase 10 anos. Quando eu e Kelly resolvemos produzir um livro-reportagem sobre o caso Lucas Terra – jovem de 14 anos, queimado vivo por integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus - passamos a devorar tudo que aparecia em nossa frente sobre outras histórias semelhantes, no que diz respeito à cobertura jornalística. Eu me lembro das noites que passei em claro impressionada com as coisas que lia sobre crimes e assassinos bárbaros. Sem falar nas inúmeras horas de entrevista que causavam um cansaço mental sem igual, no desgaste emocional provocado pelas repetidas idas a Catedral da fé, na abdicação do lazer e nos atrasos ao trabalho gerados pelas demoradas consultas aos processos. Mas, não posso negar que sentia um prazer em tudo aquilo e vivia uma onda de devoção doentia ao tema.
Nesse contexto, não era de se estranhar que eu estivesse acompanhando até a última linha o Caso Nardoni. Eu já havia lido e visto as principais notícias sobre o crime, a perícia, o julgamento e consigo me lembrar exatamente onde eu estava um pouco depois da meia noite do dia 27 de março, momento em que a Rede Globo interrompeu sua programação para transmitir ao vivo a leitura da sentença dos réus. Fui até a frente da televisão, a condenação já era esperada, mas meu arrepio foi inevitável. Mais uma vez, eu quis estar exatamente naquele plenário para viver o que acontecia ali.
Aquela altura eu já sabia que Ilana Casoy, uma especialista há anos em crimes violentos, escrevia um livro no qual ela se comprometeria a contar tudo que acontecia naquele julgamento. Isto porque, no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos – morro de inveja disso - , os júris não podem ser televisionados. Eu conhecia a narrativa de Ilana, pois seu livro sobre o caso Richthofen fez parte da bibliografia do meu trabalho de conclusão de curso e por isso não tinha dúvidas de que ela me colocaria sentada dentro daquele Tribunal através de seu texto. Dito e certo.
Ontem, Ilana esteve aqui em minha cidade, na Livraria Saraiva, para o lançamento de A prova é a testemunha(Larousse). Eu e minha companheira de aventuras jornalísticas, acompanhadas de nosso padrinho literário, Eduardo Dorea, fomos até lá. Nosso objetivo era, além de ter um exemplar com dedicatória da autora, entregar a ela nosso livro sobre o caso Lucas Terra. Graças a Dorea, Ilana já sabia da existência de nossa produção e, bastante simpática, nos disse que iria ler nosso material. A autora começou um bate papo que durou até as 22h, quando fomos informados de que a livraria precisava fechar. E eu pensei: porque ninguém teve a idéia de criar livrarias 24h?
No caminho de volta pra casa, não conseguíamos falar sobre outra coisa que não fosse o Caso Nardoni e eu, como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo, mal continha meu desespero em ler o livro. Eu já tinha lido a orelha e uma parte do prefácio em pé, enquanto esperava as despedidas.
Hoje só não me dediquei exclusivamente à leitura por falta de tempo e não de vontade. Ainda experimento as seqüências iniciais da história. Mas, como eu já previa, estou realmente assistindo a atmosfera que envolvia aquele fórum nos dias marcados pelo júri dos assassinos de Isabela. O povo vaiando os réus e seu advogado, a tensão do experiente promotor, o árduo trabalho dos profissionais da imprensa improvisando o possível e o impossível para garantir a melhor cobertura, enfim todos os nervos, inclusive os da autora, aflorados.
Só pra formalizar, mesmo sem ter concluído a leitura, já indico pra quem gosta de tensão ou simplesmente pra quem se interessa pelo tema. Tentarei ler num ritmo menos acelerado do que o de costume, pois se não me controlar sairei desenfreada página a página sedenta pelo final. E como é sempre bom esclarecer, o livro não é escrito para jornalistas ou para profissionais da área jurídica, mas para todos aqueles que, assim como eu, gostariam de ter visto de perto o que aconteceu naquele Tribunal.
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