Quem, assim como eu, resolveu ficar ilhado nesse final de ano, passou por poucas e boas. Isso porque, depois de ser eliminada de qualquer possibilidade de passar o réveillon em uma praia dessa capital - com meia dúzia de toldos armengados que o glorioso prefeito disponibilizou em cima da hora para os barraqueiros- eis que eu e mais três amigas mui queridas resolvemos celebrar a chegada do ano novo na Ilha . É fato que estávamos cientes de todos os contras que envolvem a travessia Salvador-Itaparica às vésperas de datas como o final do ano, mas, as outras opções eram tão no sense, que era preferível se lançar ao mar, a se manter na cidade sem ter o que fazer e acabar vendo a transmissão do Echanté no Multishow. Assim, lá fui eu, na noite do dia 30, tentar pegar um ferry boat, na esperança de chegar à ilha na madrugada do dia 31. Doce ilusão. A fila de carros que desejavam embarcar rumo ao outro lado da Baía de Todos os Santos ia desde o Terminal Marítimo de São Joaquim até a Igreja da Boa Viagem, totalizando cerca de 7 km, pra quem não conhece muito bem Salvador. Era desanimador, mas a esperança não nos fazia suspeitar que aguardaríamos nada menos que doze horas para conseguir entrar em um dos barcos disponibilizados pela TWB, única empresa que faz – muito mal feita - a travessia. Mesmo tendo consciência do fluxo de passageiros que utilizam os serviços nesse período, a concessionária age com extrema precariedade, causando um verdadeiro caos. Os ferries estão ultrapassados, nunca saem no horário e adoram bater – justo nessa época - em bancos de areia que estão lá, quietinhos, o ano inteiro no meio do mar. Enquanto isso, os funcionários estão quase sempre muito mal humorados e agindo como se estivessem fazendo favores a todos os usuários do serviço, que só sonham com a construção de uma bendita ponte para curtir em paz um mero final de semana. Isso sem falar que, ao chegar do outro lado, nem pensar em relaxar, porque falta água, luz, as estradas são verdadeiros convites aos acidentes, o lixo fica amontoado nas esquinas, o policiamento é precário e as exuberantes praias daquela península mais parecem que foram esquecidas pelo poder público. Vi lá muitos dos problemas que eu vejo cá, como se a Ilha não interessasse a mais ninguém, mesmo com mais 130 mil pessoas e os 20 mil veículos que foram transportados pelo sistema ferry boat. Ficamos todos ilhados pelos problemas gerados pela falta de estrutura da região, salvos apenas quando temos amigos que conseguem fazer com que a gente se divirta em qualquer situação - e eu tenho - , para fazer valer a pena e nada mais.
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