sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sem título


Ainda que eu tivesse justificativas mil, nenhuma serviria.

Porque veio como água da chuva, como chuvisco e virou tempestade, dessas que arrancam árvores do chão, dessas que parecem que vão devorar, dessas que passam e arrastam tudo, confundem tudo e deixam só o cheiro de terra molhada e a vontade de reerguer.

Porque quando me tem é como um mar que transborda transformando raso em fundo, salgando de saudades, revirando o que era calma pra alertar.

Porque quando em mim flui é como um rio que desliza na planície e encanta com sua dança, aquece com sua cerimônia e que dá o mais perfeito encaixe que leva ao infinito, que me enlouquece, me enobrece e me torna mais mulher.

Porque quando não está é como esse vento soprando baixinho, fazendo arrepiar, fazendo desesperar esperando um sinal, vento que varre tudo e deixa só o que quer.

Porque o gosto me preencheu por dentro de uma forma que busco por fora alguma coisa e não acho, de uma forma que nem sequer me preocupo em nada mais buscar.

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