Fui ao cinema esta semana assistir ao recomendadíssimo Além da Vida (Hereafter), de Clint Eastwood, com Matt Damon. Achei que sairia satisfeitíssima da minha poltrona, já que adoro o cineasta e o ator, mas, o filme não me intrigou tanto quanto eu esperava. E as outras pessoas que me acompanhavam na sessão, também tiveram a sensação de que Além da Vida, assim como o próprio mistério que tematiza o filme, deixava algo a desejar.
Primeiramente é preciso destacar que o filme, em aspectos técnicos, me pareceu digno de Oscar. Ok, como gosto de esclarecer, não sou nenhuma cinéfila, mas tenho o mínimo de percepção de qualidade. A fotografia é muito boa para um longa com cenas em Londres, São Francisco, Paris e uma cidade da Tailândia, que possuem cores tão diferentes. Os planos são densos, há silêncio e uma bela trilha sonora, exatamente como eu gosto. Por isso, os predicados a esses aspectos são inegáveis.
Existem no filme três histórias: uma muito boa brilhantemente interpretada por irmãos gêmeos (Frankie e George McLaren), dos quais não me vem à cabeça referências de outros filmes. O menino tem uma ausência de sorrisos tão doída que acaba por segurar a onda da trama como a história mais emocionante. A segunda é mediana, na qual Matt Damon não mostra nada que eu não tenha visto em suas atuações anteriores, já que o ator se dá ao personagem do vidente que vê seu dom como maldição, na medida do convencimento e só. A terceira história, pra mim, seria dispensável. Tem como personagem central uma jornalista francesa (Cécile De France) em crise após uma experiência de quase morte, é o papel que dá os traços mais clichês da sequência.
Assim, o que mais me atraía ao filme, o fato de serem apresentadas três tramas paralelas, ficou meio desconectado. Sou fã dos chamados “filmes mosaicos”. Porém, ao contrário do que é possível perceber no premiado The Hours (2002) – filme no qual se entrelaçam dramas de três mulheres que vivem em contextos totalmente distintos – Estwood vai dando pistas aos poucos de que as três histórias estão ligadas e a trama vai se arrastando até um encontro muita graça e cheio de pieguice.
Por isso, a relação com a proximidade com a morte, que deveria juntar os três personagens principais, acaba por soar forçada. O desfecho decepciona. Uma trama com um caráter tão forte de ceticismo jamais poderia finalizar num longo beijo romântico de um casal e acaba sendo o suficiente para que eu saia insatisfeita do cinema. Um filme com bons pontos, mas que, no fim de tudo não diz a que veio.
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