Ao ler alguns sites de notícia essa semana, me senti no século XIX. Isto porque, tenho uma enorme dificuldade de entender a necessidade da manutenção dessa coisa de rei, rainha, príncipe, princesa, conde, duque, nos dias de hoje. Nada mais ultrapassado do que uma família se achar designada por Deus, a comandar seja lá o que for, em pleno ano de 2010. Tudo soa totalmente fora realidade. E, como disse o ator Ricardo Blat ontem no programa de Astrid, parece que tudo isso está acontecendo em Marte ou Júpiter.
Ela é filha de uma ex-aeromoça que graças a muito trabalho tornou-se dona – junto com o marido- de uma companhia aérea. Ele tem um pai que nunca precisou trabalhar de verdade porque nasceu no berço da nobreza britânica e, uma mãe que era considerada desajustada para ser integrante da família real e morreu em um estranho e mal explicado acidente de carro há alguns anos. Eles são Kate e William, dois jovens que preencheram os noticiários ao anunciarem seu noivado essa semana. Algumas manchetes apresentavam como título pra notícia: O Príncipe e a Plebeia. Pra virar a história da Cinderela, só faltou a madrasta, né? Dá pra acreditar?
A futura princesa, muito bem educada nos melhores colégios e frequentadora do alto círculo social britânico, cede sua discrição como garantia para entrar e não atrapalhar a calmaria da vida palaciana. Os tablóides não perderam tempo e foram resgatar colegas dos tempos de colégio de Kate para dar entrevistas jurando que a menina nunca foi vista bêbada, era capitã do time de hóquei e não aprontava nenhuma daquelas coisas que qualquer adolescente normal faz. Ou seja, ela está apta e agora podemos ter certeza que depois da meia-noite, Kate não vai virar abóbora.
Entretanto, como a noiva real não tinha fada madrinha e nem ratinhos para confeccionarem seu vestido ela usou, no anúncio oficial do seu noivado, um modelito de seda azul feito por uma estilista brasileira, o que já causou ciúme nos costureiros ingleses. Pra completar, ganhou de seu noivo um anelzinho básico de ouro branco com uma safira e rodeado de diamantes, que pertenceu a Lady Di (que também estava de azul quando ganhou o anel em seu noivado há quase 30 anos). Mas, caso Kate não esqueça algum sapatinho de cristal em um lugar qualquer que desagrade Sua Majestade Elizabeth II, ela não terá o mesmo fim trágico da última proprietária do anel.
Como, embora pareça, não estamos em um conto de fadas da Disney e em nenhuma parte do mundo, nem mesmo num país onde há súditos e reis, alguém quer perder uma oportunidade de ganhar dinheiro, o enlace já está aquecendo a economia da terra da rainha. Analistas dizem que apenas a venda de suvenires do tipo canequinhas com a cara do casal (sim, as pessoas querem tomar o chá olhando pra cara daquele menino insosso), pode gerar 20 milhões de dólares e o setor de turismo deve estar tão feliz e ansioso como a mãe da noiva, já que espera faturar 80 milhões com esse evento.
Nessa história toda, grupos anti-monarquia - a galera “do contra”- estão fazendo campanha pra que a família real pague a conta do casamento, até porque os nobres têm mania de fazer com que os cidadãos banquem através de impostos as festinhas privadas que rolam nos palácios do reino. Enquanto isso, não é difícil encontrar na internet previsões de metres e sábios orientais alertando que o casamento só será duradouro se a futura princesa tomar um “Boa noite Cinderela” e fechar os olhos, porque o herdeiro do trono não será nada fiel, como vive acontecendo por aí em famílias reais da realidade e não da realeza.
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