Não acompanho futebol, pra que tenham noção, nem mesmo na Copa do Mundo eu me visto de verde e amarelo e perco 90 minutos na frente da televisão, prefiro dormir durante as partidas. Não faço a mínima ideia do que é um escanteio ou um tiro de meta. Não tenho noção da diferença entre zagueiro e volante. Nunca pisei em um estádio em toda minha vida e sei mais da vida pessoal dos jogadores do que de sua trajetória no mundo da bola. Vale ressaltar que isso não tem a ver com aquela máxima de que futebol é coisa de homem, até porque, minha irmã caçula e minha mãe, assim como milhares de mulheres, sabem e acompanham tudo do esporte.
Ainda assim, resolvi escrever sobre a euforia que está tomando conta de Salvador hoje, devido a possibilidade do Esporte Clube Bahia, talvez voltar à série A do Campeonato Brasileiro, a depender do resultado de seu jogo contra a Portuguesa. É isso mesmo que vocês leram, não é final de campeonato, não é Copa do Mundo, não é nem primeira divisão, na equipe não há nenhuma ressureição de Garrincha ou algum aspirante a fenômeno. Mick Jagger ou Beyonce também não estarão no estádio. Mas o exército de tricolores está numa excitação sem fim.
Não pensem que digo isso porque não sou nem Povão e nem Bamor, ou porque tive que suportar meu vizinho ouvindo o hino do Esquadrão de Aço desde às 8 horas da manhã e nem pelas centenas de fogos de artifício que ouço daqui de casa. As manchetes dos jornais, as camisas, os bares, tudo transpira a expectativa da volta do Bahia a elite do futebol. As linhas de ônibus foram reforçadas e soube que os ingressos que custavam 20 reais, acabaram em sete horas e estão sendo vendidos pelos cambistas por nada menos que 150. Será que esse povo é louco? Não, louca devo ser eu que não sinto esse amor incondicional por um escudo.
Só acho que se os torcedores do Bahia tivessem nascido no Oriente Médio, certamente virariam homens-bomba pra morrer por suas nações, porque vivem o mesmo nível de fanatismo. Prova disso foi a recepção do time na última semana, a qual causou um transtorno gigantesco no aeroporto de Salvador e ainda foi marcada pelo roubo da mochila de um dos jogadores. Alguém teve a ideia de transformar essa odisseia em documentário? Porque as cenas são cinematográficas e eu soube que estão fazendo campanha na internet pra que devolvam o notebook que estava dentro da sacola.
Além disso, apesar de não ser fevereiro, foi divulgado que cinco trios desfilarão pela Orla da cidade (tenho pena de quem terá que passar por lá), caso o Baêa - como é carinhosamente chamado por seus seguidores - consiga a proeza de pelo menos empatar com o time paulista. A cantora Claudia Leite parou de falar um pouco sobre o Grammy Latino e disse que se pudesse iria chegar de helicóptero no meio do estádio para prestigiar o “seu” Bahia. Ricardo Chaves, já confirmou que puxará um dos trios.
Enquanto isso, a PM implora pra que os neuróticos apaixonados não invadam o estádio, como em novembro de 2007, quando o time passou da 3ª pra 2ª divisão após um empate de 0 x 0 com o Vila Nova. Nesse dia, enquanto a massa desvairada adentrava a Fonte Nova, arrancava bancos, placas e estava tão descontrolada a ponto dos jogadores terem que fugir correndo pra os vestiários, onze torcedores despencaram de uma altura de cerca de 15 metros e sete dessas pessoas morreram, marcando para sempre a história do estádio, que foi recentemente implodido.
Eu, aqui em casa fazendo tudo menos acompanhar essa maluquice toda, tento ficar fora dessa onda de orgulho e alucinação tricolor. Penso até na derrota do Bahia, só de sacanagem e só pra ser “do contra” mesmo.
BOOOOOOOOOOOOORA BAHIA!
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