domingo, 30 de janeiro de 2011

Falta algo além da vida

Fui ao cinema esta semana assistir ao recomendadíssimo Além da Vida (Hereafter), de Clint Eastwood, com Matt Damon. Achei que sairia satisfeitíssima da minha poltrona, já que adoro o cineasta e o ator, mas, o filme não me intrigou tanto quanto eu esperava. E as outras pessoas que me acompanhavam na sessão, também tiveram a sensação de que Além da Vida, assim como o próprio mistério que tematiza o filme, deixava algo a desejar.

Primeiramente é preciso destacar que o filme, em aspectos técnicos, me pareceu digno de Oscar. Ok, como gosto de esclarecer, não sou nenhuma cinéfila, mas tenho o mínimo de percepção de qualidade. A fotografia é muito boa para um longa com cenas em Londres, São Francisco, Paris e uma cidade da Tailândia, que possuem cores tão diferentes. Os planos são densos, há silêncio e uma bela trilha sonora, exatamente como eu gosto. Por isso, os predicados a esses aspectos são inegáveis.

Existem no filme três histórias: uma muito boa brilhantemente interpretada por irmãos gêmeos (Frankie e George McLaren), dos quais não me vem à cabeça referências de outros filmes. O menino tem uma ausência de sorrisos tão doída que acaba por segurar a onda da trama como a história mais emocionante. A segunda é mediana, na qual Matt Damon não mostra nada que eu não tenha visto em suas atuações anteriores, já que o ator se dá ao personagem do vidente que vê seu dom como maldição, na medida do convencimento e só. A terceira história, pra mim, seria dispensável. Tem como personagem central uma jornalista francesa (Cécile De France) em crise após uma experiência de quase morte, é o papel que dá os traços mais clichês da sequência. 

Assim, o que mais me atraía ao filme, o fato de serem apresentadas três tramas paralelas, ficou meio desconectado. Sou fã dos chamados “filmes mosaicos”. Porém, ao contrário do que é possível perceber no premiado The Hours (2002) – filme no qual se entrelaçam dramas de três mulheres que vivem em contextos totalmente distintos – Estwood vai dando pistas aos poucos de que as três histórias estão ligadas e a trama vai se arrastando até um encontro muita graça e cheio de pieguice. 

Por isso, a relação com a proximidade com a morte, que deveria juntar os três personagens principais, acaba por soar forçada. O desfecho decepciona. Uma trama com um caráter tão forte de ceticismo jamais poderia finalizar num longo beijo romântico de um casal e acaba sendo o suficiente para que eu saia insatisfeita do cinema. Um filme com bons pontos, mas que, no fim de tudo não diz a que veio.

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