Desde que começou a exaustiva repetição das cinematográficas imagens de dezenas de homens fortemente armados migrando de uma comunidade para a outra em carros, motos ou a pé, dando mais uma amostra do quanto é realmente organizado o crime nas favelas cariocas, não faltaram coletivas de comandantes cheios de estrelas e frases de efeito, além de comentários de antropólogos, sociólogos e outros acadêmicos em bancadas de telejornais. As Forças Armadas fizeram questão de exibir seus blindados, tanques de guerra, óculos para visão noturna e atiradores de elite que seriam usados na grande operação para exterminar os homens que, reza a lenda, não deixam a Cidade Maravilhosa em paz. Tudo bem faraônico, bem surreal, bem com cara de roteiro de cinema.
Porém, ainda que todo mundo tenha uma opinião sobre o que está acontecendo no RJ, ainda mais em tempos de Tropa de Elite 2, e muita gente esteja batendo palmas para as ações das não sei quantas polícias envolvidas nessa história, não é possível que as pessoas queiram ser inocentes a ponto de achar que isso tudo acabará bem, como em um filme Hollywood. Ou que existem mocinhos e bandidos numa situação que pode ser caracterizada por tudo, menos pelo maniqueísmo. Ou alguém aí acha que a polícia e os políticos não tem nada a ver tráfico?
Dizem que as ações foram comandadas da cadeia pelos grandes personagens do narcotráfico no Brasil, mas ninguém se pergunta qual estrutura assegura que eles consigam de dentro de presídios de segurança máxima, comandar essas ações. Nenhuma fonte oficial sabe explicar como aqueles homens conseguem ter armas que só mesmo o exército poderia ter. Ou como suas mulheres estavam morando em mansões e dirigindo carrões. Onde estava o serviço de inteligência da polícia enquanto todos esses homens construíam seus impérios? E não é muita coincidência que tudo isso esteja acontecendo logo após a reeleição do governador do Rio? Ao assistir as notícias alguém se pergunta o que significaria os 30 mil dólares encontrados ontem, na mochila de uma criança? Pois é, parece que, contrariando o ditado, o buraco é bem mais em cima.
Mas tudo bem, o presidente em fim de gestão, disse de lá da Guiana que apóia qualquer coisa. Que ótimo, né? Assim fica bem mais fácil. Enquanto isso o tal comandante geral da PM carioca disse essa manhã, em mais um de seus momentos de glória no estilo Capitão Nascimento, que vai levar a liberdade (?) ao Complexo do Alemão e que a operação até agora está sendo um sucesso. Porém, qualquer pessoa sensata, mesmo sem ter sido treinada ou sem ter estudado para desvendar ou desenvolver estratégias relacionadas à associações criminosas, sabe que essa história de fazer busca minuciosa em um lugar que abrange oito favelas e tem cerca de 420 mil moradores, não vai dar certo. E que, no fim das contas, a polícia está só sendo autorizada a fazer o que já faz todos os dias: invadir as casas das pessoas e matar indiscriminadamente num país onde, ainda que existisse pena de morte, as pessoas precisariam ser julgadas antes de executadas.
A verdade é que lá no fundo o problema não é a fuga, o tráfico ou as armas. O caldeirão que é hoje o Rio e outras cidades do Brasil é fruto de um problema que não se resolve com metralhadora, carro blindado ou pronunciamento em coletiva de imprensa e que, também não começa na favela, nem no comércio da cocaína ou da maconha. Mas, como sabemos, contado assim fica muito menos trabalhoso.
Porém, ainda que todo mundo tenha uma opinião sobre o que está acontecendo no RJ, ainda mais em tempos de Tropa de Elite 2, e muita gente esteja batendo palmas para as ações das não sei quantas polícias envolvidas nessa história, não é possível que as pessoas queiram ser inocentes a ponto de achar que isso tudo acabará bem, como em um filme Hollywood. Ou que existem mocinhos e bandidos numa situação que pode ser caracterizada por tudo, menos pelo maniqueísmo. Ou alguém aí acha que a polícia e os políticos não tem nada a ver tráfico?
Dizem que as ações foram comandadas da cadeia pelos grandes personagens do narcotráfico no Brasil, mas ninguém se pergunta qual estrutura assegura que eles consigam de dentro de presídios de segurança máxima, comandar essas ações. Nenhuma fonte oficial sabe explicar como aqueles homens conseguem ter armas que só mesmo o exército poderia ter. Ou como suas mulheres estavam morando em mansões e dirigindo carrões. Onde estava o serviço de inteligência da polícia enquanto todos esses homens construíam seus impérios? E não é muita coincidência que tudo isso esteja acontecendo logo após a reeleição do governador do Rio? Ao assistir as notícias alguém se pergunta o que significaria os 30 mil dólares encontrados ontem, na mochila de uma criança? Pois é, parece que, contrariando o ditado, o buraco é bem mais em cima.
Mas tudo bem, o presidente em fim de gestão, disse de lá da Guiana que apóia qualquer coisa. Que ótimo, né? Assim fica bem mais fácil. Enquanto isso o tal comandante geral da PM carioca disse essa manhã, em mais um de seus momentos de glória no estilo Capitão Nascimento, que vai levar a liberdade (?) ao Complexo do Alemão e que a operação até agora está sendo um sucesso. Porém, qualquer pessoa sensata, mesmo sem ter sido treinada ou sem ter estudado para desvendar ou desenvolver estratégias relacionadas à associações criminosas, sabe que essa história de fazer busca minuciosa em um lugar que abrange oito favelas e tem cerca de 420 mil moradores, não vai dar certo. E que, no fim das contas, a polícia está só sendo autorizada a fazer o que já faz todos os dias: invadir as casas das pessoas e matar indiscriminadamente num país onde, ainda que existisse pena de morte, as pessoas precisariam ser julgadas antes de executadas.
A verdade é que lá no fundo o problema não é a fuga, o tráfico ou as armas. O caldeirão que é hoje o Rio e outras cidades do Brasil é fruto de um problema que não se resolve com metralhadora, carro blindado ou pronunciamento em coletiva de imprensa e que, também não começa na favela, nem no comércio da cocaína ou da maconha. Mas, como sabemos, contado assim fica muito menos trabalhoso.
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