terça-feira, 9 de novembro de 2010

Não pensar em nada é mais difícil do que pensar em qualquer coisa

Em quantas coisas você já pensou hoje? Desista. Você não vai mesmo conseguir contar. Porque a gente passa o tempo inteiro pensando em zilhões de coisas, até mesmo quando pensa que não está pensando em nada. É incrível. Todos recomendam que nossa mente entre em harmonia com nosso corpo. Mas o cérebro tem o costume de não deixar o corpo em paz, a ponto de querer tomar seu lugar e passar a sentir as coisas por ele, em vez de ficar lá quietinho na sua função de raciocinar. 

Nesse turbilhão descobri que estou sofrendo cada dia mais do mal denominado ansiedade. Essa coisa monstruosa que corrói a gente de dentro pra fora, empata nossas atividades mais triviais, dificulta nosso relacionamento com as outras pessoas, nos faz ter muita fome e pouco sono e, às vezes é tão assustadora quanto uma doença física, além de parecer só ter cura nos remédios de tarja preta que nos deixam meio lerdas o dia inteiro. Entretanto, eu tomei conhecimento que ansiedade pode ser amenizada se a gente tentar, por alguns minutinhos do dia, pensar um pouco menos. Mas, que tarefinha difícil, viu?

Soube que uma boa dica para não pensar em tanta coisa seria a gente tentar se concentrar e se imaginar como um gato a espreita pronto pra unhar o próximo pensamento que aparecer. Fixe nessa imagem e você conseguirá passar alguns segundos (talvez minutos) sem pensar em nenhuma outra coisa. É uma boa técnica para se desligar, mas não é o suficiente porque pra os outros pensamentos não chegarem você ainda precisa se manter só pensando no tal gato, qualquer escapulida e lá está um novo pensamento tomando conta do pedaço.

Lembro-me que no filme Comer, rezar, amar, que assisti há um mês com uma amiga, a protagonista Liz Gilbert viaja até a Índia em busca de paz espiritual (o “rezar” do título). Lá, longe da vida confortável que ela levava em Nova York, morando num mosteiro indiano onde ela tem que acordar antes do amanhecer, comer de mão e lavar diariamente o chão dos imensos salões do templo, a única atividade na qual Liz não obtém êxito é a meditação. Acreditem que ela, simplesmente não consegue se concentrar e desligar-se.

Pois é, esse ato de esvaziar a mente parece algo mais difícil do que a maioria dos trabalhos braçais e tudo por culpa da maldita ansiedade, que não serve pra nada além de encher nossa cabeça de pensamentos. Nesse mundo atolado de informação, no qual se torna quase impossível esperar por qualquer coisinha e tudo parece perda de tempo, o silêncio mental não é trabalho pra qualquer um. Haja habilidade e haja paciência, porque não pensar em nada é mais difícil do que pensar em qualquer coisa. Nas tentativas, vale focar atenção na respiração, sentir o ar entrando e saindo, mas ninguém garante que depois de cinco segundos você vai fazer com que sua cabeça viaje mais preocupada com o aluguel atrasado, os textos da faculdade, a festa do fim de semana ou o aquecimento global. 

Isto porque, aprendemos a pensar em tudo, menos a pensar em não pensar em nada. Que inveja eu tenho daquelas pessoas sentadas na posição de lótus longe desse mundo exterior que a gente vive! Ai que vontade de dizer: cala boca cérebro! E notar que ele obedeceu.

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